O FUNDO DA FOLIA continua realizando regularmente suas ações de limpeza do fundo do mar na orla de Salvador.
Em meio ao lixo recolhido, temos encontrado diversos objetos usados em oferendas religiosas. Veio a reflexão: que atitude tomar em relação a estes objetos?
Presente em meio ao lixão submarino.
O projeto ficou dividido. Alguns acham que não devemos realizar a coleta por receio de “retaliações espirituais”, por consideração aos devotos ou apenas por desconhecimento do assunto. Preferem nem tocar nos “presentes”, deixando-os ao sabor das ondas, mesmo que representem riscos aos banhistas a exemplo de louças e vidros quebrados.
Oferendas quebradas.
Entretanto, a maioria acredita na necessidade da coleta com sua destinação adequada por respeito às entidades religiosas. Pensam na importância da ação para a natureza que além de ser a fonte de todas as crenças, agoniza por imediata proteção e melhores cuidados.
Em rápida busca pela internet descobri diversas abordagens sobre o tema. Religiosos e simpatizantes de várias doutrinas, em maioria, acham necessários os rituais com pouco ou nenhum impacto negativo.
Objetos que podem machucar banhistas.
Uma das correntes, por exemplo, sugere o uso de orgânicos como folhas para montar os invólucros e frutas como alimentos. Que se pode usar flores, perfumes e bebidas sem que as embalagens façam parte da oferta. Que tudo que não for orgânico desperta, inclusive, a tristeza da Rainha dos Mares.
Outra corrente, mais radical, condena até o uso de orgânicos. Alega que o poder da espiritualidade está na fé e não na oferta de quaisquer bens. Que a essência das religiões reside nas orações e nos cânticos de agradecimento com pedidos de boas vibrações para tudo e para todos. E o oceano é o elemento de conexão com o mundo imaterial devendo estar sempre limpo e saudável.
Trabalho intenso!
Penso que o uso de orgânicos seja um avanço embora simpatize com a ala mais radical. Estou certo que é possível harmonizar as vontades humanas com as necessidades da natureza, as bênçãos dos Orixás e demais forças de outras religiões.
Entendo que Iemanjá, por exemplo, não precisa dos frascos das alfazemas, dos plásticos que arrumam as flores, dos pregos que armam os cestos, dos pratos, garrafas, velas, colares, espelhos e adereços que, com o melhor dos desígnios, são lançados ao oceano em grande volume.
Vale aumentar o foco nas orações e nos cantos, e reduzir as obrigações com ofertas materiais. Além de praias limpas e rituais sustentáveis haverá resultados positivos em favor da educação e cultura das pessoas da nossa terra. Estou certo que os deuses vão amar!
Vidros, metais, plásticos…
Assim, pelo entendimento da maioria, seguimos com a nobre missão de limpeza do fundo do mar das nossas praias coletando todos os tipos de resíduos poluentes, inclusive os das oferendas.
Uma missão que nos foi confiada por alguma força do bem, como um ato voluntário de solidariedade coletiva, cujo desígnio primordial é cuidar carinhosamente dos belos jardins ainda saudáveis da casa de Iemanjá.
É isso que fazemos, com o coração!
FONTE:https://bbmussi.wordpress.com/2015/12/28/entre-lixo-oferendas-e-o-coracao/