Preparar um TRONO, segundo suas possibilidades e gosto estético dos OLOSHAS ou BABALAWÓS para seus ORISHÁS, que se colocam dentro do mesmo de forma hierárquica dentro de suas sopeiras ou receptáculos, já vestidos igualmente com tecidos ou com outros implementos para demonstrar que estão em festa, evidentemente que é uma data especial.
Colocam-se frutas, ADIMÚS, máscaras, colares, coroas, idés, etc, para homenagear os mesmos. — em ILÈ ASÉ ÓMÓ YÈMOJÁ.
A tradicional Casa de Yemanjá como é mais conhecida, informa e convida toda a sociedade, adeptos e simpatizantes de cultos de matrizes africanas para a comemoração de seu Quinquagésimo oitavo aniversário.
Fundada em 15 de Agosto de 1960 pela Sarcerdotisa IyaOmiokum, iniciada em Yemanjá Iyasesu, no Culto da Nação Efon, o Ile Ase Omo Yemoja perpetuou o cumprimento dos ritos, cultos e tradições em sua mais fiel e rígida ritualística do Candomblé original e essencial da Bahia.
A Casa de Yemanjá é dirigda pelo herdeiro Babalorisa Alexandre de Odara honrosamente filho de uma das maiores Iyalorixás de todos os tempos, Aiyaba Mãe Ana de Ogum, fundadora do Ile Ase Ojú Onire, descendente da Casa de Oxumarê, que respeitávelmente prossegue com todos os rituais e preceitos litúrgico deste Axé, perpetuando desta forma a tradição, costumes e a cultura dos ancestrais que fundamentaram todo o território da Bahia de todos os Santos.
Situado em sua sede própria na cidade de Francisco Morato no Estado de São Paulo, O Ile Ase Omo Yemoja agradece sua atenção.
Att.: Babalorixá Alexandre de Odara !
Email: soberana.yemanja@hotmail.com
Twitter: https://twitter.com/soberanayemanja
Facebook: https://www.facebook.com/casapoderosadosfilhosdeyemanja
(11) 3453-7028
(11) 9 9767-8492 vivo
Onilé “Mojubá, orisá/ ibá, orisá/ ibá Onilé”
“Mojubá, orisá/ ibá, orisá/ ibá Onilé”, que pode ser traduzido como “Eu saúdo o orisá/ Saúdo Onilé/ Salve a Senhora da Terra”.
Assim conta o mito: Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare. Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via. Quase nem se sabia de sua existência. Quando os orisás seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões, Onilé fazia um buraco no chão e se escondia, pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa, com muita música e dança ao ritmo dos atabaques. Onilé não se sentia bem no meio dos outros.
Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem: haveria uma grande reunião no palácio e os orisás deviam comparecer ricamente vestidos, pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo e depois haveria muita comida, música e dança. Por todos os lugares os mensageiros gritaram esta ordem e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento. Quando chegou por fim o grande dia, cada orisá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação, cada um mais belamente vestido que o outro, pois este era o desejo de Olodumare. Yemonjá chegou vestida com a espuma do mar, os braços ornados de pulseiras de algas marinhas, a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas, o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola. Osòósi escolheu uma túnica de ramos macios, enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais. Osonyin vestiu-se com um manto de folhas perfumadas. Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante, enfeitada com tenras folhas de palmeira. Òsun escolheu cobrir-se de ouro, trazendo nos cabelos as águas verdes dos rios.
As roupas de Osumarè mostravam todas as cores, trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva. Oyá escolheu para vestir-se um sibilante vento e adornou os cabelos com raios que colheu da tempestade. Sòngo não fez por menos e cobriu-se com o trovão. Óòsàálá trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão e a testa ostentando uma nobre pena vermelha de papagaio. E assim por diante. Não houve quem não usasse toda a criatividade para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita. Nunca se vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo. Cada orisá que chegava ao palácio de Olodumare provocava um clamor de admiração, que se ouvia por todas as terras existentes. Os orisás encantaram o mundo com suas vestes. Menos Onilé. Onilé não se preocupou em vestir-se bem. Onilé não se interessou por nada. Onilé não se mostrou para ninguém. Onilé recolheu-se a uma funda cova que cavou no chão. Quando todos os orisás haviam chegado, Olodumare mandou que fossem acomodados confortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redor do trono. Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos. Que todos os filhos haviam cumprido seu desejo e que estava tão bonito que ele não saberia escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo. Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles, mas nem sabia como começar a distribuição.
Então disse Olodumare que os próprios filhos, ao escolherem o que achavam o melhor da natureza, para com aquela riqueza se apresentar perante o pai, eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo. Então Yemonjá ficava com o mar, Òsun com o ouro e os rios. A Osòósi com as matas e todos os seus bichos, reservando as folhas para Osonyin. Deu a Oyá o raio e a Sòngo o trovão. Fez Óòsàálá dono de tudo que é branco e puro, de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação. Destinou a Osumarè o arco-íris e a chuva. A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com ele, inclusive a guerra. E assim por diante. Deu a cada orisá um pedaço do mundo, uma parte da natureza, um governo particular. Dividiu de acordo com o gosto de cada um. E disse que a partir de então cada um seria o dono e governador daquela parte da natureza. Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade relacionada com uma daquelas partes da natureza, deveria pagar uma prenda ao orisá que a possuísse. Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa que fosse da predileção do orisá. Os orisás, que tudo ouviram em silêncio, começaram a gritar e a dançar de alegria, fazendo um grande alarido na corte. Olodumare pediu silêncio, ainda não havia terminado. Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições. Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra, o mundo no qual os humanos viviam e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais que deveriam ofertar aos orisás. Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra. Quem seria? Perguntavam-se todos? “Onilé”, respondeu Olodumare. “Onilé?” todos se espantaram.
Como, se ela nem sequer viera à grande reunião? Nenhum dos presentes a vira até então. Nenhum sequer notara sua ausência. “Pois Onilé está entre nós”, disse Olodumare e mandou que todos olhassem no fundo da cova, onde se abrigava vestida de terra, a discreta e recatada filha. Ali estava Onilé, em sua roupa de terra. Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o planeta. Olodumare disse que cada um que habitava a Terra pagasse tributo a Onilé, pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa. A humanidade não sobreviveria sem Onilé. Afinal, onde ficava cada uma das riquezas que Olodumare partilhara com filhos orisás? “Tudo está na Terra”, disse Olodumare. “O mar e os rios, o ferro e o ouro, Os animais e as plantas, tudo”, continuou. “Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo existe porque a Terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte”. Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé, foi à sentença final de Olodumare. Onilé, orisá da Terra, receberia mais presentes que os outros, pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos, pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem. Onilé, também chamada Aiê, a Terra, deveria ser propiciada sempre, para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído. Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare. Todos os orisás aclamaram Onilé. Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.
E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos orisás1. E assim este mito, de modo didático e com muita beleza, situa o papel de Onilé no panteão dos deuses iorubás. Como é estrutural nos mitos, o tempo da narrativa não é histórico, dando a impressão que os cultos dos diferentes orisás foram instituídos a um só tempo, num só ato do supremo deus. A narrativa enfatiza, contudo, a concepção básica da religião dos orisás, isto é, que cada orisá é um aspecto da natureza, uma dimensão particular do mundo em que vivemos. Eles são o próprio mundo, com suas forças, elementos, energias e propriedades, mundo que tem por base Onilé, a Terra, o planeta que habitamos o nosso lar no universo.
Na África iorubá, Onilé ocupa lugar central no culto da sociedade masculina secreta Ogboni. A escultura em bronze aqui mostrada, provavelmente do século XVIII, é originária dessa sociedade tem os olhos em semicírculos, que tudo observam em silêncio, e as mãos fechadas e alinhadas, uma sobre a outra, na altura do umbigo, num gesto que simboliza o conhecimento ancestral, conforme os símbolos Ogboni, sociedade que, até o século XIX, cuidava da justiça, julgava criminosos e feiticeiros e executava os condenados à morte.
Louvar Onilé é celebrar as origens. Por isso, quando aparecem junto aos humanos, os antepassados egungun saúdam Onilé, lembrando-nos que ela é anterior a tudo o mais, mesmo às linhagens mais antigas da humanidade.
fonte: Yalorisa Marcia de Yemanjá
Nanã é a mãe ancestral, importada das terras do Daomé.
É a mulher sábia, a anciã que atingindo a menopausa, já não verte sangue.
Por isso retém em si o poder da procriação.
Como associada à lama e às águas contidas na terra, liga-se ao processo de fertilidade da terra.
Simboliza a maternidade arcaica indiferençada, pois é a mãe de todos os seres, à partir dos moluscos dos pântanos.
São seus filhos os mortos e os ancestrais.
Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá Odu, que é a cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e Yemanjá.
Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, às vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul.
Nanã Ajapá ou Dejapá: É a guardiã que mata, vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado a lama, a morte, e a terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e dos doentes, toma conta dos moribundos. Nela predomina a razão.
Nanã Asainan ou Asenàn: Provisoriamente sem dados inerentes a este caminho do Orixá Nanã.
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada Olú aiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos, usa um ibiri azul.
Nanã Iyabahin ou Lànbáiyn: Provisoriamente sem dados inerentes a este caminho do Orixá Nanã.
Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada a água e a lama. Mora nos pântanos; usa contas cristal vestes lilás e veio do país Baribae.
Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira esposa de Oxalá. Associada aos pântanos profundos e ao fogo. É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste musgo e cristal.
Nanã Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de búzios.
Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha, é a principal, come direto na lagoa, dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekedi tem que ir batendo com seus otás para fazê-la pegar suas filhas.
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê, ligada a terra, temida, agressiva e irascível.
Nanã Xalá: Muito ligada ao Branco e a Oxalá.
Teremos ainda outros nomes, títulos ou qualidades: Inselè, Sùsùré, Elegbé, Bíodún, ìkúrè, Asaiyó, etc.
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, razão pela qual segundo a lenda, desprezou o seu filho primogênito com Oxalá, Omolú, por ter nascido com várias doenças de pele.
Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou por o abandonar no pântano.
Sabendo disso, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam todos com alguma deformação física (Oxumaré, Ewá e Ossayin), e baniu-a do reino, ordenando-lhe que fosse viver no mesmo lugar onde abandonou o seu filho, no pântano.
Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando o seu nome era pronunciado, todos se jogavam ao chão.
Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolú.
É protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.
Nanã é um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do pântano, da lama, senhora da morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne).
Identificada no jogo do merindilogun pelo odu ejilobon e representado materialmente no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba Nanã.
Igba orixa, ibá orixa ou simplesmente ibá é o nome dos assentamentos sagrados dos orixás na cultura nago vodun, onde são colocados apetrechos e fetiches inerente a cada um deles na feitura de santo.
Ao lado de cada um dos igbas encontramos talhas, quartinhas e quartiões, que devem conter o líquido mais precioso da vida chamado pelo povo do santo de omin (água).
Cada igba orixa é uma representação material e pessoal, simbolizando a captação de energia oriundo da natureza, ligado aos orixás correspondentes e sempre emanando energias para seus adeptos e crentes.
Mantenha o seu ibá sempre limpo e devidamente cuidado pois ele é o único contato de ``seu Orisá´´ aqui no Plante Terra.
LÁGDIBÁ – Colar ritualístico confeccionado de chifre de búfalo, de uso EXCLUSIVO dos Sacerdotes do Culto ao Deus da Varíola Sòpònná, conhecido no Novo Mundo pelo nome de Obalùàiyé.
Um mito relata que o primeiro Lagdiba do mundo, foi criado no Àiyé a partir dos chifres de um “Búfalo Encantado” do qual trouxe do Òrún, a varíola e outras doenças existentes em nosso mundo.
É entregue aos seus vodunsis nas cerimônias de sete anos de iniciação.
É feito de chifre de búfalo, considerado um animal sagrado na África, ligado às cerimônias de fecundação da terra. Símbolo dos Anciãos africanos.
Existe lágidiba feito com talo de palmeira (Igi Opé), e existe ainda, um lágdiba branco feito de marfim, ligado a Vodun-Fá, muito usado pelos Bokonõ (semelhante aos babalawo). Representa a sabedoria e a elevação divina.
O poder e a força da fecundidade e da re-criação de tudo e do Todo.
O lágdiba também representa a paciência, a calma e a sabedoria dos anciãos.
Em algumas regiões da África, o búfalo (assim como o boi), é considerado um animal sagrado, oferecido em sacrifício, ligado a todos os ritos de louvação e fecundação da Terra.
Hoje, algumas pessoas estão usando indiscriminadamente o Lágdiba, independente de qual seja o seu Vodun.
Deve-se lembrar que esse fio possui um simbolismo muito forte ligado à morte.
O Lagdibá é feito de chifre de búfalo cortado em rodelinhas formando pequenos discos, normalmente é de cor preta, usados tradicionalmente pelos iniciados de Omolu/Obaluaiye e Sakpatá.
Exclusivamente conforme um ítán de ifá !
Este fio, é a forma de Òmólú dominar todas as quizilas e mazelas das quais ele por arrogância, soberda, vaidade e avareza foi sua própria vítima.
Lagdibá é um fio-de-contas usado por Babalawos, Bokonon e outros sacerdotes africanos, no Brasil é usado por Babalorixás, Iyalorixás, Ogans, Ekedis, se estes forem filhos desta Divindade e pessoas de outros posto de graduação do Candomblé de todas as nações, jamais poderá ser usado por pessoas que não tenham cargo ou posto e filhos deste Orisá !!!!!
Palha da costa é a fibra de ráfia conhecida como ìko pelo povo do santo.
É extraída de uma palmeira chamada Igí-Ògòrò pelo povo africano e que, no Brasil, recebe o nome de jupati, cujo nome científico é Raphia vinifera.
No candomblé, representa a eternidade e transcendência, como prova da imortalidade e reencarnação, sendo utilizado na confecção das roupas dos orixás, em especial Obaluayê e Omolu (Sakpata).
Seu uso é indispensável na iniciação (feitura de santo) no sentido de proteger a vulnerabilidade dos neófitos.
Esta mesma palha trançada com espessura de um dedo mindinho e comprimento de um metro, chama-se Ikan, popularmente chamado de "contraegum" pelos leigos e até mesmo pelo povo de santo.
Geralmente, é amarrado nos braços e cintura dos iniciados, com a finalidade de afastar as energias negativas e espíritos malévolos, impedindo a incorporação de eguns (espíritos de mortos).
Umbigueira (recebe este nome quando é amarrado na cintura).
Mokan (recebe este nome quando é ornado com búzio da costa): é um colar de palha trançada que é usado no pescoço junto com o delogun e seu comprimento é até o umbigo.
Contraegum (recebe este nome quando é amarrado na dobra da parte inferior da junção entre braço e ombro).
Doburu -
é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo (dende), em outros com areia.
Nesse último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta.
Ao final, a pipoca é colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitada com pedacinhos de coco.
O Olugbajé é a festa anual em homenagem a Obaluayê, onde as comidas são servidas na folha de mamona.
Rememorando um itan (mito) onde todos os Orixás para se acertarem com Obaluaiyê, por motivos de ter sido chacoteado numa festividade feita por Xangô por sua maneira de dançar.
Nessa festividade, todos os Orixás participam (com exceção de Xangô), principalmente Osanyin, Oxumarê, Nanã e Yewá, que são de sua família.
Oyá tem papel importante por ser ela que ajuda no ritual de limpeza e trazer para o barracão de festas a esteira, sobre a qual serão colocadas as comidas.
Olubajé é ritual especifico para o orixá Obaluayê, indispensável nos terreiros de candomblé, no sentido de prolongar a vida e trazer saúde a todos os filhos e participantes do axé.
No encerramento deste rito é oferecido no mínimo nove iguarias da culinária afro-brasileira chamada de comida ritual pertinente a vários Orixás, simbolizando a Vida, sobre uma folha chamada "Ewe Ilará" conhecida popularmente como mamona assassina, "altamente venenosa" simbolizando a Morte (iku).
O ser humano e composto de três coisas fundamentais em que as mesmas devem estar em harmonia para um sucesso expendido na caminhada terrestre:
PRIMEIRO: ORI (ser individual de cada ser) deve ser tratado devidamente de acordo com suas próprias individualidades, do contrário ele sofrerá sequelas que irá interferir no êxito de nossa vida material, familiar, social, espiritual etc, nos levando a fracassos contínuos nesses campos.
SEGUNDO: ORISHÁ ANCESTRAL (ex. SHANGÓ, OSHÚN, OYÁ, etc.) funciona como se fosse nosso anjo da guarda responsável por auxiliar o ORI e ajudar a guiá-lo no caminho de seu destino, dando suporte para vencer os obstáculos e assim encontrar a sorte em seu caminho.
TERCEIRO: ODÚ PESSOAL (destino, Karma, caminho de cada ser, ou seja, de cada ORI) sem ele não temos como cuidar dos pontos anteriores, pois dentro do nosso ODÚ é que está contido tudo que existiu, tudo que existe e tudo que existirá, dentro do contexto geral de nossas vidas seja positivo, ou negativo, é através do nosso ODÚ pessoal que encontramos as informações necessárias que nos possibilitará cuidar devidamente de nós mesmos. Sem o nosso ODÚ não temos a orientação real de nossa existência e se não temos as informações de nossas deficiências espirituais, não podemos nos medicar e assim estamos fadados a viver cegos diante de nossas próprias vidas!
E isso poderá fazer com que vivamos em círculos, nunca chegando as metas de nossa existência.
Oluwó Siwajú Evandro Otura Airá Ifá Ni L’Óru
Os 401 orisas são ministros e administradores do universo. Antes de descer do Orun (céu) para Aiye (terra), Olodumare (Deus) entregou para Osala – o chefe das divindades, uma cabaça que continha terra, uma galinha de cinco dedos e um camaleão. Antes de posar na terra, (que era submersa pela água) a divindade soltou a terra e depois a galinha que espalhou terra formando terrenos sólidos. Camaleão foi enviado para inspecionar a solidez da terra. O local onde o camaleão pisou primeiro se chama Ile-Ife-(casa vasta).
A religião dos Orisas tem características de tolerância e sem fanatismo. Ela esta ligada à família. Orisa/Ancestral divinizado é um bem de família, transmitido pela linhagem paterna. O chefe da família – Bale, Baba-Awo (O Pai da família/Pai do segredo) delegam a responsabilidade do culto ao Orisa da família e Ancestral divinizado da família a um/uma Alase/Iya Ase – guardião/ guardiã do Ase, e para ser cuidado pelos Eleguns que serão possuídos pelo Orisa/Ancestral divinizado em certas circunstãncias.
Elegun é aquela pessoa escolhida pelo Orisa entre seus descendentes. (Ele – gun – aquela pessoa que tem o privilegio de ser montado por Orisa/Ancestral divinizado). Durante o processo de iniciação ou ritual, Orisa/Ancestral divinizado deverá ser invocado e evocado com cantos, danças etc. Após a iniciação a hierarquia deve ser seguida para mais conhecimento e firmeza religiosa.
A cada uma das divindades encarrega-se uma função especifica, vamos conhecer algumas:
Abata F – orisa das bahias das águas.
Abiku – orisa das crianças que nascem para morrer cedo
Abita M – orisa da ruas aliado de Seu
Abiye F – a divindade da gravidez e nascimento
Afefe/Ategun F– o vento, o ar. Acompanha Oya.
Aganju M – orisa do fogo, vulcões e desertos.
Aganna-Eri F – filha do Olokun
Agba-olode M – orisa do espaço.
Agbowujì F – Òrìsà da claridade e limpeza
Agemo M – orisa que fortalece a cidade
Aiku F – orisa que afaste a morte
Aina F – orisa de fogo e irma dos Ibejis.
Aiyelala F – orisa da verdade e bondade. Orisa de juramento.
Aja F – orisa que protege produtores do vinho
Àjálá M – orisa moldador de Ori
Aje shaluga F – orisa da riqueza, prosperidade material
Ajebu F – orisa do feitiço
Akitan F – orisa do lixão / aterro sanitario.
Aratunmi F – Orisa de ovulação feminina, esposa de Orisala
Aroni M – orisa de mistério da floresta
Ayan F – orisa protetor dos tocadores do tambor
Ayayo F- orisa da bruxaria, irmã mais nova de Oya.
Aye F – orisa da consciência e riqueza, filha do Obatala com Yemoja
Bayanni F – orisa que dá força a coroa dos reis, irmã de Sango
Boyuto F – Orisa de miragens e ilusões.
Dada M – orisa de crescimento, recém-nascidos, hotaliças e poder
Egungun – orisa de antepassado divinizado.
Ela M – orisa de mistério do mundo
Erinle M – orisa da firmeza da terra.
Erinle M – orisa da firmeza da terra.
Esu M – orisa mensageiro e Inspetor de Olodumare, guardião do Ase para manter suas leis. Intermediário entre os orisas, os humanos e Olodumare.(Laroye/Esu-Odara/Elegbara/Esu-Laalu/Okiri-Oko/Esu-Ona/Oni-Bode/Esu-Ebora/Osetura/Esu-Latopa/Alago-Ija/Esu-Olopa/Idolofin/Esu-Oja /Esu-Alase)
Eyo M – orisa da cidade de Lagos. Mediador entre a terra e a água
Gelede F – orisa confortadora das mulheres
Ibeji – orisa dos gemeos. Primeiro/a representa a vida e outro o amor
IFA M – orisa de adivinhação, conhecimento, sabedoria e testemunho de destino.
Igunnuko M – orisa de união da cidade.
Ile (mãe terra) F – orisa que nos dá a sustentação
Irawo F – orisa das estrelas e astrologia.
Iroko F – orisa da árvore sagrada Iroko que é morada das Iyamis
Motawede F – Orisa do cobre, esposa de Orisala
Nana F – orisa mais velha, da criação, dona da lama, pântanos e da transcendência. Mãe de Obaluaye, Osumare,(dentre outros).
Ori (força vital) M/F – Òrìsà que não abandona o seu devoto, mesmo após a morte, quando todos os demais Òrìsàs deixam seus devotos e voltam às suas origens. Orí é o mais importante na escolha do destino de cada pessoa. Ele é quem regerá a vida de cada indivíduo no ayé.
Oba F – orisa guerreira, esposa de Sango, da paixão, Orisa das esposas, respeitosa, obrigação conjugal, nutrindo maternidade e casamento.
Obaluaiye/Omolu/Soponna M – rei da terra, da varíola, doenças e cura.
- Obaluaiye – Senhor da Terra
- Omolu – Filho do Senhor
- Soponna – Aquele que pode nos matar com o fogo
Oduduwa M – Orisa Pai da humanidade, mito da criação, consciência e carater
Ogun F – orisa da guerra, ferro, mineração, agricultura, (armase?) abertura dos caminhos. MEJE LOGUN
- OGUN ALARA QUE PROTEGE A FAMÍLIA
- OGUN ONIRE QUE AJUDA OS AGRICULTORES
- OGUN IKOLA QUE AJUDA OS CIRURGIÕES
- OGUN ELEMONA QUE PROTEGE OS MOTORISTAS E AS ESTRADAS
- OGUN AKIRUN QUE PROTEGE OS FERREIROS
- OGUN GBENA-GBENA QUE AJUDA OS ARTESÕES
- OGUN MAKINDE QUE PROTEGE AS FRONTEIRAS E DIVISAS
Ogunte F – orisa feiticeira e dona da magia e esposa de Orisala
Oke – orisa da montanha
Ologun Ede F - orisa filho de Oshun, pescador e cuida da beleza
Olokun M – Orixá do mar.
Olugbo M – orisa da mata
Olu-Iwa M – orisa de caráter e consciência
Orisa Oko M – Deus de agricultura e plantações
Orisanla/Obatala M – orisa da criação, pai dos orisas, moldou o ori dos primeiros seres humanos, administra o universo
Oro M – Deus da agitação, gestos; fúria; paixão desmedida, loucura
Oroina F – orisa do estrondo do Vulcão / terremoto avisando os humanos
Orungan M – deus da juventude, reflexão e o amor.
Orunmila M – divindade da sabedoria, adivinhação e prospectiva
Osa F – deusa de Rios e lagoas, esposa de Olokun.
Osalufon M – deus da cidade de Efon
Osanyin M – orisa das folhas, plantas, raízes, medicina e potencialidade.
Osowusi / Osoosi – Orisa da proteção dos animais e caça.
Osumare M – orisa regulador do tempo no céu e na terra, orisa da renovação e substituição
Osun F – orisa da cachoeira, da fertilidade, beleza, amor e do dinheiro, segunda esposa de Sango.
- Osún Ìyá Ominíbú-Òsún, mãe das águas profundas
- Òsún Olóòmi Ayè- Senhora das águas da vida
- Òsún Léwà-Osún é linda, é bonita
- Òsún kare-Aquela que pode nos fazer felizes.
- Òsún Yéyé-Òsún, Mãe cuidadosa
- Òsún Apondá-Òsún é o vale das águas da criação.
- Òsún Òpàra-Òsún que usa uma espada.
- Òsún Ààbòtó-Aquela que nos dá as nossas necessidades
- Òsún Ìjimu-é sua cidade natal.
- Òsún Òsògbó-Òsògbó é a cidade onde o culto de Òsún é muito forte
- Òsún Ìjèsà é o habitante da cidade de Ilésà
Otin F – Orisa que apoia as mulheres tristes e ridicularizadas
Oya F – orisa das tempestades e ventos, terceira esposa de Sango, encamihadora das pessoas na morte
SANGO – orisa do raio, violência/justiça, incêndio e relâmpago
- Aláààfin (Sàngó, o Dono ou Senhor do Palácio, ou seja, o Rei).
- Afonja, que eram como uma espécie de generais
- Ògòdò – Sàngó mostrando sua força
- Aládó – o Senhor do Pilão e que ele costuma despedaçar o pilão com relâmpagos
- Airá – pedra – edun aira
- Káwò- saudação de Sango
Sigidi M/F – mensageiro de pesadelo, atormentador dos culpados
YEEWA F – Orisa da chuva, sentimento e cemitério
Yemoja/Oluweri F – mãe dos orisas, princesa do mar, da maternidade, mãe dos órfãos, da procriação e proteção das crianças. Orisa dos rios.
YEMÒWÒ F – Orisa da criação do meio de troca (moeda), esposa de Orisala
Os 401 Orisas / irunmalés são Deuses que nos fortalecem espiritualmente dando-nos equilibrio, paz, harmonia, amor.
Que nós, seus filhos, tenhamos a um pouco de seus atributos para os fortalecer no dia-dia.
Quando falamos dos nossos deuses, estamos exercendo a maior liberdade dos ritos religiosos. Para cada Orisa há rituais próprios que envolvem suas preferências por cores, alimentos, vestimentas, adornos, ferramentas, colares, animais.
Nossa Religião é baseada no amor, na doação, no sacrifício, na oferenda, no desapego, na obediência, em evitar vícios, no respeito e humildade.
Ajaká foi 2º Aláàfin de Oyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, que era muito pacifico, apático e não realizava um bom governo.
Sàngó cresceu nas terras dos Tapas (Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe. Tempos depois, com seus seguidores se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu título de Oba Kòso.
Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó.
Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho, vizinha de Oyó.
Por ter sido deposto, não poderia mais usar a coroa real de Oyó, e passa então a usar neste seu outro reinado uma outra coroa (ade), que escondesse seus olhos envergonhados e jura que somente irá tirá-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado.
Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e esta chama-se Ade Bayánni (ver fotos no site)*.
Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó.
Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa.
Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó.
Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó.
1* - Em: IIê-Ifé: O Berço Religioso dos Yorùbá, de Odùduwà a Sàngó de Aulo Barretti Filho.
Dadá Ajaká, filho mais velho de Oranian, irmão consanguíneo de Xangô, reinava então em Oyo. Ele amava as crianças, a beleza, e as artes.
De caráter calmo e pacífico, não tinha a energia que se exigia de um verdadeiro chefe dessa época.
Dadá é o nome dado pelos yorubás às crianças cujos cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente.
Xangô o destronou e Dadá Ajaká exilou-se em Igboho (Nigéria), durante os sete anos de reinado de seu meio-irmão.
Teve que se contentar, então, em usar uma coroa feita de búzios, chamada adé baáyàni (pronuncia-se Adê Baiani), ou "Coroa de Dadá".
No Terreiro do Gantois na Bahia é reverenciado e cultuado como Baiani, onde realiza-se uma festa anual e no Ilê Omorodé Orixa N´la onde tem um filho iniciado nesse orixa e também realiza uma festa anual.
Depois que Xangô deixou Oyo, Dadá Ajaká voltou a reinar.
Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se contra os parentes da família materna de Xangô, atacando os tapas.
Baiâni (do iorubá Báyànni, nome dado à sua coroa de búzios peculiar), Dadá ("de cabelos anelados", em iorubá) ou Ajacá (Ajaka, nome próprio) é um orixá, filho de Oraniã (Òrànmíyàn, em iorubá), meio-irmão mais velho de Xangô e de Xapanã(Ṣànpònná, em iorubá).
Segundo a tradição, Dadá Ajacá ("Ajacá dos cabelos encaracolados") foi alafin de Oyó antes de Xangô.
Soberano calmo e pacífico, que amava a beleza e a arte, aceitava a vassalagem ao reino vizinho de Owu e deixou a política militar ao meio-irmão Xangô, que então reinava como obá (rei vassalo) em Kossô.
Xangô fez grandes conquistas, derrotou o olowu (soberano de Owu), estendeu o domínio de Oyó sobre os iorubás e acabou por depor o irmão.
Dadá Ajacá exilou-se como obá de Igboho durante os sete anos de reinado de seu meio-irmão, passando a usar a característica coroa de cauris (búzios) que, ao contrário da usada pelo alafim (Ade Aláàfin), não chega a tapar os olhos, sinal de sua condição de soberano menor ou vassalo.
Voltou a reinar em Oyó depois da queda de Xangô, mostrando-se então enérgico, valente e guerreiro. Voltou-se contra os parentes da família materna de Xangô e atacou os tapas, seus aliados, sem grande sucesso.
No Brasil é chamado de Baiâni ou Dadá Ajacá e cultuado no Terreiro de Gantois.
Sua festa, no domingo anterior ao 1º Domingo do Advento (que é o domingo mais próximo de 30 de novembro), marca o fim do ano ritual do candomblé nagô, assim como, na mesma data, a festa de Cristo Rei marca o fim do calendário litúrgico católico e do ano eclesiástico.
No Gantois, Dadá Ajacá é representado por uma coroa de búzios chamada Adê de Baiâni, enfeitada de búzios com diversas tiras pendentes.
É cultuado com um ritmo forte e cadenciado chamado batá.
Alguns outros terreiros o consideram uma "qualidade" de Xangô, chamada Xangô Bane ou Xangô Bâni.
Outros consideram Baiâni como uma personagem completamente diferente de Dadá Ajacá, uma mulher que é mãe ou irmã mais velha de Xangô e foi regente de Oyó depois de Dadá Ajacá.
Ajere é o nome de uma das cerimonias realizadas na festa de Sàngó.
Relembra uma passagem na qual Iyánsàn foi encarregada de levar o encanto do fogo para Sàngó, e no meio do caminho resolveu experimentá-lo.
Abriu o recipiente e provou um pouco do líquido.
Quando foi falar com Sàngó, saiu fogo de sua boca.
Foi então que Sàngó percebeu que ela lhe havia roubado o poder do fogo que era destinado somente a ele.
Foi uma artimanha de Èsù para mostrar como as mulheres são curiosas.
As luzes são apagadas e a Iyánsàn mais velha entra com uma panela de barro cheia de brasa e fogo.
Ao toque do Alujá Sàngó e Iyánsàn dançam com a panela na cabeça.
A panela passa de uma cabeça para a outra e só os Òrìsà é que conseguem tocá-la devido à quentura.
O tempo de duração da cerimonia é o necessário para que todos os Sàngó e todas as Iyánsàn tenho conseguido segurar pelo menos uma vez a panela.
O ultimo a segurar o Ajere é Sàngó que sai do salão com a panela na cabeça.
Após a cerimonia as luzes são acesas e os orixás dançam suas cantigas separadamente.
As danças de Oyá são muito espetaculares.
Ela manda nos Eguns. Com grandes movimentos nos braços, impede sua passagem e os afasta. Ela vai até os atabaques colocando a palma de suas mãos para frente e, apressada, dirige-se até a entrada do barracão.
Agitada e nervosa, corre para todos os lados como se quisesse afastar o perigo;
depois pára e dança, balançando os quadris de maneira provocadora.
Diz-se então que ela esta quebrando os pratos.
Reginaldo Prandi
Armando Vallado
I: O obá Xangô
Obá é palavra da língua iorubá que designa rei.
Obá é também um dos epítetos do orixá Xangô (não confundir Obá, rei, soberano ( oba ), com o orixá Obá ( Òbà ), que é uma das esposas de Xangô). Segundo a mitologia, Xangô teria sido o quarto rei da cidade de Oió, que foi o mais poderoso dos impérios iorubás.
Depois de sua morte, Xangô foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oió, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote.
Não existem registros históricos da vida de Xangô na Terra, pois os povos africanos tradicionais não conheciam a escrita, mas o conhecimento do passado pode ser buscado nos mitos, transmitidos oralmente de geração a geração. Assim, a mitologia nos conta a história de Xangô, que começa com o surgimento dos povos iorubás e sua primeira capital, Ilê-Ifé, fala da fundação de Oió e narra os momentos cruciais da vida de Xangô:
“Num tempo muito antigo, na África, houve um guerreiro chamado Odudua, que vinha de uma cidade do Leste, e que invadiu com seu exército a capital de um povo então chamado ifé. Quando Odudua se tornou seu governante, essa cidade foi chamada Ilê-Ifé. Odudua teve um filho chamado Acambi, e Acambi teve sete filhos, e seus filhos ou netos foram reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaqueto, o rei de Queto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã, que foi rei da cidade Oió, mais tarde governada por Xangô.
“Esses príncipes governavam as cidades que mais tarde foram conhecidas como os reinos que formam a terra dos iorubás, e todos pagavam tributos e homenagens a Odudua. Quando Odudua morreu, os príncipes fizeram a partilha dos seus domínios, e Acambi ficou como regente do reino de Odudua até sua morte, embora nunca tenha sido coroado rei. Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado um homem rico e poderoso. O obá Oraniã foi um grande conquistador e consolidou o poderio de sua cidade.
“Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater um povo que habitava uma região a leste do império. Era uma guerra muito difícil, e o oráculo o aconselhou a ficar acampado com os seus guerreiros num determinado sítio por um certo tempo antes de continuar a guerra, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e aquele acampamento a leste de Ifé tornou-se uma cidade poderosa. Essa próspera povoação foi chamada cidade de Oió e veio a ser a grande capital do império fundado por Odudua. O rei de Oió tinha por título Alafim, termo que quer dizer o Senhor do Palácio de Oió.
“Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Alafim de Oió. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá, por ter nascido com o cabelo comprido e encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade para a guerra e nenhum tino para governar. Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, também chamados tapas, um povo vizinho dos iorubás. Era filho de Oraniã com a princesa Iamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes. Esse filho de Oraniã tinha o nome Xangô, e era o grande guerreiro que governava Cossô, pequena cidade localizada nas cercanias da capital Oió.
“Xangô um dia destronou o irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena e distante cidade, onde usava uma pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani.
“Xangô foi assim coroado o quarto Alafim de Oió, o obá da capital de todas as grandes cidades iorubás.
“Xangô procurava a melhor forma de governar e de aumentar seu prestígio junto ao seu povo. Conta-se que, para fortalecer seu poder, Xangô mandou trazer da terra dos baribas um composto mágico, que acabaria, contudo, sendo sua perdição. O rei Xangô, que depois seria conhecido pelo cognome de o Trovão, sempre procurava descobrir novas armas para com elas conquistar novos territórios. Quando não fazia a guerra, cuidava de seu povo. No palácio recebia a todos e julgava suas pendências, resolvendo disputas, fazendo justiça. Nunca se quietava. Pois um dia mandou sua esposa Iansã ir ao reino vizinho dos baribas e de lá trazer para ele a tal poção mágica, a respeito da qual ouvira contar maravilhas. Iansã foi e encontrou a mistura mágica, que tratou de transportar numa cabacinha.
“A viagem de volta era longa, e a curiosidade de Iansã sem medida. Num certo momento, ela provou da poção e achou o gosto ruim. Quando cuspiu o gole que tomara, entendeu o poder do poderoso líquido: Iansã cuspiu fogo!
“Xangô ficou entusiasmadíssimo com a nova descoberta. Se ele já era o mais poderoso dos homens, imaginem agora, que tinha a capacidade de botar fogo pela boca. Que inimigo resistiria? Que povo não se submeteria? Xangô então passou a testar diferentes maneiras de usar melhor a nova arte, que certamente exigia perícia e precisão.
“Num desses dias, o obá de Oió subiu a uma elevação, levando a cabacinha mágica, e lá do alto começou a lançar seus assombrosos jatos de fogo. Os disparos incandescentes atingiam a terra chamuscando árvores, incendiando pastagens, fulminando animais. O povo, amedrontado, chamou aquilo de raio. Da fornalha da boca de Xangô, o fogo que jorrava provocava as mais impressionantes explosões. De longe, o povo escutava os ruídos assustadores, que acompanhavam as labaredas expelidas por Xangô. Aquele barulho intenso, aquele estrondo fenomenal, que a todos atemorizava e fazia correr, o povo chamou de trovão.
“Mas, pobre Xangô, a sorte foi-lhe ingrata. Num daqueles exercícios com a nova arma, o obá errou a pontaria e incendiou seu próprio palácio. Do palácio, o fogo se propagou de telhado em telhado, queimando todas as casas da cidade. Em minutos, a orgulhosa cidade de Oió virou cinzas.
“Passado o incêndio, os conselheiros do reino se reuniram, e eviaram o ministro Gbaca, um dos mais valentes generais do reino, para destituir Xangô.
“Gbaca chamou Xangô à luta e o venceu, humilhou Xangô e o expulsou da cidade. Para manter-se digno, Xangô foi obrigado a cometer suicídio. Era esse o costume antigo. Se uma desgraça se abatia sobre o reino, o rei era sempre considerado o culpado. Os ministros lhe tiravam a coroa e o obrigavam a tirar a própria vida.
“Cumprindo a sentença imposta pela tradição, Xangô se retirou para a floresta e numa árvore se enforcou.
"Oba so!", "Oba so!"
"O rei se enforcou!", correu a notícia.
“Mas ninguém encontrou seu corpo e e logo correu a notícia, alimentada com fervor pelos seus partidários, que Xangô tinha sido transformado num orixá. O rei tinha ido para o Orum, o céu dos orixás. Por todas as partes do império os seguidores de Xangô proclamavam:
"Oba ko so!", que quer dizer "O rei não se enforcou!"
"Oba ko so!", "Oba ko so!".
“Desde então, quando troa o trovão e o relâmpago risca o céu, os sacerdotes de Xangô entoam: "O rei não se enforcou!" "Oba ko so! Obá Kossô!" "O rei não se enforcou".”
(Cf. Prandi, Mitologia dos orixás.)
Assim narram os mitos, e a morte de Xangô nada mais é do que a afirmação dos antigos costumes africanos. Sua morte teria sido injusta e por isso o Orum o acolheu como imortal. A expressão “Obá Ko so” é evidentemente dúbia. Tanto pode significar “Rei da cidade de Cossô”, o que de fato Xangô também era, como “O rei não se enforcou”, frase que poderia ser também traduzida por “O Rei vive”, ou “Viva o Rei”, forma que é mais comum na nossa tradição ocidental. A versão verdadeira não importa: divinizado, transformado em orixá, o obá Xangô, o Alafim de Oió, alcançou a imortalidade, deixou de ser humano, virou deus. “Obá Kossô”, “Viva o Rei” é a fórmula pela qual, até hoje, em todos os templos dos orixás, é glorificado o nome de Xangô, o rei de Oió, o orixá do trovão, senhor da justiça.
De todos os orixás que marcam a saga da cidade de Oió, nenhum foi mais reverenciado que Xangô, mesmo quando Oió passou a ser apenas um símbolo esfumaçado na memória dos atuais seguidores das religiões dos orixás espalhados nos mais distantes países da diáspora africana do lado de cá e do lado de lá do oceano. E há muitos elementos para estribar essa afirmação.
II: Xangô no Novo Mundo
No seu auge, o império de Oió englobava as mais importantes cidades do mundo iorubá, tendo assim o culto a Xangô, que era o orixá do rei ou obá de Oió, portanto o orixá do império, sido difundido por todo o território iorubano, o que não era muito comum, pois cada cidade ou região tinha os seus próprios orixás tutelares e poucos eram os que recebiam culto nas mais diversas cidades, como Exu, Ossaim e Orunmilá. O fato é que o apogeu da dominação da cidade de Oió sobre as outras resultou numa grande difusão do culto a Xangô. Durante muito tempo a força militar de Oió protegeu os iorubás de invasões inimigas e impediu que seu povo fosse caçado e vendido por outros africanos ao tráfico de escravos destinado ao Novo Mundo, como acontecia com outros povos da África.
Quando o poderio de Oió foi destruído no final do século XVIII por seus inimigos, tanto a capital Oió como as demais cidades do império desmantelado ficaram totalmente desprotegidas, e os povos iorubás se transformaram em caça fácil para o mercado de escravos. Foi nessa época que o Brasil, assim como outros países americanos, passou a receber escravos iorubás em grande quantidade. Vinham de diferentes cidades, traziam diferentes deuses, falavam dialetos distintos, mas tinham todos algo em comum: o culto ao deus do trovão, o obá de Oió, o orixá Xangô.
Isso explica a enorme importância que Xangô ocupa nas religiões africanas nas Américas, pois foi exatamente nesse momento histórico da chegada dos iorubás que as religiões africanas se constituíram nas Américas, isto é, no século XIX. Particularmente no Brasil, os escravos recém-chegados eram trazidos não mais para o trabalho nas plantações e nas minas do interior, onde ficavam dispersos, mas sim nas cidades, onde eram encarregados de fazer todo o tipo de serviço urbano, morando longe de seus proprietários, vivendo em bairros com grande concentração de negros escravos e libertos, e tendo assim maior liberdade de movimento e organização, podendo se reunir nas irmandades católicas, com novas e amplas oportunidades para recriarem aqui a sua religião africana.
Nascido da iniciativa de negros iorubás que se reuniam numa irmandade religiosa na igreja da Barroquinha, em Salvador, o primeiro templo iorubá da Bahia foi, emblematicamente, dedicado a Xangô. Seus ritos, que em grande parte reproduziam a prática ritualística de Oió, acabaram por moldar a religião que viria a se constituir no candomblé, e cuja estruturação hierárquica sacerdotal em grande parte reconstituía simbolicamente a organização da corte de Oió, isto é, a corte de Xangô, como veremos adiante. Emblemas que na África eram exclusivos do culto a Xangô foram generalizados entre nós para o culto de todos os orixás, como o uso do colar ritual de iniciação chamado quelê.
Por estranha ironia, a nação de Xangô na Bahia acabou recebendo o nome de Queto, que é a cidade de Oxóssi, e não o nome de Oió, cidade de Xangô, como era de se esperar. Mas essa denominação deve ter ocorrido muito tempo depois da fundação da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Xangô, de cujo chão Oxóssi é o dono, e que serviu de modelo a todo o candomblé. A denominação nação queto deve ter se dado já no século XX, quando angariavam grande prestígio e visibilidade dois terreiros que também fazem parte do núcleo de templos fundantes do candomblé: o terreiro do Gantois, dissidente da Casa Branca, e dedicado a Oxóssi, que era o orixá da cidade do Queto, e o terreiro do Alaketu, cuja fundação é atribuída a duas princesas originárias da cidade do Queto, e que também eram do grupo da Barroquinha. A expressão “nação queto” para designar o ramo do candomblé de origem iorubá que se constituiu a partir da linhagem da Casa Branca do Engenho Velho é recente e não era usada antes de 1950. O nome mais comum era nação nagô, ou jeje-nagô. A própria Mãe Aninha, que fundou outro templo dissidente da Casa Branca, o Axé Opô Afonjá, e que, como o próprio nome indica, também é dedicado a Xangô, costumava dizer nos anos 1930: “Minha casa é nagô puro”.
Mas no Rio Grande do Sul, até hoje a expressão “nação Oió”, ou “Oió-ijexá” designa os terreiros de batuque de origem iorubá. A marca de Xangô continua ali muito presente.
Em Pernambuco, a primazia de Xangô acabou por dar nome a toda a religião dos orixás, que naquele e em outros estados do Nordeste é conhecida como xangô.
No Maranhão, dois templos de tradições diferentes disputam o posto de casa fundante do tambor-de-mina: a Casa das Minas, de culto exclusivo aos voduns dos povos fons ou jejes, e a Casa de Nagô, que, como o próprio nome aponta, dedica-se ao culto dos orixás, os deuses nagôs ou iorubás, além de cultuar também voduns e encantados. Ao contrário da Casa das Minas, que não teve terreiros descendentes e hoje se encontra em franco processo de extinção, a Casa de Nagô é a origem de vasta linhagem de terreiros, que se espalharam pelo Maranhão e Pará e chegaram até o Rio de Janeiro e São Paulo, ou mais além. A Casa das Minas de Tóia Jarina, de Diadema, é originária dessa matriz. Pois o patrono da Casa de Nagô não é outro senão Badé, nome pelo qual Xangô é reverenciado nos templos do tambor-de-mina.
Longe daqui, no Caribe, a palavra xangô também dá nome à religião dos orixás praticada em Trinidad-Tobago, nome que também pode ser observado entre populações americanas de origem caribenha na costa Atlântica do sul dos Estados Unidos.
Em Cuba, onde a santeria é tão viva e diversificada como o candomblé brasileiro, são muitos os indícios da supremacia ritual de Xangô. Talvez o mais emblemático seja o fato de que, durante a iniciação ritual, apenas os sacerdotes dedicados a Xangô, segundo a tradição cubana, têm o privilégio sobre todos os demais de receber na cabeça o sangue sacrificial, o que indicaria que o orixá do trovão tem precedência protocolar, e seu tambor é o mais sagrado instrumento musical da santeria.
Onde quer que tenha se formado alguma manifestação americana da religião dos orixás, seja o candomblé, o xangô, o batuque, o tambor-de-mina, a santeria cubana, ou o xangô caribenho, a memória do orixá Xangô, o obá de Oió, manteve o realce que o orixá do império detinha na África. Como obá, Xangô também era o mais alto magistrado de seu povo, o juiz supremo. Sua relação com o ministério da justiça fez dele, entre os seguidores das religiões dos orixás, o senhor da justiça. Num mundo de tantas injustiças, desigualdades sociais, marginalização, abandono e falta de oportunidades sociais de todo tipo, como este em que vivemos, o orixá da justiça ganhou cada vez maior importância. Seu prestígio foi consolidado. Reiterou-se a posição de Xangô como o grande patrono do candomblé e grande protetor de todo aquele que se sente de algum modo injustiçado.
III: A corte do rei
A importância de Xangô na constituição do candomblé, que é brasileiro, pode ser identificada também quando examinamos as estruturas hierárquicas e a organização dos papéis sacerdotais do candomblé em comparação com o ordenamento dos cargos da própria corte de Oió, a cidade de Xangô. Não há dúvida que as sacerdotisas e sacerdotes que fundaram os primeiros templos de orixá no Brasil tinham grande intimidade com as estruturas de poder que governavam a cidade do Alafim. O candomblé é, de fato, uma espécie de memória em miniatura da cidade africana que o negro perdeu ao ser arrancado de seu solo para ser escravizado no Brasil.
Vejamos alguns dos cargos mais importantes da corte de Oió e sua correspondência com a hierarquia do candomblé de nação nagô.
Basorun – primeiro ministro e presidente do conselho real, que tinha mais poder que o próprio rei, exercendo também a função de regente quando da morte do rei até a ascensão do sucessor. No candomblé é título dado a homem que ajuda na administração do terreiro, um dos membros do corpo de ministros em terreiros dedicados a Xangô.
Alààpínní – chefe do culto de egungum. No Brasil, igualmente alto sacerdote do culto dos ancestrais.
Balògún – chefe militar. No candomblé, cargo masculino de chefia da casa de Ogum. O falecido oluô Agenor Miranda Rocha, foi, por mais de 70 anos, o balogum da Casa Branca do Engenho Velho.
Lágùnnòn – embaixador do rei que tinha como encargo o culto ao orixá Ocô, divindade da agricultura. No candomblé, espécie de ajudante do pai-de-santo na provisão do terreiro.
Akinikú – chefe dos rituais fúnebres. No Brasil, oficial do axexê, que pode ser um babalorixá ou ialorixá ou algum ebômi ou ogã especializado nos ritos mortuários.
Asípa – representante dos governadores das aldeias na corte de Oió e encarregado do culto ao orixá Ogum. No Brasil, dignidade masculina.
Isugbin – corpo de tocadores e musicistas do palácio. No candomblé são chamados alabês, nome que na África era dado aos escarificadores, os que faziam os aberês, as marcas faciais identificadoras da origem.
Ìlàrí – corpo de guardas da corte e de mulheres. Adoradores de Oxóssi e Ossaim, eram também uma espécie de mensageiros e provedores reais. No candomblé, sacerdotes que cuidam da casa de Ossaim.
Èkejì òrìsà – literalmente, a segunda pessoa do orixá, cargo sacerdotal da corte do Alafim, sacerdotisa que não incorpora o orixá, mas que cuida de seus objetos sagrados. No candomblé, equede, todas mulher não-rodante confirmada para cuidar do orixá em transe e de seus pertences rituais. O cargo, elevado na África, deu às equedes posição de relevo também no candomblé, onde têem o grau de senioridade.
Ìyá-nàsó – mãe do culto do Xangô do rei (divindade pessoal). No Brasil, nome de uma das fundadoras do candomblé e título feminino.
Ìyáalémonlé – encarregada de cuidar do assentamento pessoal do rei. Entre nós, quem cuida do assentamento principal do pai-de-santo.
Ìyá-lé-òrí – mãe dos ritos de oferecimento a cabeça do rei, mantém a representação material da cabeça do rei em sua casa. No candomblé preside o bori.
Ìyá mondè ou bàbá – Mulher que cultua os espíritos dos reis mortos. Chamam-na também de Bàbá. O alafim dirige-se a ela como “pai”, pois elas detêm a autoridade do “pai”, como as dirigentes da umbanda brasileira, também chamadas de babá.
Ìyá-le-agbò – prepara os banhos rituais do rei. No candomblé, mulher que cuida dos potes de amassi.
Ìyá-kèré – chefe das mulheres ilaris; é ela quem coroa o rei no ato de sua entronização. A atribuição, mantida, é hoje no candomblé da competência de pais e mães-de-santo que colocam no trono o novo chefe do terreiro nas ocasiões de sucessão.
Muitos outros títulos do candomblé foram tomados de outras cidades e instituições que não a corte de Oió, mas é inescondível a importância da cidade de Xangô na estruturação dos terreiros brasileiros de origem iorubá. De toda sorte, são variadas as adaptações, muitas vezes esvaziando-se o cargo de suas funções originais.
Com o sentido de reforçar a idéia do terreiro de candomblé como sucedâneo da África distante, para legitimar suas estruturas de mando e valorizar sua origem, cargos de tradição africana são recuperados e adaptados com certa liberdade pelos dirigentes brasileiros. Assim surgiram os obás ou mogbás de Xangô, conselho de doze ministros do culto de Xangô, instituído inicialmente no terreiro Axé Opô Afonjá na década de 1930 por sua fundadora Mãe Aninha Obabií, assessorada pelo babalaô Martiniano Eliseu do Bonfim, e depois reinstalado nos mais diferentes terreiros que têm Xangô como patrono. Os obás brasileiros de Xangô têm funções diversas daquelas africanas, mas os nomes dos cargos são referência constante à vida político-administrativa dos iorubás antigos. Eles são divididos em ministros da direita, com direito a voto, e ministros da esquerda, sem direito a voto. Cada um deles conta com dois substitutos, o otum e o ossi.
O conjunto dos obás da direita criados por mãe Aninha é constituído dos seguintes cargos: Abíódún (nome que designa aquele nascido no dia da festa); Àre (título que se dá a uma pessoa proeminente da corte); Àrólu (o eleito da cidade); Tèla (nome masculino da realeza de Oió); Odofun (cargo da sociedade Ogboni); Kakanfò (título do general do exército). Os da esquerda são: Onansòkun (pai oficial do obá de Oió); Aressá (título do obá de Aresá); Eleryin (título do obá de Erin); Oni Koyí (título do obá de Ikoyi); Olugbòn (título do obá de Igbon); e Sòrun (chefe do conselho do rei de Oió). Estes nomes designam hoje postos sacerdotais, dignidades religiosas; na África designavam cargos de homens poderosos que controlavam a sociedade ioruba e suas cidades.
Um rei africano era, antes de mais nada, um guerreiro. Guerras, conquistas, povoamento de novas terras, escravidão, descoberta e renascimento, tudo isso faz parte da história de Xangô, rei e guerreiro, como faz parte das memórias de nossa própria civilização de brasileiros. Mas Xangô é mais que história da África e mais que história do Brasil. Seu duplo machado visa a justiça para cada um dos dois lados que se opõem na contenda, suas pedras-de-raio são o santuário guardião das esperanças de tanta gente que padece em conseqüência das mazelas de nossa sociedade: desemprego, falta de oportunidades, incompreensão e dificuldade no trabalho, escassez de meios de sobrevivência, perseguição e disputas insanas, inveja, complicações legais de toda sorte, e tantas outras coisas ruins. Apelar a Xangô, para o devoto, é buscar alento, realimentar esperanças, prover-se de forças para a difícil aventura da vida.
Mas no terreiro em festa, sob o roncar frenético dos tambores, a dança de Xangô não é tão somente demonstração de energia e de força marcial, de cadência e de vitalidade, mas igualmente harmonia, graça e sensualidade. Xangô é duro, mas também se compraz com o bom da vida. O paladar de Xangô lembra as qualidades do bom glutão que não dispensa jamais o prazer da boa mesa, tanto que até nos faz pensar nele como um rei gordo e guloso. Tanto é assim que suas oferendas votivas devem ser sempre servidas em grande quantidade, pois Xangô aprecia que seus súditos comam muito e bem.
Seu prato predileto é o amalá, comida feita à base de quiabo, camarão, pimentas de várias qualidades, e tantos outros condimentos que são verdadeiras iguarias, utilizados pelas filhas-de-santo que muito apreciam e disputam a preparação da comida para os deuses. A comida servida no terreiro serve também para “reunir gente”, e Xangô é o orixá que mais as acolhe, pois toda corte é repleta de súditos e não seria diferente no terreiro, onde há sempre muita gente, muita dança e muita comida.
Além de orixá comilão, Xangô também é o grande amante e teve muitas mulheres como contam seus mitos. Um deles relata que Xangô era um rei poderoso, um dia apareceu em seu reino um grande animal que devorava a todos, homens, mulheres e crianças. Xangô, acompanhado de suas três mulheres resolveu enfrentar o animal monstruoso. Xangô amava suas esposas, mas amava também todos os homens e mulheres que o acercavam, e nada mais natural do que defendê-los de tal criatura. O ser monstruoso rugia e toda a terra tremia. Xangô não quis soldados para vencer o animal. Xangô lançou chamas de sua boca e derrubou o animal matando-o depois num só golpe com seu oxé. Vitorioso, Xangô cantou e dançou, estava feliz. Dali em diante foi ainda mais amado pelos homens e mulheres de seu povo e por todos aqueles que ouviram falar de seu feito.
No Brasil, o aspecto erótico da representação de Xangô foi muito atenuado em comparação a Cuba, onde seus gestos de dança insinuam relações sexuais e seus objetos de forma fálica enfatizam seu gosto pelo sexo. Mas mesmo entre nós é o orixá de muitas esposas. Tantas mulheres e tantas paixões carnais não reforçam e são a confirmação de que a vida pode ser plena das doçuras e gozos do amor? O que queremos dizer é que Xangô não nos remete tão somente aos aspectos sérios, circunspectos e duros dos compromissos do dia-a-dia, mas nos faz lembrar, sim, o tempo todo, que a vida é muito boa para ser vivida, e por isso mesmo temos que lutar por ela sem descanso. É por essa razão que o fiel sempre pede passagem para o rei, gritando para o povo reunido em festa: “Deixai passar, deixar passar Sua Majestade”, “Kaô, kaô Kabiessi”.
IV: As qualidades ou avatares de Xangô
Qualidade é o termo usado no candomblé para designar as múltiplas invocações ou avatares dos orixás, assim como no cristianismo, no caso de Nossa Senhora e Jesus Cristo, as qualidades referem-se a cultos específicos do orixá, em que são invocados aspectos diversos da sua biografia mítica, o que inclui as diferentes idades, as suas lutas e aventuras, sua glorificação e deificação etc.
No candomblé, os orixás dividem-se em vários orixás-qualidade, e se se acredita que cada ser humano, que é considerado filho ou descendente mítico do orixá, origina-se de um dos orixás-qualidade. Essas qualidades procuram dar conta do arquétipo de cada orixá, uma vez que se baseiam em mitos, e é por meio do oráculo do jogo de búzios que o pai ou mãe-de-santo determina de qual delas o filho-de-santo se origina.
Vejamos uma descrição de algumas qualidades que são objeto de diferenciação no culto de Xangô na liturgia de alguns terreiros afro-brasileiros.
Agodô
Sincretizado com São Jerônimo em terreiros onde o sincretismo ainda é observado; é aquele que, ao lançar raios e fogo sobre seu próprio reino, o destrói, como contado no mito apresentado neste trabalho. Gente de Agodô é do tipo guerreira, violenta, brutal, imperiosa, aventureira, amante da ordem e da justiça, mesmo que isso implique numa justiça pautada em seu próprio benefício.
Obacossô
Em sua passagem pela cidade de Cossô, Xangô recebe o nome de Obacossô, ou seja, o rei de Cossô. Conta o mito que, depois de passar pela terra dos tapas, Xangô refugiou-se na cidade de Cossô, mas a dor de haver destruído seu povo, levou o rei a suicidar-se. No momento da morte de Xangô, Iansã chegou ao Orum e, antes que Xangô se tornasse um egum, pediu a Olodumare que o transforme num orixá. Assim Xangô foi feito orixá pelo pedido de sua mulher Iansã. Os filhos de Obacossô são serenos, tiranos, cruéis, agressivos, severos, amorosos, moralistas.
Jacutá
É o senhor do edun-ará, a pedra de raio. Conta o mito que o reino de Jacutá foi atacado por guerreiros de povos distantes, num dia em que seus súditos descansavam e dançam ao som dos tambores. Houve muita correria, muita morte, muitos saques. Jacutá escapou para a montanha seguido de seus conselheiros, donde apreciava o sofrimento de seu povo. Irado, o rei chamou sua mulher Iansã, que, chegando com o vento, levou consigo a tempestade e seus raios. Os raios de Iansã caíram como pedras do céu, causando medo aos invasores, que fugiram em debandada. Mais uma vez, Jacutá fora acudido por Iansã, e mais, sua eterna amante deu-lhe, dessa feita, o poder sobre as pedras de raio, o edun-ará. Gente de Jacutá tem espírito de um velho pensador, justiceiro, incansável, brutal, colérico, impiedoso, preocupado com a causa dos outros.
Afonjá
Patrono de um dos terreiros mais tradicionais e antigos da Bahia, o Axé Opô Afonjá, é o Xangô da casa real de Oió. Nesse avatar Xangô Afonjá é aquele que está sempre em disputa com Ogum. Um dos mitos que relata tal passagem nos conta que Afonjá e Ogum sempre lutaram entre si, ora disputando o amor da mãe, Iemanjá, ora disputando o amor de suas eternas mulheres, Oiá, Oxum e Oba. Lutaram desde o começo de tudo e ainda lutam hoje em dia. No entanto, naquele tempo, ninguém vencia Ogum. Ele era ardiloso, desconfiado, jamais dava as costas a um inimigo. Um dia, Afonjá cansado de tanto perder as batalhas para Ogum, convidou-o para ter com ele nas montanhas. Afonjá sempre apelava para a magia quando se sentia ameaçado e não seria diferente daquela vez. Ao chegar no pé da montanha de pedra, Afonjá lançou seu machado oxé de fazer raio e um grande estrondo se ouviu. Ogum não teve tempo de fugir, foi soterrado pelas pedras de Afonjá. Xangô Afonjá venceu Ogum naquele dia e somente naquele dia. Por essas características que o mito mostra, filhos de Afonjá tem um espírito jovem e sábio, são feiticeiros, libertinos, tirânicos, obstinados, galantes, autoritários, orgulhosos, e adoram uma peleja.
Baru
Conta o mito em que Xangô recebe de Oxalá um cavalo branco como presente. Com o passar do tempo, Oxalá voltou ao reino de Xangô Baru, onde foi aprisionado, passando sete anos num calabouço. Calado no seu sofrimento, Oxalá provocou a infertilidade da terra e das mulheres do reino de Baru. Mas Xangô Baru, com a ajuda dos babalaôs, descobriu seu pai Oxalá preso no calabouço de seu palácio. Naquele dia, ele mesmo e seu povo vestiram-se de branco e pediram perdão ao grande orixá da criação, terminando o ato com muita festa e com o retorno de Oxalá a seu reino. Assim seus descendentes míticos agirão sempre como um jovem desconfiado, ambicioso, elegante, teimoso, hospitaleiro, galante; neste avatar, e somente neste, Xangô surge como um rei humilde e solidário com a causa de seu povo.
Airá
Em alguns terreiros de candomblé cultua-se um grupo de qualidades de Xangô que recebe o nome de Airá. Também se acredita que Airá seja um orixá diferente de Xangô e que participa de alguns de seus mitos. O mais comum é considerar-se Airá como um Xangô branco. Vejamos algumas das subdivisões de Airá.
Airá Intilé
É o filho rebelde de Obatalá. Airá Intilé foi um filho muito difícil, causando dissabores a Obatalá. Um dia, Obatalá juntou-se a Odudua e ambos decidiram pregar uma reprimenda em Intilé. Estava Intilé na casa de uma de suas amantes, quando os dois velhos passaram à porta e levaram seu cavalo branco. Airá Intilé percebeu o roubo e sabedor que dois velhos o haviam levado seu cavalo predileto, saiu no encalço. Na perseguição encontrou Obatalá e tentou enfrentá-lo. O velho não se fez de rogado, gritou com Intilé, exigindo que se prostrasse diante dele e pedisse sua benção. Pela primeira vez Airá Intilé havia se submetido a alguém. Airá tinha sempre ao pescoço colares de contas vermelhas. Foi então que Obatalá desfez os colares de Airá Intilé e alternou as contas encarnadas com as contas brancas de seus próprios colares. Obatalá entregou a Intilé seu novo colar, vermelho e branco. Daquele dia em diante, toda terra saberia que ele era seu filho. E para terminar o mito, Obatalá fez com que Airá Intilé o levasse de volta a seu palácio pelo rio, carregando-o em suas costas. Nesta qualidade, Airá Intilé dá a seu devoto um ar altivo e de sabedoria, prepotente, equilibrado, intelectual, severo, moralista, decidido.
Airá Ibonã
É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece a fogueira de Airá, rito em que Ibonã dança acompanhado de Iansã, pisando as brasas incandescentes. Conta o mito que Ibonã foi criado por Dadá, que o mimava em tudo o que podia. Não havia um só desejo de Ibonã que Dadá não realizasse. Um dia Dadá surpreendeu Ibonã brincando com as brasas do fogão, que não lhe causavam nenhum dano. Desde então, em todas as festas do povoado, lá estava Airá Ibonã, sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras.
Nessa qualidade, os seguidores de Airá têm espírito jovem, perigoso, violento, intolerante, mas são brincalhões, alegres, gostam de dançar e cantar.
Airá Osi
É o eterno companheiro de Oxaguiã. Um dia, passando Oxaguiã pelas terras onde vivia Airá Osi, despertou no jovem grande entusiasmo por seu porte de guerreiro e vencedor de batalhas. Sem que Oxaguiã se desse conta, Airá trocou suas vestes vermelhas pelas brancas dos guerreiros de Oxaguiã, misturando-se aos soldados do rei de Ejibô. No caminho encontraram inimigos ao que Osi, medroso que era, escondeu-se atrás de uma grande pedra. Oxaguiã observava a disputa do alto de um monte, esperando o momento certo de entrar nela, mas, para sua surpresa, percebeu que um de seus soldados estava de cócoras, escondido atrás da pedra. Sorrateiramente Oxaguiã interpelou seu soldado e para sua surpresa deparou-se com Airá que chorava de medo, implorando seu perdão, por haver enganado o grande guerreiro branco. Oxaguiã, por sua bondade e sabedoria, compadeceu-se de Airá Osi. No entanto, como punição pela mentira de Airá, decidiu que naquele mesmo dia o jovem voltaria à sua terra natal vestindo-se de branco e nunca mais usaria o escarlate, devendo dedicar-se a arte da guerra para poder seguir com ele em suas eternas batalhas.
Os filhos de Airá Osi são considerados jovens guerreiros, lutam pelo que querem, mas as vezes deixam-se enganar pela impetuosidade. São calmos, não tidos a trabalhos intelectuais, são amorosos, alegres e sentimentais.
São muitas as invocações ou qualidades de Xangô, que, como vimos, se juntam às outras tantas de Airá. Em diferentes países e regiões da diáspora africana em que a religião dos orixás sobreviveu e prosperou, há diferentes variantes das qualidades dos orixás, pois cada grupo, geograficamente isolado, ao longo do tempo, acabou por selecionar esta ou aquela passagem mítica do orixá. Muitas foram esquecidas, outras ganharam novos significados. Cada qualidade é representada por diferentes cores e outros atributos, de modo que, pelas vestes, contas e ferramentas, ritmos e danças, é possível identificar a qualidade que está sendo festejada, principalmente no barracão de festas dos terreiros. Não só por esses aspectos, mas também pelas oferendas votivas e pelos animais que são sacrificados em favor da divindade.
O culto se multiplica, o poder de Xangô se expande. Faces diferentes para outras faces. Diz um oriki:
Òlò áwá la wulú
Olodó òlò odó
Oyá walé ni ilè Irá
Sangò walé ni Kosó.
Senhor do som do trovão
Senhor do pilão
Oiá desaparece na terra de Irá
Xangô desaparece na terra de Cossô
Xangô de Oió, Xangô de Cossô. Da África e das América. Xangô é um e é muitos, mas, como indica o sentimento dos devotos, essa multiplicidade pode ser reunida numa só pessoa: Xangô. É o mesmo que dizer, nas palavras de pai Pércio de Xangô, babalorixá do Ilê Alaketu Axé Airá: É tudo Xangô.
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Resumo:
Partindo do relato mítico do orixá do trovão na história dos povos iorubás, o texto trata da importância do culto africano de Xangô na formação de ritos e cargos do candomblé instituído no Brasil. Apresenta principais variações rituais inscritas nos avatares do orixá e nos arquétipos de personalidade de seus filhos. Mostra também como muitos postos e títulos usados no candomblé correspondem a adaptações feitas a partir da estrutura administrativa da cidade de Oió, da qual Xangô teria sido um dos primeiros governantes e da qual é o grande patrono.
Reginaldo Prandi:
Professor Titular de Sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de Os candomblés de São Paulo (1991), Herdeiras do axé (1996), Mitologia dos orixás (2000), Encantaria brasileira (organizador, 2001), Segredos guardados (2005), e dos infanto-juvenis Os príncipes do destino (2001), Ifá, o Adivinho (2002), Xangô, o Trovão (2003), Oxumarê, o Arco-Íris (2005), Minha querida assombração (2003), entre outros livros.
Armando Vallado:
Mestre e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, é babalorixá do candomblé Casa das Águas, e autor do livro Iemanjá, a grande mãe africana do Brasil (2002).