É contrário à tradição Yorubá não se casar quando é chegada a idade para tal.
Atingida a idade considerada ideal, isto é, 30 anos para o homem e 25 para a mulher, a maioria das pessoas se casam, ainda que muitas vezes com o intento de salvaguardar a dignidade da família ou, no caso dos homens de encontrar alguém que se ocupa do lar.
Produtos da vida moderna, entretanto, existem homens que, apesar de prontos para o matrimônio, evitam compromissos duradouros.
Antes da aproximação das famílias dos noivos, é sempre costume o pretendente investigar o estado de saúde dos pais da moça, a fim de assegurar de que eles não sofrem de males como a lepra, a epilepsia, o alcoolismo ou a insanidade.
Essas incursões na intimidade dos parentes da mulher visam garantir a paz da vida do casal.
A família do rapaz em princípio escolhe a moça com quem ele vai se casar, mas, aquela só se aproxima da família desta ao se satisfazer com os antecedentes da moça.
A aproximação pode ser realizada direta ou indiretamente.
A família da moça não tem prazo para responder se aceita ou não o pedido da família do pretendente.
Nesse ínterim, os parentes da moça são consultados sobre a pertinência do casamento.
Caso não haja anuência para a união, a família responde que a consulta a Ifá Oráculo, foi negativa.
Caso contrário, a família da moça dá a conhecer sua aquiescência através de um mensageiro.
A formalização do casamento só dá após o anúncio de ” Ifá fo re” (= Ifá consentiu) cerimônia conhecida por “Ijòhun) (= resposta à voz) ou “Iyinfá (= elogios de Ifá).
Em teoria, o casal não tem direito de mater relações sexuais pré-nupciais, além disso, a moça não deve se encontrar com seu noivo nem com a família deste por nove dias após o início do noivado.
Como em qualquer sociedade, entre os Yorubás existem comportamentos considerados anormais.
Homens e mulheres que não se casam na idade adequada e vivem de relações extra-conjugais não são considerados pelo chefe da comunidade.
Com o início do noivado,o pretendente assume algumas obrigações para com os sogros.
Em primeiro lugar, obriga-se a dar-lhes uma pequena parcela da produção em geral em época de colheita, além disso, deve servi-lhes como mão de obra para serviços gerais numa necessidade.
Por último, o noivo deve presentear os sogros com dinheiro e bens material e prestar auxilio no caso de morte de parente da moça.
Ao morrer um idoso, fala-se em “morte alegre”.
O casamento em si simboliza a conclusão de um contrato entre duas famílias através do qual se confere uma mulher a um homem.
Para tanto, a família do rapaz paga certa quantia em dinheiro que, por exemplo, era de 5 libras até 1918 na cidade de Abeokutá.
Ao se casar, o homem se torna o “oko” (=marido) e a mulher a iyawo (=esposa), designação esta, aliás, que os parentes do rapaz doravante também empregarão.
Na noite em que a esposa se muda para casa do marido, as duas famílias se reúnem.
A primeira obrigação da moça na ocasião é pedir ao pai aconselhamento e benção.
Ajoelhada, a noiva ouve do pai os conselhos de como obedecer ao marido e a sua família.
Isso feito, o pai lhe augura proteção divina e fecundidade.
Uma vez instalada a esposa, o marido pode passar a primeira noite com ela. Se,entretanto, a mulher não for mais virgem, o marido pode denunciá-la a seus pais e ela poderá ser devolvida pelo marido.
Passados 8 dias na casa do marido, a esposa realiza um trabalho simbólico a fim de demonstrar sua lealdade ao esposo: faz a limpeza dos arredores da casa e trás água para família do marido.
Em princípio, o casamento pressupõe uma união vitalícia, para cuja estabilidade contribui, além do sentimento envolvido, a existência dos filhos.
No entanto, a mulher pode se divorciar do marido em situações específicas: se ele se envolver com criminosos, tornar-se viciado ou preguiçoso, contrair uma doença grave.
Se o marido morrer antes da mulher, o irmão daquele é obrigado, se solteiro, a esposá-la e adotar seus filhos, passando a prover sua subsistência.
Antes da reunião do casal são feitos sacrifícios pela boa sorte na nova vida.
Desde a ocupação britânica, a instituição do casamento sofreu mudanças.
A pesar de ainda não existirem resistências às mudanças, já se instauraram diversas novidades em relação ao matrimônio tradicional.
Em 1937 ocorreu a primeira conferência de chefes de comunidade sobre a necessidade de se uniformizar a prática matrimonial entre os diferentes grupos étnicos.
Entre outros, fixaram o valor que o noivo deveria pagar para obter o direito de se casar.
Basicamente, introduziram-se 3 mudanças na instituição do casamento entre os Yorubás: a primeira foi a possibilidade de duas pessoas se casarem sem a ausência da família, sem pagamento de dote e sem qualquer formalidade matrimonial; a segunda foi o abandono do casamento forçado de moças em idade infantil, por fim a terceira foi a popularização do divórcio.
Dezembro 11, 2011 por Fernando D'Osogiyan
http://ocandomble.wordpress.com/2011/12/11/instituicao-do-casamento-yoruba/
Nigéria- Histórias e Costumes de Michel Ademola Adesoji