Arte Ife: uma herança surpreendente e sofisticada da Nigéria
Poucas civilizações na África Subsariana são tão famosas pela sua arte e a sua cultura como a de Ife, antigo reino e terra natal do povo yoruba na Nigéria
Os seus artistas criaram uma obra escultórica única, que se conta entre as esteticamente mais prodigiosas e tecnicamente mais aprimoradas do continente negro.
Técnica e visualmente, as obras de arte da antiga Ife contam-se entre as mais importantes do mundo. Incluem cabeças de tamanho natural e figuras humanas em terracota e bronze, vasos de cobre quase puro – uma façanha que, segundo os peritos, Gregos, Romanos e Chineses nunca conseguiram levar a cabo –, esculturas de quartzo e granito, peças em cobre, pedra e cristal, e também miniaturas de deliciosas representações de animais domésticos e selvagens em terracota e pedra, exemplares dos monumentais menires de granito, expressivas caricaturas de anciãos, figurações de doenças atrozes, monstruosas configurações imaginárias e vívidas figuras de animais.
Trata-se de objectos de grande força visual, complexidade icónica e variedade de formas, que revelam a extraordinária mestria criativa e técnica dos artistas e o gosto dos mecenas e cidadãos de Ife.
A sofisticação alia-se à audácia tecnológica e às notáveis qualidades estéticas e o resultado é uma visão do brilhantismo da civilização Ife, que possibilita a compreensão de preocupações culturais e da profunda importância da arte como testemunho histórico.
Os factores “dinastia” e “divindade” ajudaram a modelar excepcionais obras escultóricas, incomparáveis com outras expressões africanas, recriando, de algum modo, os diferentes âmbitos da cultura Ife, como o político e o religioso.
Situada no Sudoeste da Nigéria, Ife teve o seu apogeu entre os séculos XII e XV, quando foi a capital da região. Na actualidade, a cidade de Ife continua a ser o coração espiritual dos Yoruba. Aliás, de acordo com uma das múltiplas versões da tradição, esta cidade foi o palco escolhido pelos deuses para descerem e criarem o mundo.
Independentemente das inspirações, o certo é que quando se deram a conhecer as primeiras mostras da actividade Ife, o etnógrafo alemão Leo Frobenius adiantou que a única explicação possível para tal semelhança com o realismo idealista do classicismo grego patente nas figuras era uma eventual colónia grega na mítica Atlântida que tivesse levado a arte clássica às selvas da Nigéria. Os especialistas afirmam que foi a partir do ano 1000 que se desenvolveu verdadeiramente a arte escultórica que deu fama a Ife, elevando-a aos píncaros das artes africanas
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