CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

OLODUMARE




MAIS CURIOSIDADES SOBRE OLODUMARE .


Muito se fala sobre todos os orisa e pouco sobre seu criador. 

Temos que incluir Olodumare em nossas orações mesmo que ele tenha deixado como agentes de comunicação conosco : os orisa. 

Em IworiGbe Ifa diz : Bi adie bá mumi.A jiyan Olorun. Dia fún Adaba Susu. 

Tí nmomi ojú súráhùn omo. Bí adie bá mumi. A jiyan Olorun. Dia fún Oniyabe.

Se uma galinha bebe água, ela elogia ao criador Olodumare. 

Foi consultado Ifa para a pomba, quando desejava ter filhos . 

Se uma galinha bebe água, ela elogia a Olodumare. Foi consultado Ifa para o fazendeiro.

Em tudo que fazemos devemos dar o respeito a Olodumare, pois foi ele que nos fez surgir do nada como está explicado no odù OyekuGunda. Fazendo isso teremos certeza que ele estará do nosso lado , e somente aqueles que o tem ao seu lado pode ser auto suficiente. 

Somente Olodumare sabe nossas reais necessidades e nos dará elas de acordo com nossas necessidades e merecimento. 

Seguidores de Ifa devem ter isso em mente. Orunmila /Ifa é a voz de Olodumare e através dele assegura -se que seus seguidores não serão abandonados e viverão o bastante para desfrutar os frutos de seu trabalho. 

O itan odù OseIwori explica esse fato. 

Também em Odi Meji, Ifa diz que seus seguidores não terão uma morte intempestiva. : " Dia fun Mayami, tíí soso odù mereerin. 

Ejiogbe o nii fi Mayami tiè fún ikú pa.

Oyeju meji ò nii fi mayami tie fún Ikú pa.

Iwori Meji ò nii fi Mayami tie fún ikú pa.

Odi Meji o nii fi Mayami tie fún ikú pa.

Gbogbo iworo - nsope, mayami ifá lèmi nse o ."

" Foram quem lançaram Ifa para Mayami, ( não para mim )

A descendência dos quatro Odù,

Ejiogbe não deixara seu Mayami para a morte matar, Oyeku, Iwori, e Odi, disseram a mesma coisa. Todos seguidores de orisa , eu no núcleo inseparável de Ifa .

Desnecessário falar sobre a importância dos 4 primeiros odú. 

Enfim, Olodumare e Ifa , Ifa e Olodumare , àse onde se obtêm as respostas necessárias a condução da vida terrena e espiritual para sua total harmonia. 

Àse a todos.

Babalorisa Awo Ifa Ire Wole

terça-feira, 3 de setembro de 2019

CABAÇAS IGBÁ

  

IGBÁ — A UTILIZAÇÃO DA CABAÇA RITUALÍSTICA

A  cabaça  é  um  fruto  vegetal  com  larga  utilização  no  Candomblé.  

É  o  fruto  da cabaceira.  Inteira,  é  denominada  cabaça;  cortada,  é  cuia  ou  coité;  e  as  maiorias são denominadas cumbucas.

Nos  ritos  do  Candomblé,  sua  utilização  é  ampla,  tomando  nomes  diferentes  de acordo  com  o  seu  uso,  ou  pela  forma  como  é  cortada.  

Os  yorubas,  como  todos  os outros  povos,  aproveitavam  as  igbá  [cabaças]  como  vasilhas  para  uso  doméstico  e ritualístico. As cabaças, dependendo do seu uso, recebiam nomes diferentes:A  cabaça  inteira  é  denominada  Àkèrègbè¹,  a  cortada  em  forma  de  cuia  toma  o  nome  de  Ìgbá².  

A  cortada  em  forma  de prato  é  o  Ìgbájé

3,  ou  seja,  o  recipiente  para  a  comida;  a  cortada  acima  do  meio,  forma  uma  vasilha  com  tampa,  tomando o  nome  de  Ìgbase

4 ou  cuia  do  Àse,  e  é  utilizada  para  colocar  os  símbolos  do  poder  após  a  obrigação  de  sete  anos  de uma  Ìyàwó  como  a  tesoura,  navalha,  búzios,  contas,  folhas,  etc.  que  permitirão  à  pessoa  ter  o  seu  próprio  Candomblé. Ado

5  –  cabaças  minúsculas  são  colocadas  no  Sàsàrà  de  Omolu,  como  depósito  de  seus  remédios.  No  Ógó  de  Èsù,  uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos. 

6  Usa-se  uma  das  partes  da  cabaça  cortada  ao  meio,  e  colocada  na  cabeça  das  pessoas  a  serem  iniciadas  e  que  não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias.

Com  o  corte  ao  comprido,  torna-se  uma  vasilha  com  um  cabo,  chamada  de  cuia  do  Ìpàdé

7  e  serve  para  colher  o  material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas.Inteira  e  revestida  de  uma  rede  de  malha  será  o  Agbè

8,  instrumento  musical  usado  pelos  Ogans,  durante  os  toques  e cânticos.Uma  cabaça  com  o  pescoço  comprido  em  forma  de  chocalho  é  agitada  com  as  suas  sementes,  fazendo  assim  o  som  do Séré

9, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó. 

10  A  cabaça  inteira  em  tamanho  grande  substitui  nos  ritos  de  Àsèsè,  a  cabeça  de  uma  pessoa  que  morreu  e  que  por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu. Por  fim,  pode  ser  lembrado  que  a  cabaça  cortada  em  forma  de  vasilha  com  tampa  é  conhecida  como  Ìgbádu

11,  a  cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odù: Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.

ILUSTRAÇÕES: 


1  –  Akèrègbè  –  cabaça  de  bom tamanho  [30  a  50  cm],  servindo como vasilha paral iguido



2  –  Igbá  –  cabaça  cortada em   forma   de   cuia.      ÌGBÀ assentamento     de     Orixá; panela  onde  se  guardam  os objetos       sagrados       dos deuses e se faz o sacrifício.



3 – Ibajé –  cabaça cortada em forma de prato. Recipiente para a comida.



4  –  ÌGBASE  –  Cabaça cortada  acima  do  meio, formando    uma    vasilha com tampa





5  -  Ádo  -  pequena  cabaça  utilizada  para armazenar  pós  ou  remédios.  É  aquela que  se  vê  nas  figuras  de  Exu,  Osaniyn e Obaluaiye.





6  –  Cabaça  cortada ao meio.



7 – Cabaça do Ipade



8 – Agbé – Inteira e revestida de uma rede Xequere instrumento musical 





9 – Séré – cabaça com um longo e fino pescoço. Quando cortada ao meio, serve como uma concha. Quando inteira, serve como chocalho ritualístico para anunciar Xango, sendo chamada então de SÉRÉ Sángo



  10 – Cabaça Inteira  




11 – Igbadu




12 - Ahá - pequena cabaça servindo como copo ou xícara para tomar remédios e bebidas



13 - Ató - cabaça pequena e comprida, utilizada para guardar remédios




14 - Pòko - ou a metade superior ou a inferior de uma cabaça de forma oval




15 - Igbá kòtò - cabaça larga e alta, usada para guardar ÈkO [um bolo de milho] quente. Tem uma tampa que pode ser usada como funil.




16 - Koto - cabaça grande e larga, semelhante a um cesto em formato.




Na  religião  Yorùbá,  Igbás  (awọn  igbá)  são  assentamentos  de  orixá  (òrìṣà).  Um assentamento  é  uma  representação  do  orixá  (òrìṣà)  no  espaço  físico,  no  mundo, no  aìyé.  Sob  o  ponto  de  vista  sacro  não  existem  representações  humanas  de  orixá (òrìṣà).

A   religião  Yorùbá   não   tem   imagens   para   representar   suas   divindades,   o   que representa   uma   divindade   é   o   seu   Igbá,   ao   olharmos   um   Igbá   é   como   se estivéssemos  olhando  para  a  divindade.  Secularmente  existem  representações  em forma  de  desenhos  e  esculturas  mas  que  são  frutos  apenas  de  criatividade  de artistas e não tem uso sacro.

Os   orixá   (awọn   òrìṣà)   são   adequadamente   representados   por   símbolos   e grafismos  próprios  de  cada  um  e  por  extensão  por  outros  elementos  como  folhas,  arvores,  favas  e  contas.  

Mas  o  Igbá  é a sua representação mais adequada.Vale  refazer  a  afirmação,  já  explicada  em  outro  material,  de  que  o  orixá  (òrìṣà)  não  são  elementos  da  natureza,  assim “olhar”  o  vento  não  significa  olhar  para  oya,  olhar  uma  pedra  não  significa  olhar  para  Xango  (ṣàngó),  olhar  para  o  mar não significa olhar para yemoja, etc..

O  mesmo  sentimento  que  um  católico  tem  ao  olhar  para  uma  imagem  de  um  santo  em  sua  igreja  e  altar,  o  povo  de santo  tem  ao  olhar  para  um  igbá.  

É  muito  comum  as  pessoas,  nos  seus  quartos  de  santo,  “vestirem”  seus  Igbá  com suas  roupas  de  orixá  (òrìṣà)  como  se  fosse  o  próprio  orixá  (òrìṣà).  Contudo,  igbá  são  de  acesso  muito  restrito,  de  uso exclusivamente sacro e ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos.

Dessa  maneira,  cada  Igbá  representa  uma  divindade  através  de  um  continente  (Vaso,  invólucro,  recipiente)  e  seu conteúdo,  e  esse  conjunto,  continente  e  conteúdo  é  específico  de  cada  divindade.  

Esses  continentes  podem  ser  de porcelana  (substituindo  cabaças),  barro  ou  madeira  e  serão  empregados  distintamente  para  cada  divindade  que  ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias e alguidares.

O  iniciado  no  seu  processo  de  feitura  (que  é  distinto  de  uma  iniciação  mas  muitas  vezes  essas  expressões  se confundem)  poderá  receber  um  ou  vários  Igbá,  dependendo  do  seu  status  na  religião  e  da  própria  tradição  da  casa  em conduzir este ritual.Mas  o  igbá  não  é  o  orixá  (òrìṣà)  no  aìyé.  Essa  religião  não  coloca  um  orixá  (òrìṣà)  dentro  de  uma  sopeira,  não  é  uma religião  animista.  

O  igbá  representa  apenas  a  ligação  entre  os  2  espaços,  o  espaço  físico  aìyé  e  o  espaço  espiritual  o Orun  (ọ̀run).  É  uma  “ponte”  entre  os  2  espaços.  Sua  função  não  é  trazer  o  orixá  (òrìṣà)  para  o  aìyé  porque  os  orixá (òrìṣà)  já  estão  presentes  em  nossa  vida  o  tempo  todo,  não  existe  secularismo  na  religião.  

Sua  função  é  completamente ritualística.O  igbá  é,  de  fato,  dentro  de  toda  a  religião  Yorùbá  uma  dos  elementos  mais  importantes  e  significativos  por  traduzir  a contínua  relação  entre  o  Orun  (ọ̀run)  e  o  aìyé.  Ele  representa  o  reconhecimento  da  existência  do  espaço  espiritual,  o Orun  (ọ̀run),  e  a  ligação  perene  que  existe  entre  os  2  espaços  (ọ̀run-aìyé)  na  forma  de  um  contínuo  duplamente alimentado  e  da  circulação,  transformação  e  reposição  de  axé  (àṣẹ).  


Dessa  maneira  o  seu  valor  não  esta  somente  na sua existência como instrumento ritualístico, como foi ressaltado no início, mas também no que ele representa.

Toda  religião  tem  símbolos  e  simbolismos.  Uma  cruz  para  os  católicos  representa  muito  também:  todo  o  significado  da paixão  e  do  sacrifício  de  Jesus.  

Assim  esse  símbolo  traduz  em  sí  muito  mais  do  que  somente  a  lembrança  da crucificação  de  Jesus  e  sim  um  todo  da  sua  doutrina,  poderíamos  falar  muito  apenas  olhando  para  uma  cruz.  O  mesmo vale  para  um  Igbá.  

Nada  é  mais  sagrado  por  sí  só  pelo  seu  uso  e  nada  pode  traduzir  tanto  da  doutrina  que  cobre  a religião Yorùbá como o entendimento da sua função.

O  Igbá  é  uma  manifestação  de  Fé,  e  por  isso  um  reconhecimento  de  nossa  Fé  na  religião.  

De  acordo  com  a  metafísica Yorùbá,  para  tudo  que  existe  no  aìyé  existe  um  duplo  no  Orun  (ọ̀run).  

O  Igbá  é  um  elemento  de  ligação  entre  essas  2 porções  e  um  instrumento  de  concentração  de  energia.  

É  usado  para  nos  ligarmos  às  divindades,  liga  o  físico  à dimensão espiritual, a dimensão aìyé à dimensão Orun (ọ̀run)


ASSENTAMENTO-IGBÁ



Na religião Yorùbá, Igbás (awọn igbá) são assentamentos de orixá (òrìṣà). 

Um assentamento é uma representação do orixá (òrìṣà) no espaço físico, no mundo, no aìyé. Sob o ponto de vista sacro não existem representações humanas de orixá (òrìṣà).


A religião Yorùbá não tem imagens para representar suas divindades, o que representa uma divindade é o seu Igbá, ao olharmos um Igbá é como se estivéssemos olhando para a divindade. Secularmente existem representações em forma de desenhos e esculturas mas que são frutos apenas de criatividade de artistas e não tem uso sacro.

Os orixá (awọn òrìṣà) são adequadamente representados por símbolos e grafismos próprios de cada um e por extensão por outros elementos como folhas, arvores, favas e contas. Mas o Igbá é a sua representação mais adequada.

Vale refazer a afirmação, já explicada em outro material, de que o orixá (òrìṣà) não são elementos da natureza, assim “olhar” o vento não significa olhar para oya, olhar uma pedra não significa olhar para Xango (ṣàngó), olhar para o mar não significa olhar para yemoja, etc..

O mesmo sentimento que um católico tem ao olhar para uma imagem de um santo em sua igreja e altar, o povo de santo tem ao olhar para um igbá. É muito comum as pessoas, nos seus quartos de santo, “vestirem” seus Igbá com suas roupas de orixá (òrìṣà) como se fosse o próprio orixá (òrìṣà). Contudo, igbá são de acesso muito restrito, de uso exclusivamente sacro e ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos.

Dessa maneira, cada Igbá representa uma divindade através de um continente (Vaso, invólucro, recipiente) e seu conteúdo, e esse conjunto, continente e conteúdo é específico de cada divindade. Esses continentes podem ser de porcelana (substituindo cabaças), barro ou madeira e serão empregados distintamente para cada divindade que ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias e alguidares.

O iniciado no seu processo de feitura (que é distinto de uma iniciação mas muitas vezes essas expressões se confundem) poderá receber um ou vários Igbá, dependendo do seu status na religião e da própria tradição da casa em conduzir este ritual.

Mas o igbá não é o orixá (òrìṣà) no aìyé. Essa religião não coloca um orixá (òrìṣà) dentro de uma sopeira, não é uma religião animista. O igbá representa apenas a ligação entre os 2 espaços, o espaço físico aìyé e o espaço espiritual o Orun (ọ̀run). É uma “ponte” entre os 2 espaços. Sua função não é trazer o orixá (òrìṣà) para o aìyé porque os orixá (òrìṣà) já estão presentes em nossa vida o tempo todo, não existe secularismo na religião. Sua função é completamente ritualística.

O igbá é, de fato, dentro de toda a religião Yorùbá uma dos elementos mais importantes e significativos por traduzir a contínua relação entre o Orun (ọ̀run) e o aìyé. 

Ele representa o reconhecimento da existência do espaço espiritual, o Orun (ọ̀run), e a ligação perene que existe entre os 2 espaços (ọ̀run-aìyé) na forma de um contínuo duplamente alimentado e da circulação, transformação e reposição de axé (àṣẹ). 

Dessa maneira o seu valor não esta somente na sua existência como instrumento ritualístico, como foi ressaltado no início, mas também no que ele representa.

Toda religião tem símbolos e simbolismos. Uma cruz para os católicos representa muito também: todo o significado da paixão e do sacrifício de Jesus. 

Assim esse símbolo traduz em sí muito mais do que somente a lembrança da crucificação de Jesus e sim um todo da sua doutrina, poderíamos falar muito apenas olhando para uma cruz. 

O mesmo vale para um Igbá. Nada é mais sagrado por sí só pelo seu uso e nada pode traduzir tanto da doutrina que cobre a religião Yorùbá como o entendimento da sua função.

O Igbá é uma manifestação de Fé, e por isso um reconhecimento de nossa Fé na religião. De acordo com a metafísica Yorùbá, para tudo que existe no aìyé existe um duplo no Orun (ọ̀run). O Igbá é um elemento de ligação entre essas 2 porções e um instrumento de concentração de energia. É usado para nos ligarmos às divindades, liga o físico à dimensão espiritual, a dimensão aìyé à dimensão Orun (ọ̀run).

O objetivo de um Igbá é potencializar a ligação Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) sendo o instrumento que no aìyé representa o duplo do Orun (ọ̀run). O Igbá esta vinculado diretamente à uma pessoa no aìyé mas não a representa e sim ao duplo do Orun (ọ̀run). Como já foi dito ele não armazena um orixá (òrìṣà), ele não é uma lâmpada mágica que esfregamos para dali sair um orixá (òrìṣà). Ele é a ponte de ligação direta entre o aìyé e o Orun (ọ̀run) entre o iniciado no aìyé e suas energias e divindades no Orun (ọ̀run).

Um dos principais usos que se dá a ele é receber os Ebós (ẹbọ), que são sacrifícios de todo o tipo, entendendo que o sentido de sacrifício na religião não envolve o uso de sangue em sí. Um sacrifício por ser qualquer oferenda que vai se converter em axé (àṣẹ). Um Obi é um sacrificio, um Acaça é um sacrifício e pode substituir um boi.

Esse aspecto de participar ativamente de Ebós (ẹbọ) é uma finalidade muito importante, mas não imprescindível. Não se precisa de uma Igbá para fazer uma oferenda, mas, todo sacerdote tem e usa os seus para isso. Isso tem todo o sentido, sendo o Igbá um elemento de ligação ou de potencialização dessa ligação como esta sendo dito realizar isso junto a eles é fazer esse instrumento funcionar.

Em outro material esta muito bem explicado essa questão do Ebós (ẹbọ) mas é importante lembrar que um Ebós (ẹbọ), uma oferenda é um parte de um processo de transmissão e reposição de axé (àṣẹ) e os elementos utilizados são transmutados em energia, em axé (àṣẹ).

Dessa maneira ao se fazer isso através de um Igbá esta se fazendo chegar ao duplo do Orun (ọ̀run) referenciado por aquele Igbá a transmutação da energia dos elementos afins a ele que foram usados no sacrifício.

O ponto que esta sendo ressaltado é que o Igbá em um Ebó (ẹbọ) é o instrumento que direciona, potencializa e agiliza a este ase chegar ao Orun (ọ̀run). O Igbá não é um instrumento para “alimentar” o iniciado no aìyé.O Igbá pode ser coletivo ou individual. Quando coletiva chama-se Ajobó (ajọbọ) e liga uma comunidade a sua comunidade espiritual, ao coletivo que ela representa e a divindade que a protege. Quando individual liga a pessoa ao seu reflexo no Orun (ọ̀run).


Do que é feito um Igbá?

O Igbá é feito usando materiais que estão ligados à divindade que ele representa. Assim o material e o seu conteúdo ajudam a estabelecer a relação, devendo ser utilizados sempre elementos completamente afins com a divindade e que traduzem a matéria original do Orun (ọ̀run). 

Conhecer essas relações e afinidades é parte do aprendizado de um iniciado durante sua vida e somente aqueles que as conhecem terão verdadeiro sucesso no seu trabalho ritualístico.O principal elemento dentro de um Igbá é a pedra, o okuta. Acima de todos os demais componentes ela receberá todo o trabalho ritual de preparação e por essa razão muitos dizem que é a única coisa importante, todo o demais é apenas decorativo. O pedra para os Yorùbá significa a longevidade a existência perene.

Os demais elementos fazem parte do enredo do orixá (òrìṣà) de maneira que não são apenas decorativos. Entretanto muitos itens que são colocados em um igbá pode ser meramente decorativos.

Os demais elementos em um Igbá variam entre metais, favas, folhas e outros materiais que remetem ao orixá (òrìṣà) original. O elemento escolhido para o continente do Igbá também terá relação direta com ele. Tudo dentro de um Igbá é feito para traduzir a matéria original do Orun (ọ̀run) que foi materializada no aìyé através do iniciado ou da comunidade que o Igbá representará.

A escolha de cada elemento depende de para quem será feita a ligação. Cada orixá (òrìṣà) tem os seus elementos correspondentes no aìyé. Adornos e enfeites exteriores que apenas agradam ao ego de quem faz não ajudam nisso. O importante são as folhas, as favas, os metais e outros elementos genéricos como os búzios. 

Entendo que moedas, muito presentes, deveriam ser representadas apenas pelos búzios, que eram dinheiro, mas muita gente coloca mais como um desejo de prosperidade do que um elemento de ligação de fato. O material do recipiente externo é escolhido entre algumas opções. 

A cabaça é substituída pela porcelana branca para os orixá (òrìṣà) fun fun, o barro e excepecionalmente a madeira para um orixá (òrìṣà) específico. As cores desses materiais e elementos decorativos vão compor esse conjunto de forma harmoniosa. Para os caso das cores existe muita criativade. Os Yorùbá reconhecem apenas 3 cores, o branco, o vermelho e o preto. 

Todas as demais cores são elementos de uma dessas 2 famílias e as representam da mesma maneira. Assim o verde e o azul são elementos da cor preta. 

O amarelo do vermelho e por assim vai.Todo Igbá individualizado é composto de um recipiente com tampa (continente) contendo a pedra, okuta, o núcleo do Igbá e os demais elementos com água, óleos e outros elementos líquidos. O igbá sem tampa são usados em assentos coletivos, não individualizados, eventualmente casas e axé (àṣẹ) podem fazer variações disso.

O vínculo Ọrun-aìyé

Uma questão importante quando falamos de Igbá é o que ele traduz de fato e a questão de a quem pertence e o que ele traduz . Como explicado, já extensivamente, é um elemento de ligação e pode ser coletivo ou individualizado, mas, como explicado nunca é o orixá (òrìṣà) no aìyé.
Os aspecto coletivo-indivíduo também é uma das características marcantes da ritualística da religião. Estamos todo o tempo lidando com essas 2 faces do divino que é coletivo como todo o divino, mas, para os iniciados, os sacerdotes totalmente individualizado em sua manifestação.

O exemplo mais individualizado possível do divino é o doIgbá ori. Nada é mais próprio, pessoa e individualizado do que um Igbá Ori. Seguindo o que repetimos a exaustão, oIgbá é a representação no aìyé do duplo no Orun (ọ̀run), o ori no Orun (ọ̀run) a divindade pessoal, que esta no Orun (ọ̀run) e nos protege, guia nossos passos, abre e fecha nossos caminhos e esta acima de qualquer orixá (òrìṣà) em nossa vida. Não representa o Ori que está no aìyé uma vez que esta resida na própria pessoa. Usamos o Igbá ori para chegar ao Ori no Orun (ọ̀run) o duplo por excelência. No processo que chamamos de Bori a oferenda ao Ori, o processo de reposição de axé (àṣẹ), duas entidades serão alimentadas com axé (àṣẹ) o duplo do Orun (ọ̀run) e o Ori que esta no aìyé.

O Igbá Ori nesse processo e durante o processo, é criado e é por excelência o elemento fundamental na execução de um Bori mas pode não mais existir após a sua execução. Uma vez realizado o Bori ele pode ser desfeito, despachado junto com os demais elementos utilizados e oferecidos. Contudo nada impede, como provavelmente na maior parte das vezes, ele ser preservado, o tornando mais perene e forte o vínculo Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) .

É claro que esse vínculo não se perde quando despachamos o Igbá, da mesma forma que nenhum vínculo de desfaz quando despachamos um Igbá ou não o temos. O Igbá é um instrumento de intensificação disso a ser criado e usado por que sabe o que esta fazendo.

Na tradição do Candomblé onde o culto ao Ori se manteve sempre presente e importante não se faz um Bori sem que seja criada a representação no aìyé do Ori. Não me interessa tratar aqui da forma como outras tradições religiosas da mesma base fazem isso porque muitas delas não o faziam e adotaram tardiamente copiando o que viam ou ouviam falar e muito menos o que tradições africanas que perderam a sua origem no processo de cristianização e islamização tendo que buscar em literatura suas origens. No Candomblé sempre foi feito assim.

Dessa maneira o Igbá Ori é um exemplo vivo, conhecido e forte do que foi dito aqui sobre o que é um Igbá, sua finalidade, seu uso e aplicação prática.Voltando ao ponto do coletivo individual, no caso dos orixá (òrìṣà), na feitura de um olorixá o processo de ritual é todo voltado para a individualização. Assim, se inicia com o genérico que é o orixá (òrìṣà) e se faz a individualização deste através da ligação Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) para a pessoa, e isso é realizado no momento em que se cria a ligação Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) através do Igbá. 

Os animais que serão usados, os elementos colocados e dispostos, a ritualística de elaboração. Uma determinada qualidade será feita com o okuta indo ao fogo, etc... A individualização nascerá nesse momento e oIgbá por excelência é a marcação desse caminho, distinguindo assim um assento coletivo de um assento individual através da ligação Ori-okuta. O processo de individualização passará pela ritualística e também por materiais, metais, favas e folhas, específicos daquele orixá (òrìṣà) para aquela pessoa.

Já o orixá (òrìṣà) genérico será ligado através do Igbá genérico aquele que não passará pelo processo de individualização.

Dito isso voltamos ao ponto de que um Igbá òrìṣà criado dentro do processo de feitura não é um Igbá genérico ou coletivo, ele foi individualizado através da ligação Ori-okuta e sempre estará ligado aquele Ori.

Dentro da ritualística devemos lembrar que a pessoa é preparada para ser ele próprio o receptáculo do orixá (òrìṣà), o seu Igbá vivo. Um Ìyawó é um Igbá vivo do seu orixá (òrìṣà). O Igbá físico complementa isso ligando não mais o orixá (òrìṣà) genérico mas sim o orixá (òrìṣà) individualizado no Ìyawó ao orixá (òrìṣà) origem no Orun (ọ̀run) através de uma ligação individualizada, do Igbá individualizado.

Esse aparato físico ritualizado na iniciação deixa de ser matéria ordinária, barro, metal, ou fava e passa a constituir o caminho metafísico para o orixá (òrìṣà). Mas também não é mais uma ponte para o axé (àṣẹ) genérico do orixá (òrìṣà) e sim a sua fisicalização individualida naquele Ìyawó. 

Assim temos 2 caminhos, o caminho coletivo e genérico e o caminho individualizado. Os Igbá são os instrumentos de amplificação dessa relação entre os 2 espaços e o acesso ao ase de cada orixá (òrìṣà). Todo o processo de equilíbrio e restituição de axé (àṣẹ) passara por eles para ir ao duplo no Orun (ọ̀run) e retornar no aìyé para quem necessita.

Uma pessoa não será dependente de seus Igbá. 

Acima de tudo a relação desses espaços sempre existirá e jamais estamos não assistidos. Podemos não ter o instrumento de amplificação mas sempre teremos nosso ori e todos os orixá (òrìṣà).

A quem pertence um Igbá?

Um Igbá ori é tão pessoal que jamais deveria ser mantido no Ile, longe de seu dono. 

Esse Igbá é completamente individualizado uma vez que não encontraremos no Orun (ọ̀run) um Ori coletivo mas sempre individual de forma que ele e só tem sentido e utilidade pelo seu próprio dono. 

Deveria assim estar junto da pessoa na sua casa. Nos casos em que essa pessoa não tem condições de mantê-lo em casa o Ilê Axé (Ilé àṣẹ) é o lugar natural.


O problema sempre surge em relação aos Igbá de orixá (òrìṣà) que despertam grandes paixões. Esta é uma religião praticada em torno dos orixá (òrìṣà) e seu culto assume demais importância. Deveria ser um culto ao Ori, a família e a ancestralidade mas o culto ao orixá (òrìṣà) assume proporções muito grandes.
Uma pessoa durante o seu processo de iniciação poderá receber um ou muitos Igbás, tudo depende da tradição da casa. 

Eu entendo que o mínimo que uma pessoa deve ter após sua iniciação seria, o seu igbá ori (que já deveria existir bem antes, muito antes da pessoa se iniciar), o Igbá do seu orixá (òrìṣà) e o Igbá ou assentamento do Exu bara (èṣù bara) do seu orixá (òrìṣà). 

Esta conjunto Igbá orixá + Exu bara é básico e imprescindível.

A este conjunto básico outros elementos podem ser adicionados como o Igbá do seu juntó que é o seu segundo orixá (òrìṣà), e os Igbá do seu enredo de orixá (òrìṣà). 

Deve se entender por enredo o conjunto de orixá (òrìṣà) que formam sua energia no aìyé e isto esta diretamente ligado ao processo de individualização. 

Assim a quantidade e qualidade dos Igbá que uma pessoa terá como parte do seu “enredo” depende da sua qualidade de orixá (òrìṣà) e de seu próprio caminho na religião, coisa que só é determinado durante o processo de feitura e consultas ao Oráculo.

Algumas casas fazem todos esses Igbá durante o processo de iniciação, outras vão adicionando isso ao longo das obrigações de 1, 3 e 7 anos. 

Se a pessoa terá Oye de babalorixá (babalórìṣà) ou dependendo o oye que essa pessoa venha a ter, o conjunto de Igbás (awọn igbá) será distinto de pessoas que não terão oye – cargo sacerdotal. Observe que nem todo mundo que é iniciado nessa religião será um babalorixá (babalórìṣà) ou iyalorixá (ìyalórìṣà). 

A maior parte sera formada de egbons, mais velhos.

Um iniciado em uma casa terá então uma quantidade significativa de Igbás. Mas, a quem pertence isso, a quem pertencem esses Igbás?

 Digo isso porque todos devem ter conhecimento do problema envolvido na posse de Igbá orixá. Muitas casas não permitem que nunca a pessoa retire osIgbá de dentro dela, nem mesmo quando seria natural que é quando a pessoa completa seus 7 anos.

O mais comum é que após desavenças durante o seu período de Ìyawó a pessoa quera deixar o Ilê Axé (Ilé àṣẹ) e naturalmente queira levar consigo os seus Igbás. Muitos as vezes nem conseguem mais entrar e ficam preocupados tendo deixado para trás seus Igbás devido a eles representarem um ponto de vulnerabilidade.

De fato, todos tem razão. Um Igbá sempre será um ponto de vulnerabilidade, principalmente o igbá ori. Esse jamais deveria estar em um Ilê Axé (Ilé àṣẹ). Mas a primeira coisa que tenho a dizer é tome cuidado com o que faz da sua vida. Nunca entre em nada sem avaliar tudo antes. Tem que conhecer primeiro a casa, o dirigente e as pessoas que frequentam a casa. As pessoas se dão mal porque se precipitam, colocam a vaidade na frente. Assim se a decisão de iniciação for mais consciente os problema serão menores. Segundo não se sai de um Ilê Axé (Ilé àṣẹ) por qualquer motivo fútil. Se foi seu orixá (òrìṣà) que escolheu aquela casa (essa é a tradição, é o orixá (òrìṣà) que escolhe onde quer ser iniciado e não a pessoa) então se submeta aos caprichos de outros. Mantenha o seu respeito e sua individualidade mas vaidade por vaidade a sua deve ser a menor.

Durante uma feitura não existe apenas um processo de individualização existe também um processo de ligação com o axé (àṣẹ) da casa e do iniciador. Um Ìyawó está fortemente ligado a casa e a pessoa que o iniciou. O processo ritualístico leva componentes que criam essa ligação, assim o iniciador considera que aqueles igbá não são independentes, eles adicionaram axé casa e receberam axé da casa. Foram parte de um conjunto. 

É entendido que seu sentido de existir é dentro daquela casa.

Se a pessoa sair, que faça seus Igbá na sua próxima casa. De maneira que não estamos discutindo a propriedade de louças e barro e sim de asé. 

Isso é verdade. Se você deixa para trás os seus Igbás, não se preocupe, faça outros no próximo lugar que vai, o orixá (òrìṣà) vai com você.

Eu entendo que o ninguém segura ou fixa um orixá (òrìṣà) na sua casa mantendo o Igbá de um iniciado que se foi. 

O Igbá é uma individualização e só tem sentido, só tem função junto ao próprio iniciado. 

Se quiser manter um orixá (òrìṣà) em casa que trate melhor as pessoas.

O Igbá e a morte 

Com a morte do iniciado o Igbá deixa de ter sentido. 

A ligação não mais existe e se você não quer conviver com um egun atrás de você é recomendado que despache tudo junto. 

Existem pessoas que entendem que se deve consultar o Oráculo para saber se o orixá (òrìṣà) quer ir embora ou não, ou seja, se o Igbá vai ou não no carrego e em vitude dessa consulta muitos Igbá ficam no Ilê Axé (Ilé àṣẹ). 

Entendo que é um forma de ver isso. 

Acho mais natural que tudo se vá, não há motivo para se manter um vínculo Orun-aìyé (ọ̀run-aìyé) com um ori que não mais existe no aìyé isso vai contra o fundamento do axexe (aṣeṣe), mas, cada um siga sua consciência e o que aprendeu.
Fonte:http://babaninodeode.blogspot.com/2011/02/o-significado-do-igba-de-um-orisa.html


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Iwà Pele é o caráter

Iwà Pele 

Nos tempos antigos, Iwà foi a mulher mais bonita da aldeia e todos queriam se casar com ela. Foi somente Ọrúnmìlá que fez a oferenda apropriada e foi autorizado a se casar com Iwà. Quando Ọrúnmìlá fez a oferenda foi-lhe dada uma instrução especial: que ele nunca poderia gritar ou maltratar Iwà.

Um dia, quando já estavam há muitos anos casados, Ọrúnmìlá voltou para casa e sua comida ainda não estava preparada e Ọrúnmìlá começou a gritar com Iwà. Iwà pacientemente suportou o peso da ira de Ọrúnmìlá.
Rapidamente ela terminou de preparar a comida e Ọrúnmìlá sentou-se e comeu. Na manhã seguinte Iwà arrumou suas coisas e deixou a casa de Ọrúnmìlá e voltou para o Céu.

Ọrúnmìlá procurou muito por Iwà, mas não a encontrou e pensou que poderia encontrá-la no Céu.
Quando Ọrúnmìlá foi para o céu para encontrar Iwà, ele trocou de roupa para não parecer consigo mesmo. Chegando ao Céu foi onde Iwà estava e a chamou, não reconhecendo Ọrúnmìlá, que estava fantasiado, Iwà saiu para saber o que aquele homem queria.

Quando Iwà saiu, Ọrúnmìlá permitiu que ela o reconhecesse e pediu que ela voltasse com ele para casa, no Aiyé (Terra). Ela concordou, mas disse que nunca voltaria em forma humana novamente. Ela só voltaria em espírito.
A pessoa que é paciente vai ver Iwà, por intermédio de Suuru (Paciência) que é o pai de bom caráter.

Grandes coisas na vida vêm para aqueles com paciência. O bom caráter é fácil para alguns e muito difícil para outros, tudo depende de sua mente, de seu Orí.
Na sociedade iorubana, se uma pessoa não tiver um bom caráter, ninguém gostará dela e ficará isolada, sozinha, mas se tem bom caráter, todos gostar dela e em um vai lhe dar o bom conselho.

Se você tem uma mente boa, se você tem pensamentos construtivos para você e para os outros, você tem um bom caráter.
Quem não se preocupa e quem não alimenta o bom caráter, não terá comportamento digno e essa é uma condição necessária para que os Oríşá estejam ao teu lado, para que Eles cuidem de você.

Para que Oríşá trabalhe com você, te ampare e te proteja é preciso ter Iwà, que exige um bom caráter e paciência.
É ji Ogbe e Ogbe Ogunda são dois dos muitos Ọdu que também falam de Iwà.



Babáláwò Ògúnjimi

sábado, 31 de agosto de 2019

A tradicional Panela da Casa de Yemanjá do Estado de São Paulo´SP




No último domingo do mês de agosto, após todos os ritos secretos e sagrados durante todo o mês, no qual este é a data de fundação da Casa de Yemanjá, é entregue em alto mar o presente de Yemanjá, que na verdade de seus mistérios nunca foi para a deusa Yemanjá sendo o Mar local do culto de sua verdadeira Rainha a Deusa matriz Yámí Òlòkùn Sánìádè, a Soberana dona do Mar.

O culto de Yemanjá aqui em sua Casa permanece no Rio de águas doces, em que é devidamente presenteada antes da entrega da Panela para a Rainha do Mar

 Nosso Asé, Asessú, comemora sua fundação em !5 de agosto, onde foi na década de sessenta, fundado pela saudosa Yalorisá Yá Nice de Asessú a deusa irmã mais nova de Yemanjá. 

Aqui em nosso terreiro, Asessú não é qualidade e nem um avatar de Yemanjá é uma Deusa irmã dela, assim como todas outras chamadas de qualidades de Yemanjá, todas tem aqui em casa um culto a parte, com cores a parte, com comidas diferentes e horários diferentes em seus cultos.

A Casa de Yemanjá agradece a toda a sua comunidade!!!!

Yamí Asessú, bossifuó !!!!














































Justiça


Escultura do dinamarquês Jens Galschiot.

Justiça obesa mórbida carregada por povo miserável.

Ficaria muito bem em Brasília.




Legislação e Candomblé Legal !



Por se tratar de religião e cultura, o Candomblé é duplamente protegido na forma da lei pela Constituição da República Federativa do Brasil. 

Outrossim, o artigo 208 do Código Penal Brasileiro prevê, para o crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, pena de detenção de um mês a um ano ou multa. 

Para que todas as pessoas que professam o Candomblé fiquem cientes dos seus direitos é bom observar com atenção os artigos constitucionais que podem e devem ser evocados quando qualquer cidadão sentir-se aviltado no que diz respeito à liberdade de crença religiosa.

O artigo 5º da Constituição Federal assegura:

Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Portanto, como a Constituição assegura que não deve haver distinção de qualquer natureza, católicos, protestantes, evangélicos, umbandistas, espíritas, budistas, muçulmanos, membros do Candomblé etc. são iguais em direitos e obrigações, estando, pois, submetidos às mesmas leis e devendo observar o inciso VI do artigo 5º da Carta Política de 1988, que diz:

É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

Ainda na Constituição Federal, o parágrafo 1º do artigo 215 deixa muito claro que o Candomblé, que é também evidente manifestação da cultura popular afro-brasileira, pode contar com a proteção do Estado para existir e resistir:

Artigo 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e dos outros grupos participantes do processo civilizatório Nacional.

Na legislação infraconstitucional diretamente relacionada ao inciso VI do artigo 5º, o artigo 208 do Código Penal merece menção, haja vista que os crimes que define têm sido cometidos freqüentemente contra adeptos das religiões afro-brasileiras sem que se tomem providências primeiramente por uma nítida falta de interesse das autoridades e depois porque os adeptos, na maioria das vezes, não sabem que tais atos constituem crime.

Artigo 208. Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:

Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente a violência.

Como fica a situação quando a policia, respaldada pelo poder do Estado, infringe a lei? Se considerarmos que a proteção aos locais de culto e a suas liturgias é garantida na forma da lei, é dever da polícia, quando solicitada, prestar assistência aos adeptos para que possam cumprir seus rituais com segurança e não impedi-los, por exemplo, de fazer suas oferendas. Fazer uma oferenda a Exu numa encruzilhada é um direito, assim como é um direito do crente pregar em praça pública ou do católico fazer procissões. A polícia também não pode invadir um terreiro de Candomblé, a menos que observe os trâmites legais.

Todos têm direito à liberdade religiosa, que não atinge um grau absoluto, pois não são permitidos a nenhuma religião ou culto atos atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal. Um adepto de determinada religião, por exemplo, não pode evocar o inciso VI do artigo 5º da Constituição, ou seja, suas convicções religiosas, para livrar-se dos crimes estipulados no artigo 208 do Código Penal. Há que se observar o inciso VIII do artigo 5º da Constituição, que diz:

Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

O Brasil, por meio do Pacto de São José da Costa Rica, se comprometeu a respeitar o sentimento religioso, avalizando o documento que no artigo 12.1 da Convenção diz:

Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado.

Devem os templos de Candomblé e seus sacerdotes começar a reivindicar os privilégios e isenções que a lei assegura aos ministros de confissão religiosa e às suas igrejas, como o direito a prisão especial, a contribuição à Previdência Social na qualidade de sacerdote e a desobrigação de recolher alguns impostos como o IPTU.

É importante também difundir a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, não só entre as pessoas do Candomblé, mas para toda a sociedade, especialmente entre os negros que sofrem muito mais com o preconceito que, mesmo camuflado pelo mito da democracia racial, existe no Brasil. Isso serve para ratificar que o caminho para viver plenamente a cidadania é o da consciência, que passa, necessariamente, pelo reconhecimento das leis que asseguram os direitos de todos os cidadãos, brancos ou negros, crentes ou de Candomblé, ricos ou pobres.