Revista Nures nº 5 – Janeiro/Abril 2007 – http://www.pucsp.br/revistanures
Núcleo de Estudos Religião e Sociedade – Pontifícia Universidade Católica – SP
Revista Nures – http://www.pucsp.br/revistanures
Dois de fevereiro, Dia de Iemanjá, Dia de Festa no Mar •
Leila Maria da Silva Blass
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Resumo - São analisadas, neste artigo, as ritualidades dos festejos de 2 de fevereiro,
quando se comemora, em Salvador (Bahia), o dia de Iemanjá cujas raízes estão no
candomblé, na fé e confiança na ação protetora de Iemanjá que o trabalho cotidiano nas
águas do mar requer. Movidos pelos mesmos sentimentos, os pescadores participam da
missa no dia 29 de junho, em homenagem a São Pedro, realizada na vizinha Igreja Católica
de Sant’ Ana, também localizada na praia do Rio Vermelho.
Busco, de um lado, desvendar qual o sentido da festa de/ para Iemanjá atribuído por
quem a promove, ou seja, os pescadores da Colônia da praia do Rio Vermelho. De outro,
explorar as fronteiras do sagrado e do profano, delimitadas pelo espaço religioso
propriamente dito.
Palavras-chave:- Iemanjá; festas religiosas; candomblé; Brasil; sagrado; profano; Salvador.
........
Quem foi que mandou o seu amor
Se fazer de canoeiro
O vento que rola nas palmas
Arrasta o veleiro
E leva pro meio das águas
de Iemanjá
E o mestre valente vagueia
Olhando pra areia sem poder chegar
......
Conto de areia
Romildo Bastos/ Toninho Nascimento
Introdução
• Este texto é uma versão modificada do artigo já publicado na revista Projeto História nº 28, São
Paulo, junho de 2004; pp.131-149. Foi também apresentado na 25ª Reunião Brasileira de
Antropologia realizada em Goiânia, Goiás, de 11 a 14 de junho de 2006.
Conto de areia é uma dentre muitas composições do cancioneiro popular brasileiroi
que reverencia Iemanjá, “personagem de mitos, lendas, músicas e poesias”. Para Bernardo
(2003), “é mãe e esposa. Ela ama os homens do mar e os protege. Mas quando os deseja,
ela os mata e torna-os seus esposos no fundo do mar”.ii
As imagens inspiradoras para muitos poetas, da mulher guerreira, protetora, sensual,
branca de olhos azuis ou negros, cabelos longos e pretos; muitas vezes, mestiça, delicada,
vaidosa, voluntariosa, caprichosa são re-significadas, nas terras brasileiras, de "rio para
mar". Essas múltiplas imagens propiciam, conforme essa autora, que "a comunicação, a
união de todos os africanos que viveram a diáspora. Deixou o rio para sua filha, e assim,
Oxum pode continuar a representar as águas doces, as águas claras...”iii
O imaginário africano não sucumbiu, portanto, sob o peso da escravidão. Adverte
Montes (1997), “se o cativeiro subjuga o corpo, nem por isso rouba ao escravo sua alma”.iv
Desse modo, as imagens associadas a Iemanjá põem a descoberto o mosaico das heranças
culturais e das experiências históricas constituintes do processo de formação social das
institucionalidades brasileiras.
As oferendas e agrados dados a Iemanjá, no dia 2 de fevereiro, reportam ao legado
da diáspora africana onde, no contexto de um sistema de referências cosmológicas, pontua
Montes (1997), "objeto criado tem função e finalidade com relação ao sagrado".v
Nessa festa, todos presenteiam a “dona do mar” para receber e/ ou retribui as graças
já recebidas. Quais seriam essas graças? Enquanto festa do trabalho, tema ainda pouco
explorado pelos cientistas sociais no Brasil, os pescadores, esperam pesca abundante, mar
calmo e tempo bom.
Apesar do seu caráter religioso, essa festa, como tantas outras que ocorrem no
Brasil, permeia a vida, estando integrada no conjunto das atividades sociaisvi. Desse ponto
de vista, celebra o trabalho dos pescadores e (co)memora a produção pesqueira passada e
futura a fim de garantir a oferta e abundância da pesca, enquanto alimento para o corpo de
homens e mulheres.
Este aspecto profano, na realidade talvez um dos mais sagrados, motiva e justifica a
própria festa de Dois de Fevereiro em Salvador, pois a pesca artesanal com rede perto da
praia constitui a forma predominante de pesca em Rio Vermelho. Essa prática, apesar de
pouco prestigiada no universo dos pescadores, é bastante difundida em várias partes do
mundo, sendo "extremamente importante como fonte de alimentos" (Lanna, 1995: 138).
São tantos os relatos sobre as aventuras e desventuras no trabalho com pesca que,
comenta Sousa (2001), “só os pescadores – por trilharem os caminhos de Iemanjá – sabem
contar”.vii Por viverem do mar e no mar, eles pedem proteção para manter a própria vida
no exercício do seu trabalho que se sustenta em uma rede de sociabilidade e de
solidariedade e se entrelaça à natureza e ao imaginário povoado de encantados, deuses e
demônios. As festas, propiciando momentos de contemplação e de reverência, estreitam
esses vínculos e mostram o trabalho da festa.
A festa de Iemanjá suscita uma pluralidade de temas para reflexão sociológica,
abrangendo, por exemplo, um conjunto de práticas de trabalho concreto e abstrato que
ganham significado mais amplo mediadas pelo sagrado. As práticas de trabalho concreto
dizem respeito à pesca e à manutenção da fertilidade e oferta de peixes, como fonte
alimentar e de rendimentos para os pescadores. As práticas de trabalho abstrato relacionamse
aos assalariados na festa, ou seja, os que estão empregados nos hotéis e restaurantes
destinados, principalmente, aos turistas que chegam à cidade de Salvador, em pleno verão;
ou mesmo, os que estão nos trios elétricos, bares e barracas instaladas nas vias públicas
próximas aos lugares da festa.
A festa vira do avesso a noção moderna de trabalho, fundada na fragmentação das
práticas sociais e no desencantamento do mundo, fundada na oposição trabalho, lazer e
festa; ou na separação entre trabalho e não trabalho, uma das marcas do projeto da
modernidade construído na Europa Ocidental.viii
Os devotos do candomblé, que podem ou não coincidir com os promotores centrais
da festa, “batem a céu aberto” na terra firme a beira-mar e em alto-mar, levando seus
praticantes “ao transe”, ou seus participantes a viver momentos de possessão pelos orixás
como parte dos rituais da festa para Iemanjá.
Nesse festejar, revelam-se crenças, visões de mundo e de sociedade onde as relações
sociais estão inseridas na natureza e no sobrenatural. Durante todo o dia, os olhares estão
completamente voltados para o mar, contemplando a “força enorme” que vem das suas
profundezas. A mesma força necessária para se enfrentar os desafios da vida cotidiana.
Desse ponto de vista, as práticas sociais preservam mitos. Conforme escreve
Campbell (1992), na mitologia, “as deusas, sereias e bruxas que frequentemente aparecem
como guardiãs ou manifestações da água (...) podem representar tanto o seu aspecto
ameaçador quanto promotor de vida”. Sendo a água, “o veículo do poder da deusa.”
Iemanjá, enquanto divindade, simboliza "a procriação e a maternidade, é
considerada popularmente, como a mãe de todos os outros orixás”ix cuja personalidade se
caracteriza pela paciência e rigor. Por isso, ”a ela são consagradas todas as cabeças. A
inteligência e o equilíbrio do mundo lhe pertencem".x
Na morada de Iemanjá, construída ao lado da Igreja Católica de Sant’ Ana, essas
imagens aparecem nas suas paredes. No pátio em frente à porta principal, uma escultura de
Manoel do Bonfim mostra a rainha, reinando imponente na figuração de sereia do mar!
É importante lembrar que, embora Verger (1981) tenha registrado, detalhadamente,
a vida cotidiana em Salvador, nos meados do século XIX, não menciona essa festa no
contexto do ciclo de festivo, dessa cidade, “que se renova a cada ano, seguindo tradições
bem estabelecidas”.xi Nada diz sobre os festejos dedicados, exclusivamente, a Iemanjá, um
orixá trazido ao Brasil pela diáspora africana. Na sua festa, estão ausentes as imagens
católicas, ao contrário da profusão dos símbolos cristãos que aparecem nas oferendas como,
por exemplo, crucifixos, cálices eucarísticos etc.
Os devotos usam, portanto, esses símbolos para homenagear seus orixás. Segundo a
análise desenvolvida por Sousa (2001), “não são os orixás que se encontram com os santos
católicos e vice-versa, mas os devotos (...) num mesmo sentimento religioso, num momento
capaz de (...) misturar estilos, sons e corpos”.xii
Dessa perspectiva, importa recompor a totalidade da festa, seja analisando-a a partir
da lógica de quem a faz e a organiza, seja de quem participa e acompanha o seu efetivo
acontecer. Alguns trazem oferendas e escrevem seus pedidos, ou silenciosamente os
anunciam para “rainha do mar”. Outros participam de diferentes modos da “Festa de
Largo” que eclode ao redor da praia do Rio Vermelho, em Salvador (Bahia).xiii
Os dados reunidos e sistematizados n As imagens católicas, neste artigo, foram
coletados no decorrer dos preparativos e da realização dos festejos de fevereiro de 2000,
nessa cidade. O seu principal objetivo seria trazer a cena os principais protagonistas sociais
dessa festa, ou seja, os pescadores de rede que vivem do mar e no mar, enfrentando toda
forma de intempéries da natureza e as oscilações do mar no limiar entre vida e morte. As
águas ameaçam a sobrevivência humana na busca por alimentos e os pescadores podem, a
qualquer deslize, serem jogados nos braços de Iemanjá. Essas cenas são bastante
conhecidas através da literatura de Jorge Amado e das canções de Dorival Caymmi.
Antes de descrever, em linhas gerais, os rituais dos festejos dedicados a Iemanjá,
caberia recuperar a noção de festa, enquanto categoria de análise., com a ressalva que as
múltiplas definições de festa refletem, para Guarinello (2001), as várias interpretações
acerca do viver em sociedade.xiv
As festas são, de um modo geral, concebidas como ato coletivo ritualizado que
promove uma ruptura, ou suspensão temporária das atividades e relações que perpassam a
vida cotidiana, invertendo hierarquias, posições e papéis sociais. Ao permitir que uma certa
ordenação do sistema de relações sociais se interrompa, instala a desordem que tende a se
expressar no brincar, no riso, humor, na alegria estonteante, no grotesco etc.
Por certo a festa não se distancia radicalmente do cotidiano, na medida em que,
como afirma Fortuna (1995), "o mundo do lazer, do turismo, do consumo não é um mundo
separado, mas contíguo ao mundo cotidiano do trabalho e da produção. Entra-se e sai-se de
um e de outro livre e insensivelmente. Porém, não de modo incólume. Entre uma e outra
esfera fluem e refluem interferências múltiplas, de indeléveis efeitos, quer sobre os sujeitos,
quer sobre os grupos, quer sobre a sociedade no seu todo".xv
As manifestações festivas supõem, em certa medida, uma ruptura do cotidiano de
vida e de trabalho, pois as práticas de trabalho são interrompidas; o vestuário e os adornos
não são usuais; e são preparadas comidas especiais. Esses elementos estão presentes nas
festas, porém a sua somatória não determina "um tempo e lugar opostos ao cotidiano."xvi
Uma festa consiste em um momento de integração, inclusive dos conflitos e divergências,
que reafirmam vínculos sociais e identidades. Enquanto tal, para esse autor, "sintetiza a
totalidade da vida de cada comunidade, a sua organização econômica e suas estruturas
culturais, as suas relações políticas e as propostas de mudanças".xvii
A polissemia das festas expressa, conforme Guarinello (2001), "um trabalho social
específico, coletivo, da sociedade sobre si mesma".xviii Por isso, são promovidos atos
identitários sempre associados, explica esse autor, "ao cotidiano das relações sociais do
qual são o produto e parte integrante".xix
As relações entre festa e vida cotidiana estão permeadas por paradoxos que se
revelam na dimensão de ruptura e de continuidade. Quanto ao vestuário, adornos,
comensais e sociabilidades, a festa implica ruptura com o dia-a-dia, mas também afirma e
reafirma os vínculos sociais e afetivos construídos no cotidiano. Desse modo, a festa
garante, em certa medida, a continuidade das práticas sociais cotidianas marcadas por
disputas e desigualdades entre os participantes e promotores, inclusive dos festejos de
Iemanjá. Disputa, por exemplo, que se expressa entre cristãos e não cristãos no local do
culto e da festa na busca pela adesão de fiéis, ou até na busca por concessão de subsídios,
envolvendo relações de prestígio e de poder na cidade. As negociações com os
representantes governamentais locais e nacionais na busca de patrocínio e de subsídios que
permitam preparar o local da festa e a feitura das oferendas.
Conflitos, encontros e desencontros perpassam os vários momentos da festa que
revelam, por sua vez, a ação dos seus protagonistas na sua interação com a natureza e com
o sobrenatural.
I - Rituais da festa.
Onde acontecem os festejos para Iemanjá?
A festa e o culto desenrolam-se, simultaneamente, em vários locais e ocorrem em
momentos diferentes. Acontece nas casas de candomblé espalhadas pela cidade de
Salvador, Bahia, aonde são preparadas algumas oferendas, incluindo, a dos pescadores da
Colônia do Rio Vermelho. Inicia-se, efetivamente, logo após a meia-noite do dia 2 de
fevereiro, no Dique do Tororó, quando são realizados os primeiros rituais da festa com a
entrega da oferenda a Oxum, orixá das águas doces. Apenas os pescadores dessa Colônia,
participam desses momentos iniciais, sendo pouco visíveis para o grande público.
Uma alvorada com fogos de artifício na praia do Rio Vermelho que explode às
cinco horas da manhã, demarca o início dos festejos em homenagem a Iemanjá, quando são
entregues os primeiros presentes pelos devotos. Essa atividade segue até às 16 horas.
No entorno dessa praia, até o morro da Paciência, os devotos se colocam, em filas
duplas e chegam durante todo o dia. Aguardam, desse modo, o momento íntimo de saudar
Iemanjá, formular seus pedidos e visitar a sua morada, no único dia em que recebe, de
portas abertas, o público. Enquanto isso, são abençoados pelos integrantes dos terreiros de
candomblé que, sob o toque de atabaques, recebem na cabeça e rosto respingos de essência
de Alfazema, o perfume predileto da "rainha do mar". Depositam as oferendas no coberto
improvisado de madeira edificado, nesse dia, para proteger uma das esculturas de Iemanjá.
Cada um(a) a seu modo "dá obrigação", faz deferência e pede proteção, diante dos
desafios e dilemas da vida cotidiana transfigurados nas águas imprevisíveis e instáveis do
mar. Os pedidos são escritos, em geral, em pequenos pedaços de papel e são colocados
junto às oferendas. Identificar esses pedidos é quase impossível, pois são segredos íntimos
compartilhados na devoção.
As oferendas são individuais ou coletivas. No entanto, expressam “tudo que é de
vaidade: perfumes, sabonetes, pulseiras, colares, brincos, batom, pentes, talco, flores
coloridas ou brancas como as angélicas, bonecas etc”, conta um dos membros da comissão
da festa. Elas compreendem,desde alegorias de tamanhos variados que podem aparecer em
carroças, ou em carrinhos de mão, até afoxés que surgem em cortejo no meio das filas de
fiéis; grupos de capoeira, de teatro, blocos carnavalescos como a banda Didá, formada por
mulheres nos moldes do Olodum do qual participam somente homens.
As oferendas e os papéis onde estão inscritos os pedidos são acondicionados em
grandes balaios de palha, cestas confeccionadas, especialmente, para essa ocasião. As
oferendas são recebidas, principalmente, por mulheres. Aos poucos, os homens, em geral,
pescadores carregam esses enormes cestos repletos de prendas para um tablado de madeira
construído na praia. Mais tarde, todos balaios são levados para os inúmeros barcos
estacionados próximo à beira-mar.
Nada escapa aos olhares atentos dos promotores da festa!
A oferenda principal surge na festa, às 16 horas, sendo, imediatamente, conduzida
para embarcação especial que forma o cortejo de barcos e canoas que levarão os presentes
em alto mar.
No decorrer do dia, o culto a Iemanjá desenrola-se, na praia do Rio Vermelho onde
se localiza a sede da Colônia de Pescadores e a morada, em terra firme, de Iemanjá. Nesse
local, os rituais da festa são mais visíveis. Ao cair da tarde, ele se transfere para beira-mar e
depois para alto-mar. Neste último local, apenas alguns convidados e iniciados
acompanham os rituais.
Dezenas de embarcações, vindas de vários pontos da Baia de Todos os Santos,
aportam nessa praia do Rio Vermelho. Alguns barcos, escunas e saveiros parecem recém
pintados, como se tivessem recebido roupas novas para ir à festa. Mas todos estão
enfeitados com muitas fitas, guirlandas e bandeirolas bem coloridas.
O barco escolhido, em 2000, para entregar as oferendas a Iemanjá traz a inscrição -
Que Iemanjá nos dê muita paz! Essa frase condensa, talvez, todas as esperanças e
expectativas individuais e coletivas em relação a presença protetora do orixá na vida
cotidiana. Remete, desse modo, à mitologia dos orixásxx na qual Iemanjá seria a força,
representada pela imensidão das águas do mar; ou mesmo pelo discernimento. Como se diz,
Iemanjá “é a cabeça. Gosta de desafios. Não vive sem desafio”.
Os devotos pedem “paz e saúde porque dinheiro vem depois”, se a cabeça não
estiver ruim, explica um eles. Seguindo as regras da reciprocidade, todos esperam
corresponder às vontades e gostos de Iemanjá para que as oferendas sejam aceitas. E, por
isso, confessa outro: “se ela aceita os presentes, é pra gente ter paz e saúde. E a gente
espera isso!”.
Nas ruas e praças públicas que se localizam, no entorno do entreposto de pesca e da
morada de Iemanjá, são montadas muitas barracas, formando o cenário da Festa de Largo,
aspecto profano do rito religioso. Nessas barracas, acontecem encontros, conversas,
paqueras cruzados aos comensais típicos da cozinha baiana e regados por cerveja bem
gelada. As músicas nos aparelhos de som incitam a dança, principalmente, ao som
estridente dos “trios elétricos”. Dançarinos surgem e casais se formam nos bailes ao ar livre
que seguem noite adentro, saudando Iemanjá.
O lado profano da festa faz, portanto, moldura a sua dimensão sagrada. Esta
desenrola-se no próprio mar, ou nas suas margens, isto é, na areia da praia, nas pedras que a
circundam e no pátio da casa de Iemanjá.
Ainda se comemora Iemanjá, nos grandes hotéis e restaurantes da cidade que
servem um cardápio especial, no almoço, principalmente, aos turistas que visitam Salvador
na época das festas. O ciclo festivo inicia-se, no dia 4 de dezembro, com a festa de Santa
Bárbara, prossegue, em 8 de dezembro, com a de Nossa Senhora da Conceição, ou
Conceição da Praia; em 1º de janeiro, com a procissão do Nosso Senhor dos Navegantes; e
com a Lavagem do Bonfim que acontece na terceira quinta-feira do mês de janeiro.xxi A
festa de Iemanjá fecha esse ciclo que antecede aos dias de Carnaval.
A festa de Iemanjá é, nos dias atuais, tão expressiva quanto a da “lavagem do
Bonfim” cuja devoção ao Senhor do Bonfim é bastante difundida, na Bahia, desde o século
XIX.xxii Alguns estudos consideram a festa de Lavagem do Bonfim e a de Iemanjá, na sua
dimensão profana, enquanto Festa de Largo, um preâmbulo dos festejos carnavalescos.
Nessas manifestações, os trios elétricos animam, à noite, com sua música, as ruas e barracas
instaladas nos arredores dos lugares onde aconteceram, no decorrer do dia, os rituais
estritamente religiosos.
A "mistura" de elementos culturais que se fundem nas diferentes práticas sociais
configura, para Agier (2000), “o contexto no qual se prepara o próprio carnaval, como festa
urbana, cristã e pagã.”xxiii
Por volta das 17 horas, o toque do Ijexá anuncia a presença do afoxé Filhos de
Gandhixxiv. Coube-lhes, no ritual da festa de 2000, conduzir essa oferenda que, além de
comida e das obrigações preparadas em uma casa de candomblé, inclui um andor formado
por uma das imagens associadas a Iemanjá rodeada por estrelas do mar e apoiada em uma
enorme concha branca. No trajeto até o seu desembarque, várias pessoas vestidas com
roupas brancas aglomeram-se nas calçadas e nas pedras, em silêncio absoluto. Ouve-se
apenas o som do afoxé. A partir desse momento, a festa e o culto acontecem, antes na praia,
e depois em alto mar, atraindo a atenção de todos em uma atitude totalmente contemplativa.
Antes do cortejo, se direcionar para o alto mar, o barco a remo, responsável por
entregar o presente principal a Iemanjá, dá uma grande volta aos fundos da Igreja Católica
de Sant' Ana. Com esse movimento, os pescadores reverenciam, conforme Sousa, “a santa
que lhes assegura também proteção”.xxv Todos os barcos esperam. A embarcação com os
atabaques e respectivos alabésxxvi, que haviam invocado os orixás em terra, e a outra, que
traz ialorixás e filhos de santo, postam-se ao seu lado. Cinco milhas distante dali, são
depositadas as oferendas e os pedidos em um enorme rodamoinho "onde Iemanjá os
aguarda, todos os anos".
Os festejos de Iemanjá seguem rituais transmitidos por tradição oral, mas a
organização dos festejos e a sua abrangência alteraram-se, no decorrer dos tempos.
Protagonistas e principais atores sociais envolvidos na sua produção desconhecem, muitas
vezes, as origens e matrizes simbólicas dos rituais das festas. Importa, contudo, afirmar,
conforme Brandão (1998), que "os rostos do trabalho mudam na festa. Mudam nela e para
ela (...), pois na festa as pessoas cobrem o rosto de máscaras, de fitas e de tintas. Cobrem o
rosto dos sinais da festa, para descobrirem, no disfarce fugaz, a face verdadeira de quem
são..."
II – Nas fronteiras do sagrado e do profano
Aspectos sagrados expressos no rito religioso se entrelaçam aos profanos, que
remetem aos momentos vividos na "festa de largo", como se observa nos festejos de
Iemanjá. Essas fronteiras diluídas também se revelam nas festas religiosas dos santos
padroeiros que permitem fortalecer os laços de sociabilidade de moradores em várias
cidades brasileiras.
Nas sociedades contemporâneas ocidentais, as festas como, por exemplo, as de
Iemanjá, no dois de fevereiro em Salvador, permanecem como manifestações residuais.
Assim, trabalho parece se opor ao lúdico, à festa; trabalho e não trabalho, dimensões
complementares da vida, estão separadas entre si. Desse modo, as fronteiras entre o sagrado
e o profano parecem predefinidas, contemplando práticas sociais específicas.
Nas chamadas sociedades não modernas ou não capitalistas, o lúdico está, ao
contrário, integrado no conjunto das atividades sociais. As festas (co)memoram, nessas
sociedades, a abundância e fertilidade das colheitas agrícolas, as chuvas ou a bonança na
pesca, celebrando ainda a comunhão do "estar juntos", a vida na sua relação com a natureza
e com o sobrenatural. Por isso, as festas são regradas pela fartura, extravagância e
desperdício, reafirmando os laços com a terra, com a produção e com o trabalho que isso
requer, bem como permitem promover a sociabilidade e a solidariedade. Nesse caso,
economia e sociedade; as práticas de trabalho, propriamente ditas, e as de não trabalho se
articulam, sendo difícil delimitar as fronteiras entre o sagrado e o profano.
As festas religiosas constituem, conforme Lanna (1995), "ritos de fertilidade,
celebrações das colheitas, semelhantes, nesse sentido, às festas juninas".
Elas sempre terminam em bailes que, além de arrecadar fundos para o santo, são "um fator
de união" dos brincantes e destes com os organizadores das festas. Dessa perspectiva, a
própria definição de profano está em questão.
A celebração do trabalho na festa diferencia-se do trabalho que uma festa
exige, para acontecer. A produção das festas resulta da organização de diferentes processos
de trabalho; supõe cada vez mais a previsão de gastos e a elaboração de um planejamento
orçamentário; requer contatos institucionais com os órgãos públicos locais, inclusive, os
aparatos policiais e, relaciona-se com a difusão dos rituais pelas agências de turismo e pelos
meios eletrônicos de comunicação social. Os coordenadores das festas populares não
ignoram todas esses aspectos que compõem o seu cenário. Os turistas tomam parte delas,
mas como seus coadjuvantes.
No dois de fevereiro, em Salvador, afloram também esses aspectos.
Uma revista portuguesa sobre turismoxxxi no Brasil publicou, por exemplo, um
artigo sobre a festa de Iemanjá, na praia do Rio Vermelho. De imediato, assinala: "o que é
mais incrível, passados mais de cinco séculos, no maior país católico do mundo, ninguém
consegue escapar - nem veladamente - à influência destas divindades vindas de África,
chamadas Orixás", particularmente de Iemanjá, o "orixá mais brasileiro, fruto, tal como o
seu povo, da miscigenação, da mistura de raças, gentes e cores."xxxii Por isso, Salvador
"exala fé, seja sagrada ou profana - ou as duas ao mesmo tempo, que é o mais certo. Ali
respira-se o incenso das igrejas e dos conventos, mas o coração dos seus habitantes bate
também ao ritmo dos atabaques dos terreiros de candomblé."
Depois de descrever em detalhes os festejos de Iemanjá, essa reportagem
trata da ampliação dos seus participantes nesses festejos. Assim, "de uma cerimônia dos
pescadores, marinheiros, estivadores do cais e carregadores dos portos - homens simples do
litoral - para nela participar pessoas de todas classes sociais e de variados credos e raças
(...) Por todo o lado, se ouve a saudação a Iemanjá: Odo Yá!"
As relações entre festas religiosas e expansão das atividades turísticas em Salvador
fogem ao escopo deste artigo. No entanto, alguns estudos tomam esse fato como um dos
exemplos mais contundentes dos efeitos dos processos sociais da globalização na vida
cotidiana dessa cidade.
Para Hobsbawm, a expansão dos negócios turísticos e das viagens nacionais e
internacionais, nas últimas décadas, decorre das transformações na produção econômica
global que interferem, principalmente, no mercado dos consumidores, apesar da
distribuição fortemente desigual que se evidencia nas globalizações. Essas transformações
atingem, mais diretamente, as atividades turísticas. No entanto, considera também que
os estilos de vida tradicionais, seja na família, bairro, aldeia etc., pouco se alteraram diante
desses processos. Por isso, discorda das interpretações que relacionam o reflorescimento
das manifestações populares locais e regionais com mecanismos de resistência à tendência
dos processos sociais da globalização. Na dialética global/ local, combinam-se, para esse
autor, diferentes elementos culturais, onde "um número de variantes locais daquela que é a
cultura globalizada desenvolve-se e integra-se, em vez de se contrapor."
Uma confluência de olhares constitui a festa de Iemanjá. Assim, essa festa
apresenta múltiplos significados conforme os diversos atores sociais nela envolvidos. Por
isso, o ritual e a performance dos pescadores parecem, sob olhares externos, atender mais
ao interesse turístico do que aos canoeiros na sua labuta diária com o mar. No entanto, a
festa segue, sob olhares internos, preceitos e propósitos dos seus protagonistas, que a
realizam, antes para si mesmos. Ao fazerem para si mesmos, oferecem uma oportunidade
de um ato de fé para os outros, ou seja, para quem vem de longe descrente; para os
moradores do bairro e para os devotos da cidade. Assim, a festa pertence também aos
outros, confundindo produtores e consumidores nessa manifestação festiva.
Na festa de Iemanjá e em todas festividades populares, as linhas divisórias entre as
práticas sociais consideradas profanas e as sagradas ficam, portanto, “borradas”.
As relações entre sagrado e profano são, contudo, reinventadas, a cada ano, na
organização da festa na qual os pescadores da Colônia do Rio Vermelho são os seus
principais protagonistas. Desse modo, recriam o velho fundado em tradições orais e
históricas, mas o fazem, sob outras condições sociais.
III – Além da festa.
Vem comigo a Salvador
Para ouvir Iemanjá a cantar
Cantar na maré que vai
E na maré que vem
Do fim mais no fim
O fim bem mais além
Do que o fim do mar
Canto de Iemanjá
(B. Powell e V. Moraes)
O festar Iemanjá segue preceitos transmitidos por tradição oral, através das
gerações. No entanto, várias mudanças se observam, mais recentemente, tanto na presença
crescente de pessoas que acompanham o desenrolar do culto religioso, na praia do Rio
Vermelho, em Salvador, quanto nos subsídios e patrocinadores.
Os organizadores da festa demonstram um grande orgulho diante do aumento de
fiéis e da presença significativa de curiosos nesse local, no decorrer do dia 2 de fevereiro.
Relacionam esse fato com a divulgação da festa através dos meios de comunicação social,
da imprensa escrita e falada e do calendário turístico. Comenta um dos promotores da festa:
“atualmente, quem faz a festa, é a TV. Toda hora tem entrevista. Antes, ninguém se
interessava, só mesmo os pescadores da Colônia”. E outro conclui: “agora a festa não é
mais dos pescadores da Colônia! Ela cresceu tanto que já não é nossa! Vem gente de todo
lado da cidade, do Brasil e do mundo. E o pessoal vem com muita fé, só vendo...”
Os coordenadores dos festejos organizados em comissão escolhida entre os
pescadores elaboram, todos os anos, um projeto orçamentário encaminhado a Prefeitura
Municipal a fim de obter os subsídios financeiros para a compra dos balaios de palha
usados para acomodar as oferendas e dos fogos de artifício; para o pagamento do
combustível das embarcações e das obras de conservação da morada de Iemanjá, na praia
de Rio Vermelho. As demais atividades recebem doações de empresas e apoio financeiro de
figuras políticas, muitas delas, de projeção nacional.
Até três meses, após a festa, os integrantes da comissão de festeiros devem
apresentar para os órgãos públicos um relatório de custos e a prestação de contas dos gastos
efetuados, acompanhado das respectivas notas fiscais.
Os festejos em louvor a Iemanjá atendem, após a sua realização, aos trâmites
administrativos e burocráticos. A mesma questão se coloca para outras manifestações
populares, configurando um dilema: o confronto entre preservação das raízes tradicionais a
partir das quais se forjaram identidades e o reconhecimento social de um saber fazer
expresso na legitimidade adquirida deste festejar. Após um longo período de anonimato,
interrompido sempre pela repressão policial, as festas populares e religiosas ganham maior
expressividade na sociedade brasileira contemporânea.
Esse dilema revela-se nos múltiplos olhares que confluem e recaem sobre as festas
populares, quando avaliadas de modo comparativo. Os olhares externos, que analisam de
fora essas festas, enfatizam, em geral, as conseqüências das mudanças introduzidas no
modo de se festejar, deixando transparecer uma certa nostalgia que se traduziria na perda
de autenticidade e da magia das festas. Por esse motivo, reivindicam um retorno ao passado
e as suas origens.
O estudo de Vallado (2002) traz essas marcas. Mesmo admitindo, por exemplo, a
importância da festa de Iemanjá no sentido de propiciar momentos de júbilo, fé e encontro
dos devotos, clientes, amigos e simpatizantes das práticas religiosas afro-brasileiras “com a
grande mãe, rainha do mar”, que “dá e tira, que protege e faz perder, que dá a vida e
provoca a morte”, assinala a perda gradativa do seu caráter religioso. Essa tendência
intensifica-se com a expansão dos patrocinadores, inclusive dos órgãos públicos locais, e da
ampliação do escopo da comemoração, que a transformaram, escreve esse autor, "em
grande festa com muitos aspectos profanos”.
As ambigüidades apontadas nessa análise revelam os paradoxos que
perpassam a dinâmica das festas populares e não dizem respeito apenas aos festejos de
Iemanjá. Nesse caso, é difícil ponderar os efeitos das mudanças no seu efetivo acontecer e o
alcance subjetivo e individual na expressividade da fé. Declara um oluô (adivinho) a
Vallado que a manutenção e continuidade desses festejos são muito importantes, tendo
em vista a descrença dos “homens de longe” que estão perdendo sua fé. Para ele, o que
importa mesmo é que Iemanjá “foi homenageada pelos homens de fé, por seus seguidores e
por todos aqueles que, querendo essa fé, vão lá buscar um pouco do seu axé”.
Um debate bastante polêmico atravessa as análises sobre o futuro das manifestações
populares, não somente as religiosas. Poucos estudos buscam desvendar os conflitos e
disputas de poder que permeia o seu desenrolar. Os sentimentos religiosos podem fazer
com que os mesmos devotos estejam presentes, tanto nas festas católicas, quanto nas dos
orixás, como lembra Sousa (2001). No entanto, a mesma atitude não se observa por parte
dos responsáveis pela Igreja de Sant 'Ana que parecem ainda resistir às manifestações
religiosas dos pescadores do Rio Vermelho. Senão, como entender a disputa em torno do
espaço para a realização da festa de Iemanjá, como atestam os tapumes de madeira que
fecham o acesso e as portas da igreja, no dia dois de fevereiro?
Por que as fronteiras no exercício da fé precisam ficar tão demarcadas?
Considerações finais
Os festejos de Iemanjá perseguem, como tentei enfatizar neste artigo, valores
humanísticos, éticos e estéticos que reverenciam a natureza e mostram trabalhadores, no
caso os pescadores, enquanto pessoas, não apenas como força-de-trabalho. A festa agrega e
reúne "celebrantes unânimes", reforçando o sentimento de pertencer. Dessa perspectiva,
promove, como sugere Durkheim, uma exaltação coletiva.
Importa enfatizar mais uma vez que, nessa festa, todos têm as mesmas
oportunidades para expressar a sua fé. Porém, os rituais seguem uma hierarquização nas
oferendas que indica o lugar social de cada um. Apoiando-me na análise de Montes (1997),
ressaltaria que os rituais da festa de Iemanjá exprimem "uma forma de igualdade radical de
todos em face ao reino de Deus, instituindo uma ética da reciprocidade que (impõe) a
solidariedade entre os iguais, bem como obrigações de retribuição, ainda que assimétricas,
entre os desiguais".
As singularidades da modernidade brasileira transparecem, portanto, no caráter
tradicional da festa de Iemanjá. Como sugere Martins (2000), a oposição entre moderno e
tradicional, na análise da modernidade brasileira, é entendida a partir do seu confronto entre
rural e urbano. Ou seja, "o mundo da tradição foi e tem sido entre nós muito mais o mundo
da fé e da festa do que o mundo das regras..."
A modernidade brasileira caracteriza-se, assim, pela “mistura”, ou nas palavras
desse autor, pela "colagem desarticulada (de) tempos históricos", que se expressam na
mescla de práticas sociais e diferentes elementos culturais.
O desenrolar da festa de Dois de Fevereiro, e para além dela própria, põe a
descoberto, portanto, temáticas fulcrais no que dizem respeito ao presente e ao futuro da
sociedade brasileira.
i. Cf. VALLADO, A., Iemanjá. A grande mãe africana no Brasil. Rio de Janeiro, Pallas, 2002, p. 242.
ii. BERNARDO, T., “Mulheres das águas” in Bernardo T. e Tótora, S. (orgs), Ciências Sociais na
atualidade. Percursos e desafios. São Paulo, Cortez, 2003, pp. 287 e 288
iii. BERNARDO, T, op. cit., 2003, p. 295
iv. MONTES, M. L., “Cosmologias e altares” in Arte e religiosidade no Brasil. Heranças africanas.
São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1997
v. Cf. MONTES, M. L., op. cit., 1997
vi. Revela-se, nesse caso, a concepção afro-descendente do sagrado. Muitas festas populares
brasileiras celebram a abundância (das colheitas), mas se fundam na perspectiva católica de
sagrado. Nas festas do Divino, por exemplo, a distribuição de comida (o afogado) é obrigatória,
como dever de reciprocidade.
vii. SOUSA Jr., V., op. cit., 2001, p. 247
viii. Consultar: BLASS, L., Trabalho: lugares e significados. S. Paulo, datil., 2001
ix. Cf. AGIER, M., Anthropologie du carnaval. La ville, la fête et l´Afrique à Bahia. Marseille, éditions
Parenthèse/ IRD, 2000, p. 30
x. SOUSA Jr., V., “Roda o balaiio na porta da Igreja, minha filha, que o santo é de candomblé...” Os
diferentes sentidos do sincretismo afro-católico na cidade de Salvador. Tese de Doutoramento
defendida no Programa Posgraduação em Ciências Sociais da PUC de São Paulo, 2001, p. 248
xi. VERGER, P., Notícias da Bahia - 1850. Salvador, Corrupio, 1981, p. 73
xii. Cf. SOUSA Jr., V., op. cit., 2001, p. 205
xiii . As homenagens a Iemanjá ocorrem em muitas cidades da costa marítima brasileira, mas em
datas diferentes. As grandes festas públicas acontecem, em algumas, no dia 8 de dezembro e, em
outras, no dia 31 de dezembro, na passagem de ano (réveillon). Cf. VALLADO, A., op. cit., 2002,
pp. 163-4
xiv. GUARINELLO, N., “Festa, trabalho e cotidiano” in Jancsó, I. e Kantor, I. (orgs), Festa. Cultura
& sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo, Edusp/ Fapesp/ Imprensa Oficial, 2001, p. 970
xv. FORTUNA, C., “Sociologia e práticas de lazer”, Revista Crítica de Ciências Sociais nº 43,
Coimbra, outubro de 1995, pp. 7-8
xvi . CANCLINI, N., As culturas populares no capitalismo. São Paulo, Brasiliense, 1983, p. 54
Revista Nures nº 5 – Janeiro/Abril 2007 – http://www.pucsp.br/revistanures
Núcleo de Estudos Religião e Sociedade – Pontifícia Universidade Católica – SP
Revista Nures – http://www.pucsp.br/revistanures
xvii. Idem, ibidem
xviii. Cf. GUARINELLO, N., op. cit., 2001, p. 974
xix. Idem, op. cit., 2001, p. 975
xx. Ver: PRANDI, R., Mitologia dos orixás. São Paulo, Cia das Letras, 2001
xxi. Cf. VALLADO, A., op. cit., 2002, p. 164
xxii. Ver: VERGER, P., op. cit., 1981, p. 78
xxiii. Cf. AGIER, M., op. cit., 2000, p. 33
xxiv. Esse afoxé organiza-se, conforme um dos coordenadores da festa de
Iemanjá, a partir de uma paralisação dos estivadores, ocorrida há muitos anos, em
Salvador.
xxv. SOUSA Jr., V., op. cit., 2001, p. 247
xxvi. Alabés são tocadores dos tambores no terreiro e são escolhidos por orixá, conforme
VALLADO, A., op. cit., 2002, p. 252
xxvii. SOUSA Jr., V., op. cit., 2001, p. 247
xxviii. BRANDÃO, C., "O rosto da festa", SEXTA-FEIRA. Antropologia, artes e humanidades nº
2, ano 2, São Paulo, abril de 1998, p. 79
xxix. LANNA, M., A dívida divina. Troca e patronagem no nordeste brasileiro. Campinas, Educamp,
1995, p. 171
xxx. LANNA, M., op. cit., 1995, p. 185
xxxi. Trata-se da B (de Brasil), a única revista portuguesa 100% dedicada ao Brasil. Lisboa, inverno
2003, pp. 79-99
xxxii. Idem, p.89
xxxiii. Idem, ibidem, pp. 93/4
xxxiv . Idem, ibidem, pp. 94 e 96
xxxv. HOBSBAWM, E. O século XXI. Reflexões sobre o futuro. Lisboa, editorial Presença, 2000, p.
77
xxxvi. HOBSBAWM, E., op. cit., 2000, p. 108
xxxvii. Consultar também: BLASS, L.., A formação multicultural do trabalhador assalariado
brasileiro: o invisível pertinente. Porto, Actas do IV Congresso Luso- Afro- Brasileiro de Ciências
Sociais, 5 a 9 de setembro de 2000
xxxviii. Cf. VALLADO, A., op. cit., 2002, p. 241
xxxix . VALLADO, A., op. cit., 2002, p. 177
Revista Nures nº 5 – Janeiro/Abril 2007 – http://www.pucsp.br/revistanures
Núcleo de Estudos Religião e Sociedade – Pontifícia Universidade Católica – SP
Revista Nures – http://www.pucsp.br/revistanures
xl. Idem, op. cit., 2002, p. 167
xli. VALLADO, A., op. cit., 2002
xlii. VALLADO, A., op. cit., 2002, p. 177
xliii. Os santos católicos e orixás “permanecerão sempre separados, na devoção, mas não entre os
devotos. Ver: SOUSA Jr., V., op. cit., 2001, p. 205
xliv. MONTES, M. L. (1998), "Entre o arcaico e o pós-moderno. Heranças barrocas e a cultura da
festa na construção da identidade brasileira, SEXTA-FEIRA, op. cit., p. 158
xlv MARTINS, J. S., "As hesitações do moderno e as contradições da modernidade no Brasil in A
sociabilidade do homem simples. Cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo,
Hucitec, 2000, p. 33
xlvi. MARTINS, J. S., op. cit., 2000, p. 50.
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