...”em um passado não muito distante os Orixás falavam, e se comunicavam com as pessoas, deixavam recados que certamente contribuíam em muito para a solução de nossos problemas.
O que teria acontecido com o passar dos anos?
Os Orixás fecharam os olhos e ainda fecharam a boca?
Seria culpa dos sacerdotes que perderam como se faz o ritual da abertura de fala?
Será que esses novos sacerdotes já viram um tabuleiro repleto de comidas para tal axé?” (Gilmar Ofun Oyeku).
Foi com grande preocupação que li esse artigo no blog de Gilmar Ofun Oyeku.
Quantas vezes não me deparei com situações iguais a essa em minha cidade. Dei-me conta do real motivo de minha ausência nos xirês e rituais.
Presenciei acontecimentos que me deixavam no mínimo envergonhada, aos quais me recolhia a minha ignorância pelo simples motivo que esses fatos se davam no meio de pessoas que detém o poder e o conhecimento dentro do culto aos Orixás.
Aprendi com meu zelador que “Orixá fala sim, ouve sim, canta sim”!
E hoje vejo Orixás puxados por pessoas (muitas das vezes sem conhecimento ou autoridade para tal), de olhos fechados e que sequer sentam, aconselhados por quem lhes servem, pra não amassar a roupa.
Ver abians, sem nenhum conhecimento, suspender Orixá, não tendo o cuidado de observar as condições em que o yawô ficou, é bem constrangedor.
Vi brigas e palavrões no meio do barracão com o Orixá da casa dançando;
Pessoas saírem do xirê pra atender o celular;
Xirês que se inicia cantandoe louvando Exu catiço, seguido de Orixás encerrando com toque pra caboclos, boiadeiros, mestres e erês de jurema, sem nenhuma organização hierárquica;
Zeladores e Zeladoras ameaçando abians e yawós caso saíssem de suas casas.
A pergunta é: onde estão os Orixás nessas horas?
Será que são eles que estão realmente incorporados em seus filhos e filhas?
E se estão, por que permitem que isso aconteça denegrindo a imagem de uma história e de uma religião que existe há mais de mil anos?
Ah, acabei de lembrar: ORIXÁ NÃO FALA!
Então quem irá me responder?
Como Ekedji ( Sandra de Oxumarê ) tenho minhas limitações: não incorporo e não tenho jogo de búzios.
É com tristeza que chego à conclusão de que não é só em minha pequena Cajazeiras que isso acontece.
Onde chegaremos permitindo que coisas assim aconteçam?
Termino essa postagem na esperança de uma mudança ou de uma resposta e nessa espera me reporto às palavras do Professor Agenor Miranda Rocha:
“Antigamente havia mais humildade, mais fé e mais respeito ao Orixá. Hoje não, quase só se vê vaidade e comércio.
O axé está enfraquecendo.Talvez por essa razão os Orixás do Ketu não falem mais em muitas casas, mas deveriam falar, se recebem o axé de fala.
O erê não fala? O próprio Orixá não dá seu nome no barracão? Os santos dos antigos sempre falavam, ou em yorubá antigo ou para aqueles que não compreendessem esta língua num português meio arrevesado.
Só não falavam os Orixás das pessoas que não eram feitas e que, por tanto ainda não tinham recebido o axé próprio”.
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