Certa manhã, Yemanjá com um imenso séqüito, passeava pelas areias da praia, quando um imenso buraco se abriu a seus pés e a tragou para seu interior.
Foi tudo tão rápido que ninguém pode fazer nada.
A fenda se fechou como se ali nada jamais houvesse acontecido.
Os escravos desesperaram-se, como contar ao rei o sucedido? Certamente seriam mortos sem piedade. Não havia quem não conhecesse a fúria real. Pensando dessa forma todos fugiram e nunca mais apareceram para testemunhar o ocorrido.
Enquanto isso nas profundezas da terra Exu desvelava-se em carinho e atenção para ganhar o amor de Yemanjá.
Desesperado com o sumiço da filha o velho rei foi procurar um Babalaô que lhe contou exatamente o que tinha acontecido e o aconselhou a procurar por Yansan, jovem guerreira que nada temia e por sua rara beleza poderia granjear a simpatia de Exu.
Yansan foi chamada e prontificou-se a buscar a jovem.
Providenciou uma oferenda a Ifá, pedindo proteção e força e partiu para o resgate. Depois de muito andar sentiu sob os pés a quentura que denunciava a presença do seqüestrador. Brandiu sua espada no ar, chamando os raios de seu domínio, e enfiou-a na terra com toda a força. Uma cratera se formou e a guerreira foi descendo lentamente. Logo avistou a bela moça sentada a um canto chorando copiosamente.
A seu lado Exu afagava-lhe os longos cabelos fazendo juras de amor eterno. - Vim buscar a princesa! - Seu tom de voz não deixava dúvidas, viera disposta a tudo. - Como ousa invadir meu reino e ainda por cima ditar-me ordens? - Exu gritava descontrolado - Minha princesa daqui não sai! - Apontou para os pés de Yansan e um circulo de fogo se formou em torno dela impedindo seu avanço. - Não discutirei com você, peço a intercessão de Orunmilá, para cumprir a missão para a qual fui incumbida! Raios começaram a se espalhar por todo o espaço, uma ventania muito forte envolveu o corpo de Yansan, que assim chegou perto da moça que a tudo assistia perplexa.
O homem foi jogado contra uma parede atingido pela violência do vento. Um redemoinho as envolveu transportando-as para o reino de Olokun.
O mar se abriu dando passagem para o pequeno tufão cavalgado por Yansan.
Dos olhos do rei correram lágrimas de alegria e gratidão quando avistou em meio ao tormento o rosto da querida filha. Yemanjá e Yansan tornaram-se amigas pela eternidade.
Exu ainda está no interior da terra, algumas vezes chora por uma e pragueja contra a outra. Hoje muitos Terreiros cantam que em pleno mar havia duas ventarolas. É a essa história que se referem!
Fonte: Shvoong / Humanities
Imagem: Static
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