CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

* * * * * Sociedade das Gueledés



Sociedade das Gueledés



Assim como os ancestrais masculinos têm instituição na Sociedade Egúngún, chamados Baba-égún, sua contraparte feminina, os ancestrais femininos, chamados Iyá-àgbà ou Iyá-mi, têm instituição na Sociedade Gèlèdé e também na Sociedade Egbé Eléékò.


A Sociedade Gelede, integrada por homens e mulheres, cultua as Iya-agba, também chamadas Iyami, que simbolizam aspectos coletivos do poder ancestral feminino.


Dirigida pelas erelu, mulheres detentoras dos segredos e poderes de Iyami, cuja boa vontade deve ser cultivada por ser essencial à continuidade da vida e da sociedade, o culto tem por finalidade apaziguar seu furor; propiciar os poderes místicos femininos; favorecer a fertilidade e a fecundidade e reiterar normas sociais de conduta.


Seu festival é realizado anualmente, por ocasião da colheita de inhame, e dura sete dias.


Quando Iku devolve à terra o que lhe pertence, tornam-se possíveis os renascimentos.


Assim considerada, a morte é instrumento indispensável de restituição.


Breve descrição do Festival de Gelede em Ago-Egun, 1990


Os tambores falantes permanecem fixos na praça.

A música fala por si.

Em torno dos tambores dança Gelede incorporada em homens, uma vez que apenas homens incorporam essa força.


Inicia-se o festival com a saída de Ogum, que dança carregando sobre a cabeça um recipiente de metal onde ardem altas chamas de fogo. Seguem-no quinze outros orixás.

Sai finalmente Gelede, incorporada nos homens ou meninos que por recomendação de Ifá são ou estão sendo preparados como sacerdotes do culto.

O auge do festival é marcado pela saída do superior hierárquico do grupo, representado nessa ocasião particular, pela figura de um gorila com aproximadamente dois metros e meio de altura, longos braços rigidamente estendidos na horizontal, ao lado do corpo.


O líder sai apenas no terceiro e no sétimo (último) dias para participar dos festejos.

Gelede, incorporada nesse sacerdote, dança continuamente e seus longos braços ameaçam tocar as pessoas que também dançam alegres a seu redor.

Todas as pessoas realizam movimentos de modo a evitar qualquer contato físico com esses longos braços porque, segundo a crença, tornar-se-iam irremediavelmente surdas.


A vestimenta dos demais homens e meninos que incorporam Gelede caracteriza-se por uma grande máscara representativa de algum animal e as vestes são constituídas por grandes tiras de pano colorido - os gele - panos usados diariamente como turbantes pelas mulheres.

As máscaras usadas no Festival são os assentamentos de Gelede.


Durante todos os sete dias do Festival os participantes abandonam a praça e caminham pelas ruas, acompanhando Gelede que, incorporada em vários homens, durante o dia todo, recolhe-se ao anoitecer.

Muitas cantigas são entoadas.

Entre elas as chamadas cantigas de efe que referem-se, a comportamentos inadequados de homens, mulheres e crianças do grupo durante o ano transcorrido, em tom de brincadeira, tornando-os de conhecimento público.


Como tudo o que vive necessita de axé e este é desgastável, é imperiosa a necessidade de reposição. Consideremos a questão da morte e dos renascimentos.

A representação coletiva dos ancestrais é Iku, Morte, símbolo masculino relacionado com a terra.

Os renascimentos dependem dos ancestrais e sua matéria de origem é a lama.

Iku, conforme narra o mito , restitui à terra o que lhe pertence, permitindo, assim, os renascimentos e, desse ponto de vista, Morte é um instrumento indispensável de restituição e um símbolo importante.

Restituir é restituir o axé.









fonte :


Portal Capoeira


Luciano Milani


Deus, Divindades e Poder Ancestral


Capítulo 9

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