*-* Opaoka *-*
Os mitos Yorùbá, nos revela que esta Ìyágba, também conhecida como Ìyá Nbanba, Ìyá Mo, Ìyá Òdé ,entre tantos outros epítetos, vivia juntamente com outras duas irmãs, Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, muito antes da fundação da cidade de Ketu, em uma cova situada abaixo do Òpó méta, três robustos troncos de mogno-da-guiné (1), conhecido em Yorùbá com o nome de Ògànwó.
As três irmãs selaram um pacto de nunca dar o nascimento a uma criança neste mundo, porém, Ìyá Apáòka não cumpre o prometido e juntamente com Òrìsà Oko dá a luz a um menino que mais tarde recebe o nome de Erinlè.
Inlè como também é conhecido, funda a Cidade de Ìlobùú (2), entre outras obras na Terra, retorna ao orun e regressa novamente ao àiyé no mesmo seio familiar, onde desta vez recebe o nome de Òdé .
Este é um dos grandes segredos da ligação entre Inle e Òdé.
Aquele que possui Inlè, deverá ter como complemento Òdé, mas não necessáriamente o inverso.
Aqui no Brasil, por diversas razões, houve a necessidade de uma redifinição e, consequentemente, foi feita a substituição do mogno-da-guiné pela jaqueira (3), denominada em Yorùbá de Tapónurin onde também foi designada o nome de apáòka em razão de ser a morada da divindade do mesmo nome.
De suma importância, devo ressaltar que a jaqueira é uma árvore originária da Índia e introduzida na Bahia por volta do século XVIII.
Suponho que o tamanho e o porte da jaqueira, foram de fundamental importância para a efetiva substituição.
Todas as árvores são sagradas por natureza, embora para que se possa prestar culto a esta divindade a mesma deverá receber os ritos liturgicos onde consiste em plantar o àse ou acomodar os segredos de Ìyá Apáòka; depois de ser sacralizada, o tronco desta é adornado com um laço de tira branca e uma talha de três alças da qual sustenta um arco e flexa em ferro forjado.
Nos Terreiros de Candomblé, esta árvore divide o espaço com espécies variadas, como também “assentamentos” e emblemas de certos Òrìsà, num local denominado Ãbo (4) de Òsóòsì Oru Gboru Òdé (5) do qual representa a “floresta africana”, de fundamental importância, pois a mesma não se encontra dissociada da vivência cotidiana dos africanos em geral.
Anualmente, esta árvore recebe o sacrifício de animais com a finalidade de revitalização de seu àse, ocasião esta que a torna objeto de um culto especial.
Quanto ao culto à Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, não se encontram vestigios, esta perdido na diáspora, assim como inúmeras outras divindades.
Notas:
1. Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis, Khaya senegalensis, Família Meliaceae, árvore típica da Costa do Marfim, Camarões e Nova Guiné, também conhecida pelo nome de Mógno Africano)
2. Cidade do estado de Osun, sudoeste da Nigéria, encontra-se ao longo de um tributário do rio Oshun e na estrada de Ogbomosho e Oshogbo. Ilobu é um centro comercial e seus principais produtos são o inhame-da-costa, milho, mandioca, abóboras, feijões, óleo-de-plama e Okra - um tipo de grão típico das savanas.
3. Artocarpus intergrifolia L.f.
4. Refúgio, amparo, resguardo, asilo, proteção, segurança, defesa, salva-guarda, escudo. Muitos na diáspora usam o termo Igbó do qual significa floresta, bosque, grota.
5. Termo que designa e saúda o clã dos caçadores.
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