Yemanjá Branca – Umbanda e Catolicismo
No processo de formação da Umbanda, seus traços africanos originais são deixados de lado, assumindo características inteiramente européias
Na África, Yemanjá governa a fertilidade e a maternidade das mulheres e também a colheita do inhame novo. E no Brasil a sua ascensão ocorreu à posição de grande mãe, perdendo suas características de mulher guerreira e de amante ardorosa, em função de sua associação com Nossa Senhora, a mãe virgem e casta. Mesmo considerada agora o Orixá do Mar, Yemanjá continua a ser saudada no Candomblé com a expressão originalmente africana “Odoiyá”, que significa Mãe do Rio, mas foi sua filha Oxum que herdou no Brasil todos os rios e regatos.
Outro aspecto de Yemanjá no Brasil a liga à figura da Rainha do Mar, personagem importante na vida dos pescadores. Este aspecto marítimo desenvolveu-se associando Yemanjá à figura da sereia, não só a européia, mas também a africana.
Como figura marinha, Yemanjá desempenha duplo papel.
De um lado ela é a mãe que propicia a pesca abundante – que controla o movimento das águas, ondas e marés – da qual depende a vida do pescador. De outro ela é a sereia sedutora, sexy, que atrai o pescador, o ama e o mata ou o deixa morrer nas profundezas do mar para onde o leva e onde o prende para amá-lo.
Quanto mais o papel de Yemanjá como mãe se fortaleceu, mais foi se aproximando da mãe dos católicos, Nossa Senhora, com a qual é sincretizada nas diversas regiões do Brasil.
Tanto é assim que suas festas mais importantes são comemoradas de acordo com o calendário católico. Com o surgimento da Umbanda na década de 1930, Yemanjá tem reforçado seu papel de mãe estritamente associada à Nossa Senhora. Ela assume aspectos que deixam de lado – conforme se dá em todo o processo de formação da Umbanda – seus traços africanos originais, assumindo características inteiramente européias.
Ela agora é branca, de longos cabelos negros e lisos, usa um vestido azul de mangas longas, trazendo na cabeça um diadema em forma de estrela.
Ela é Stella Maris, como é Nossa Senhora.
Embora ela seja a Grande Mãe da Umbanda, ao lado do Grande Pai que é Oxalá, seu papel cotidiano Umbandista é bastante reduzido. Ela assume a chefia de falanges de “espíritos de luz”, comandando espíritos de Caboclos e Iaras que, muitas vezes, recebem nomes alusivos a tal aspecto, como exemplo: Caboclo do Mar, Caboclo Estrela do Mar, Janaína, Cabocla Iara etc.
Na Umbanda, o duplo aspecto de Yemanjá como mãe e amante ficou limitado apenas ao primeiro, sendo que os aspectos ligados à sexualidade foram transferidos para outra entidade que é a Pombagira, associada à condutas muitas vezes consideradas imorais pela sociedade. É portanto na Umbanda que Yemanjá, como mãe, teve sua elaboração mais próxima das concepções da sociedade brasileira inclusiva, ou seja, da sociedade branca.
Outras formas de contato com a Rainha do Mar, a julgar pela crescente presença da população nas festas celebradas nas praias brasileiras – se não for fé, pelo menos pela emoção da participação coletiva – tornam possível declarar Yemanjá como o Orixá mais popular do Brasil, visto pelo povo do Candomblé, pelo povo da Umbanda ou ainda pela sociedade como um todo.
Fonte: Yemanjá, a Mãe Poderosa – Armando Vallado
Le Monde Diplomatique
Na África, Yemanjá governa a fertilidade e a maternidade das mulheres e também a colheita do inhame novo. E no Brasil a sua ascensão ocorreu à posição de grande mãe, perdendo suas características de mulher guerreira e de amante ardorosa, em função de sua associação com Nossa Senhora, a mãe virgem e casta. Mesmo considerada agora o Orixá do Mar, Yemanjá continua a ser saudada no Candomblé com a expressão originalmente africana “Odoiyá”, que significa Mãe do Rio, mas foi sua filha Oxum que herdou no Brasil todos os rios e regatos.
Outro aspecto de Yemanjá no Brasil a liga à figura da Rainha do Mar, personagem importante na vida dos pescadores. Este aspecto marítimo desenvolveu-se associando Yemanjá à figura da sereia, não só a européia, mas também a africana.
Como figura marinha, Yemanjá desempenha duplo papel.
De um lado ela é a mãe que propicia a pesca abundante – que controla o movimento das águas, ondas e marés – da qual depende a vida do pescador. De outro ela é a sereia sedutora, sexy, que atrai o pescador, o ama e o mata ou o deixa morrer nas profundezas do mar para onde o leva e onde o prende para amá-lo.
Quanto mais o papel de Yemanjá como mãe se fortaleceu, mais foi se aproximando da mãe dos católicos, Nossa Senhora, com a qual é sincretizada nas diversas regiões do Brasil.
Tanto é assim que suas festas mais importantes são comemoradas de acordo com o calendário católico. Com o surgimento da Umbanda na década de 1930, Yemanjá tem reforçado seu papel de mãe estritamente associada à Nossa Senhora. Ela assume aspectos que deixam de lado – conforme se dá em todo o processo de formação da Umbanda – seus traços africanos originais, assumindo características inteiramente européias.
Ela agora é branca, de longos cabelos negros e lisos, usa um vestido azul de mangas longas, trazendo na cabeça um diadema em forma de estrela.
Ela é Stella Maris, como é Nossa Senhora.
Embora ela seja a Grande Mãe da Umbanda, ao lado do Grande Pai que é Oxalá, seu papel cotidiano Umbandista é bastante reduzido. Ela assume a chefia de falanges de “espíritos de luz”, comandando espíritos de Caboclos e Iaras que, muitas vezes, recebem nomes alusivos a tal aspecto, como exemplo: Caboclo do Mar, Caboclo Estrela do Mar, Janaína, Cabocla Iara etc.
Na Umbanda, o duplo aspecto de Yemanjá como mãe e amante ficou limitado apenas ao primeiro, sendo que os aspectos ligados à sexualidade foram transferidos para outra entidade que é a Pombagira, associada à condutas muitas vezes consideradas imorais pela sociedade. É portanto na Umbanda que Yemanjá, como mãe, teve sua elaboração mais próxima das concepções da sociedade brasileira inclusiva, ou seja, da sociedade branca.
Outras formas de contato com a Rainha do Mar, a julgar pela crescente presença da população nas festas celebradas nas praias brasileiras – se não for fé, pelo menos pela emoção da participação coletiva – tornam possível declarar Yemanjá como o Orixá mais popular do Brasil, visto pelo povo do Candomblé, pelo povo da Umbanda ou ainda pela sociedade como um todo.
Fonte: Yemanjá, a Mãe Poderosa – Armando Vallado
Le Monde Diplomatique
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