CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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domingo, 6 de março de 2011

Escola onde estudante sofreu discriminação religiosa pede desculpas ao aluno





 A Faetec emitiu um comunicado oficial ontem pedindo desculpas publicamente ao aluno Felipe Gonçalves Pereira, de 13 anos. Em junho do ano passado, o adolescente foi expulso da sala de aula aos gritos de "filho do capeta" pela professora. Desde então, está em tratamento psicológico.



Assinado pela professora Maria Cristina Lacerda, vice-presidente educacional da Faetec, o documento afirma que a escola abrirá uma sindicância:



- Nós repudiamos qualquer tipo de preconceito. Incentivei a regulamentação do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Ações Afirmativas. O fato ocorreu e a diretora tomou ações pedagógicas. Infelizmente, não tínhamos ciência que o caso não tinha sido resolvido.



Preconceito na aula



A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, afirmou que, durante suas visitas às Coordenadorias Regionais de Educação tem deixado claro o princípio de uma escola pública laica, em que não há pregação e intolerância religiosa.



- A religiosidade deve entrar em sala de aula como cultura geral, numa aula de história, por exemplo, e não como pregação. É condenável que pais, alunos e professores tenham preconceito. O professor que discriminar o aluno sofrerá sindicância, se ele for a vítima de discriminação deve enfrentar a situação como uma oportunidade educacional para orientar um aluno que, geralmente, repete atitudes aprendidas dentro de casa. O pai deve ser advertido e, em casos mais graves, a autoridade policial deve ser chamada.



A secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, repudiou os atos, mas decidiu aguardar a sindicância. A Secretaria estadual de Educação explicou que o ensino religioso é oferecido apenas aos alunos que desejam ter a disciplina e que as aulas são voltadas para cada fé.



'Agora está sendo feita Justiça'

Após sete meses lutando e remoendo o preconceito contra seu filho, finalmente Enedi Andréa Gonçalves Ranito, de 35 anos, pôde tirar um pouco do peso da discriminação das costas.



- Estou sentindo que começa a ser feita Justiça. Não é fácil ver um filho ser agredido e não poder fazer nada. Sabia que a discriminação era crime, mas não entendia as leis, não sabia o que fazer. Agora, não estou mais me sentindo sozinha. Estou protegida - disse Andréa.



Felipe, finalmente, também sentiu-se aliviado:



- Agora, estão fazendo Justiça. Sinto pena e raiva da professora. Ainda não esqueci. Crianças têm que denunciar a intolerância, isso fará bem à nossa religião.



Nota contra a intolerância



Leia, na íntegra, o comunicado da Faetec, assinado pela professora Maria Cristina Lacerda, vice-presidente educacional da Faetec:



"A Faetec vem de público pedir desculpas ao aluno Felipe Gonçalves Pereira, familiares e a toda comunidade religiosa do Candomblé, pelo fato ocorrido nas dependências de uma de suas unidades escolares.

Devemos esclarecer que esta gestão adota, desde 2007 quando assumiu, uma política de reconhecimento e respeito a todos os grupos étnicos, raciais e religiosos, repudiando qualquer forma de preconceito/discriminação. Inclusive em 8 de agosto de 2007, através da Resolução Conjunta SECT/FAETEC n 03 foi regulamentado o Núcleo de Estudos Étnicos Raciais e Ações Afirmativas (NEERA) com o objetivo, dentre outros, de desenvolver valores éticos e ações para combater o racismo, o preconceito e outras formas de discriminação e Violações de Direitos Humanos na rede Faetec.

Quanto ao caso do aluno Felipe Gonçalves Pereira, ações pedagógicas foram tomadas e uma sindicância irá apurar administrativamente a questão".Colaborou Letícia Vieira

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