Yemanjá na Ilha de Itaparica ,Bahia
Uma cerimônia pública, do legado africano, impondo a todos a identidade religiosa de ‘povo do santo’. Uma das mais belas e criativas manifestações religiosas, em homenagem a Mãe Africana dos brasileiros, Yemanjá, se dá anualmente no dia 3 de Fevereiro, em Amoreiras, na Ilha de Itaparica.
A celebração é presidida pelo Babalorixá Lídio de Oxoguian, do Terreiro Ilê Ashé Babá Ominguian.
Os presentes são confeccionados pelos filhos de Pai Lídio e compõem as oferendas à Grande Senhora das Águas. Porrões, laços, bonecas ricamente vestidas, balaios enfeitados, leques, fitas e fitilhos, espelhos e imagens. Flores, muitas flores. As cores azul, branco, prata, amarelo, rosa e verde , imperam numa combinação que, além de artística, estimula a fé. Yemanjá também recebe doces, frutas, peixes, obis, acassás e canjica cozida.Um concreto exemplo de ‘comunidade’.
Segundo, Isabel Gouvêa, Mestre em artes visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA, e formada em cinema pela USP, que fotografou oficialmente uma das homenagens: “São lindas figuras, que junto a família de santo, a cada ano, realizam com grande esforço, obstinação e contrição as festas públicas em parcerias com as comunidades locais.”
A FESTA
Um dia antes, os filhos da Casa, vestidos com elegância e tradição, levam em procissão duas vistosas bandeiras – uma branca e azul e a outra amarela e branca, representando Oxalá e Oxun, os Orixás de Pai Lídio, anunciando que o Terreiro está em festa. Já, quase em alto mar, as bandeiras são fincadas pelos Ogáns, no solo oceânico.
No dia previsto, o Clube de Itaparica é o ponto de encontro de toda a comunidade e, de lá saem também em procissão, as homenagens para Yemanjá. Sob ‘queima de fogos’ um barco leva as oferendas para alto-mar. Até o retorno do barco, cantigas são entoadas para Yemanjá, pelos que ficaram na praia. “ É muito maravilhoso e emocionante”, diz Mãe Angélica de Oyá, filha de Santo de Pai Lídio.
A cerimônia é encerrada, novamente na praça da matriz, com cantigas para Oxalá. Neste momento os Orixás, se apresentam em seus filhos, numa demonstração de que todos estão satisfeitos com a Festa da Mãe de todas as cabeças – oris. Uma cerimônia pública, do legado africano, impondo a todos a identidade religiosa de ‘povo do santo’.
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