Nosso Babalorixá Alexandre de Odara
e
Nathália de Yewá
Pensar no sacerdote é pensar em alguém frágil, pecador, carregado de muitos defeitos e limitações e que um dia, não só por sua decisão própria de querer seguir as leis da natureza, mas por vontade da mesma, que discerniu a sua vocação através de vários anos de caminhada, foi
"consagrado sacerdote".
Quer dizer, foi chamado e considerado apto para ser no mundo uma presença viva de seu Orixá, um "outro Representante", e recebeu como missão fazer de sua vida uma transparência de amor e revestir todos os seus atos de carinho, de perdão e de misericórdia em favor de todos os que necessitam de seu Deus interior. Pela ordenação sacerdotal, tornou-se irmão universal, dedicado totalmente ao serviço das leis do Universo.
O sacerdócio em seu Templo, não é um ministério passageiro, que pode ser assumido por um determinado espaço de tempo e depois, uma vez cansado, se devolve para reassumir outra atividade como se nada tivesse acontecido na sua vida.
Nenhum sacerdote poderá esquecer o dia em que se prostrou diante do altar e, pelo ministério Sobrenatural, foi ordenado sacerdote, e publicamente assumiu continuar a memória de dos Orixás pela celebração do ministério.
A ele foi dada a mesma ordem que o Cristo deu naquela noite da Última Ceia: "Fazei isto em minha memória".
O sacerdote não se ordena a si mesmo, não chama a si mesmo, não escolhe a si mesmo, mas é chamado e escolhido.
E toda escolha sobrenatural não é outra realidade senão um gesto de amor que não tem explicação humana é um ato de amor que só o Amor pode explicar: Ser sacerdote é ter a consciência de que um dia fomos chamados do meio do povo, consagrados e devolvidos ao povo, para servi-lo.
Agir na pessoa de seu Orixá exige constante esforço de se despir de todos os pecados e limitações para que a beleza e a grandeza de Olorum possa resplandecer em toda a sua luz.
Não há sacerdote que não deva ser consciente disso.
Há, deve haver, em todo sacerdote, o desejo, o imperativo de ser bom, de ser santo, de pulverizar mais pela vida que pela palavra.
Todo sacerdote, quando se espelha no modelo "Orixá", sente tremer a sua consciência e é tomado pelo temor santo que tomou conta dos profetas que, diante do Deus altíssimo, sentiam toda a fragilidade e toda própria pecaminosidade.
Quem és tu, sacerdote?
Alguém que, um dia, pela graça de Deus foi chamado a seguir os passos de seu Orixá.
Seduzido pelo serviço apostólico, profético, percebeste que o anúncio dos Odus era o teu único desejo; que servir o povo no desinteresse e na caridade era o teu sonho; que colocar-se na escuta do grito de tantos irmãos e irmãs esmagados, sofridos pela injustiça e pelo pecado, era o teu único desejo.
E por isso aceitaste com alegria ser "sacerdote", deixando atrás de ti sonhos meramente humanos.
Não te apavores, se nestes últimos tempos, por todos os lados, tentam deformar, denegrir, sujar a imagem do sacerdócio.
Em tempo de crise, devemos viver com maior intensidade os valores da vida sacerdotal. A consagração sacerdotal não elimina a sedução do pecado nem vacina contra as tentações que experimentamos no dia-a-dia.
Quem és tu, sacerdote?
Alguém que foi ungido e foi chamado a ser Orixá vivo no mundo em que vive. Consciente de nossa fragilidade, devemos pedir a graça da fidelidade, caminhar de cabeça erguida e nunca nos sentir envergonhados por ser de Cultos de Matrizes Africanas.
Cheios de uma grande alegria por ser sacerdote, anunciemos oportuna e inoportunamente os Odus dos Orixás, vigiemos para não cair.
Carregar o cajado de Obatalá para chegar à ressurreição é o caminho de cada devoto, mas especialmente de cada sacerdote.
Quem és tu, sacerdote?
"Para você, quem sou eu?
É Exú Odara quem responde por todos: "Tu és o primogênito do Universo, o Filho do Oxalá e Oxum o companheiro de Oxetura imalé.
Assim, tu, sacerdote, és seu próprio Orixá, o ungido de Olorum, enviado para ser a palavra de consolo e conforto.
Felizes somos nós quando formos caluniados, desprezados por causa de Cristo.
E quando sofremos pelos nossos pecados, dobremos os joelhos, peçamos perdão e continuemos o caminho até o encontro definitivo com Orixá, justo juiz que nos julgará sobre o amor.
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