A Figura Sincretizada de Yemanjá por Leonardo Boff
A figura sincretizada de Yemanjá, mereceu alguns estudos, entre eles do teólogo Frei Boff (1995), que tomando os aspectos originais da divindade africana, vê neles fatores negativos quando comparados aos da virgem cristã, não escondendo o preconceito da análise e contribuindo para denegrir a imagem da divindade africana. Frei Boff escreveu:
“Sobre essa questão, apresentam-se duas posições: uma mais negativa e outra mais positiva.
A primeira parte do ponto de vista da fé, julga a sincretização como uma degradação da figura imaculada da Virgem.
Na prática privilegia relações de distinção e separação clara.
Portanto, quanto menos traços Iemanjá trás de Maria, tanto mais fácil seria evangelizar o povo, porque tanto menos equivoca apresentaria a identidade cristã.
A posição mais positiva parte do segundo pólo do sincretismo – Iemanjá.
Prefere um sincretismo cristão em vez de um paganismo puro.
Uma Iemanjá ‘marianizada’ constituiria uma grandeza moral mais elevada.
A figura de Maria obriga Iemanjá a mudar e a evoluir, tanto do ponto de vista analítico-psicológico, quanto religioso. A luz de Maria penetra nas sombras de Iemanjá.
Esta perde em grande parte o seu caráter mítico e cultural de mulher sensual e fascinante, para tornar-se, em contato com Maria, ‘a grande purificadora das paixões terrestres’.
Portanto, o ícone de Maria exerce sobre o de Iemanjá um efeito de fermentação ética e espiritual”. (Boff, 1995:63)
Fonte: “Iemanjá, a Grande Mãe Africana do Brasil” – Armando Vallado
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