Orí é a denominação dada à cabeça física.
Entre os povos bini, da Nigeria, a cabeça é considerada o receptaculo das ideias, opiniões, emoções e sofrimento do individuo, e está ligada ao destino e à sorte. Orí é todo o Asè que uma pessoa tem, e sua sede é na cabeça. É ela que, geralmente, vem primeiro ao mundo e abre o caminho para trazer o resto do corpo. Ela é a sede da consciencia e dos principais sentidos fisicos.
ORÍ ÒDE e ORÍ INÚ
Orí Òde é a denominação da cabeça fisica e Orí Inú é a cabeça interior. A primeira é confiada a Osanyin e a Ogun, ou seja, ao saber médico. A segunda é ligada a Ifá e aos Orisa, ou seja, ao saber divino.
Orí Òde é que se presta para o suporte das obrigações iniciaticas. Orí Inú é a essencia da personalidade, a personalidade da alma do homem e deriva diretamente de Olodumare. É ele quem a coloca no homem, mas que, apos a morte, a ele retorna.
Todo Orí possui uma individualidade, está relacionada com a qualidade que possui. Uma pessoa prospera é chamada de Olori Rere '' O que possui cabeça boa '', enquanto aquele que é desafortunado é descrito como Olori Buruku '' O que possui cabeça ruim ''. Isto está relacionado com o destino das pessoas. Nem um Orí é essencialmente mau, mas o destino é o fator que pode afeta-lo. Orí Inú é o ser interior ou ser espiritual do homem e é imortal. Orí Òde é a cabeça fisica propriamente dita ou a materia. Ela é mortal e oposição a Oro Inú, que foi criado por Ajala, um antigo Orisa.
Sendo assim o Orí se torna a parte mais importante do corpo, é concedido à cabeça muito respeito como elemento principal nos atos iniciatorios: Pelo o uso das tinturas de encantamento, efun, osun e waji; a fixação do Ikodide os banhos de infusão de ervas e o Eje.
No ato de consulta à Ifá é provocada a participação do Orí no jogo, tocando os buzios na testa do consulente. E é o Orí Inú que fala e determina as suas condições, que muitas vezes pode ser contraria às do Orisa da pessoa como rege a frase: Òtò ni orí, òtòni òrìsà. 'Orí é diferente de Orisa'.
Se o ser interior for negativo, o exterior terá como consequencia a perdição e desajustes constantes. Orí Inú e Orí Òde são dois fatores contraditorios em sua natureza e que influenciam o homem. Restaurar esse equilibrio entre as duas partes é o objetivo dos ritos, em especial o Borí.
Para essa sobrevivencia é necessario observar quem irá desempenhar a função de colocar a mão em seu Orí. Pois a pessoa pode ter mão ruim Owo Buruku, mão de feitiço Owo Aje. Saber distinguir quem tem mão de sorte ou mão boa Owo Rere, é tarefa do jogo. Somente uma pessoa deve mexer em nosso Orí, isso depois da propria divindade dizer se aceita, atravez da cabeça ou da pratica divinatoria, ou o propio Orí dizer o mesmo, atravez da pratica divinatoria.
Orí é o mesmo que um Orisa e se comporta como tal, inclusive fala na pratica divinatoria. Em nosso Orí vive nosso Orisa, que é '' Lavado, assentado e feito''.
Só existe um caso em que de forma nem uma que se coloca a mão em um Orí e muito menos Santo em uma pessoa, é quando a pessoa é de Olori Merin, por que esse Orí pertence a quatro donos, em pé de igualdade. Esses quatro Orisa juntos formam um só Orisa, mesmo assim cada um mantem sua individualidade.
Esse é um breve conceito de Orí onde pude ter essa concepção ao ler o livro do Prof. Beniste Orun Aiye que recomendo a todos.
ITAN SOBRE ORI
Afuwape - filho de Ò rúnmìlá, que viviam no Òrun (céu), um dia foram consultar seus adivinhos, pois nada dava certo para eles, a negatividade era muito grande. Como eles queriam ir para o Àiyé (terra, mundo), foram perguntar o que deveriam fazer para escolherem o seu destino na casa de Àjàlà. (moldador de destinos).
Os adivinhos falaram que quando estivessem ido para casa de Àjàlà, não deveriam parar na casa de seus pais. Quando estavam indo para casa de Àjàlà, encontraram um senhor que socava no pilão Inhame com agulhas, e perguntaram a ele, onde ficava a casa de Àjàlà, mas o senhor disse que não poderia explicar enquanto não terminasse de trabalhar. Orileenere, filho de Ifá disse que iria ajuda-lo, assim teriam que esperar 3 dias. A partir daí, o senhor disse a eles que deveriam encontrar Oníbodé (porteiro) da casa de Àjàlà.
Durante o caminho Oriseku em um determinado momento ouviu o som da forja, e o filho de ògún quis ir visita-lo, no entanto os outros dosi alertaram para que os adivinhos falaram, ou seja não podiam parar. Também Orileenere, ao passar perto da casa de seu pai, ficou com vontade de visita-lo mas não o fez. Quando estavam se aproximando da casa de Ò rúnmìlà seu filho ouviu o sino tocar, não respeitou o que os adivinhos falaram, foi visita-lo enquanto os outros 2 amigos seguiram para a casa de Àjàlà, na esperança de escolherem o melhor Orí, antes do filho de Ò rúnmìlà. Chegando a casa de Àjàlà, não o encontraram, pois o mesmo tinha viajado, as pessoas da casa perguntaram o que eles queriam, eles responderam que vieram escolher o seu Orí para poderem continuar a viagem até o Àiyé.
Os dois escolheream os Orís mais bonitos e maior que encontraram. Ao seguirem viagem entre os dois mundos, houve uma chuva muito forte e os Orís se estragaram, assim ao chegarem na terra tiveram que trabalhar bastante, mas não conseguiram alcançar prosperidade. Enquanto isso na casa de Ò rúnmìlà, o seu filho contou que havia desrespeitado os conselhos de seus adivinhos, pois queria se despedir de seu pai.
Ò rúnmìlà convocou seus adivinhos para fazerem Ebó para seu filho, o que foi feito, recebendo de tais adivinhos um conselho ou seja que deveria levar até a casa de Àjàlá duas coisas muito importantes, sal e búzios, no que foi acatado. Ao sair de casa para seguir viagem Afuwape parou em um lugar onde encontrou um Olobe (fazedor de Obe=faca), e este estava temperando sua comida com cinzas.
Afuwape ficou intrigado com este tempero então, colocou uma pitada de sal, modificando o gosto, no que Olobe ficou muito satisfeito, e como forma de agradecimento explicou como chegar a casa de Onibode, pois era parada obrigatória. Conforme foi instruído, Afuwape cumpriu ao perguntar por Àjàlá a Onibode, este contou que Àjàlá estava escondido no teto pois cobradores estavam em sua casa para receberem um pagamento, mas Àjàlá não tinha como pagá-los. Afuwape entrou na casa e perguntou quanto era a divida de Àjàlá, no que os cobradores responderam que era de 16 Kaurins (Búzios) e assim o filho de Ò rúnmìlà pagou e os cobradores foram embora.
Quando Àjàlá apareceu, foi comunicado que o pagamento tinha sido feito por ele que tinha ido a sua casa para escolher o seu Orí.
Àjàlá juntamente com sua bengala de ferro, acompanhou o filho de Òrúnmìlà para escolha, com a bengala batia nos Orís, e estes quebravam, em um determinado Orí Àjàlá bateu e o mesmo não quebrou, assim deu a Afuwape, que seguiu para a terra e chegando encontrou seus amigos, que quiseram saber onde ele tinha escolhido seu Orí, o qual explicou que foi no mesmo lugar que eles, contudo o que diferenciava os Orís, era o Kàdárà (destino do homem), cada um tem o seu e são diferentes entre si.
Obs. Esta lenda é para mostrar que não se pode dar a mesma receita de como encontrar (ter) um bom Orí. Para os Orís cada preceito é diferente um do outro. O preceito do Borí (dar comida a cabeça), pode dizer que basicamente são iguais, mas não idêntico a cada Orí (o que é bom para um, pode não ser para o outro). Cada ser humano tem o seu Ayamino (destino fixado ao homem), ele pode ser tratado mas nunca mudado.
INTRODUÇÃO SOBRE ORI
Um dia Òlorun convocou os Irúmonle para transmitir o Àse do destino a cada um deles. Todos os Òrisà queriam o Àse e foram procurar seus adivinhos para saber como fariam para obter esta força. Então foi recomendado que, ao levantar antes do sol nascer, cada um deveria oferecer um Obi e com ele jogar. O únicp que conseguiu acordar antes do sol foi Orí, e fez o que havia sido prescrito. Os outros Òrisà só conseguiram acordar depois que o sol havia nascido, e Orí já se encontrava diante de Òlorun aprendendo a manipular o destino. Os outros Òrisà ficaram inconformados e foram procurar Olodunmare e este concordou em transmitir o mesmo Àse a eles também. Então chamou Orí e juntos transmitiram o Àse aos Òrisà.
A Sàngó ficou o domínio dos Trovões e ventos, a Oya, as tempestades, raios e ventanias, a Osun a fertilidade, as águas, as riquezas, a Ògun o domínio das guerras, dos metais e dos caminhos e assim por diante....
Ficou assim, Orí, o único detentor de todos os poderes inclusive o de manipular o destino, tornando-se o Òrisà mais importante em relação aos outros Òrisà.
Orí transmitiu seu Asé à cabeça de cada Imonle, que a partir de então passaram a ser cultuados como Òrisà e assim como até hoje.
A partir deste Itan entedemos que cada ser criado por Olodunmare possui o seu Orí, seu destino, algo que é individual, é como a impressão digital de cada ser. É Orí que detém o poder antes do Ser tomar forma, é ele o primeiro a vir ao mundo quando no momento do nascimento e que o acompanha até após a morte.
'' Se meu Orí não permitir que eu seja ajudado(a), eu não serei ''
'' Se meu Orí não permitir que meu Òrisà receba oferenda, ele não receberá ''
'' Se meu Orí não permitir que eu trilhe determinado caminho, eu não o farei ''
Assim sendo, Orí é importantíssimo, o primeiro a ser cultuado. Todos os dias pela manhã devemos segurar nossa cabeça e recomendar a nosso Orí que nos permita realizar nossos intentos.
CRENÇA AFRO-BRASILEIRA SOBRE ORI
Ori é a massa elementar que comanda o ser humano como um todo. Ele é a alma, a personalidade e o destino. Tudo se realiza com sua permissão.Diz o Oriki: Nada se faz se Ori não permitir!
Ori - Alma e Personalidade
Ori tem a propriedade de ser controlador. Além de guiar a vida, comanda todas as atividades, físicas ou não. Ele armazena em um só local todas as informações necessárias para a existência do homem. Nele encontramos o Asé (força) que forma a personalidade do ser e faz com que cada um pense e haja de forma diferente.
Ori guarda todas a s chaves para o êxito da vida do homem, ou seja, inteligência, bons pensamentos e memória. Estas são qualidades do homem que integram Ori.
Ori tem a função de gestar o Asé do homem, ou seja, ele amadurece todos os Pensamentos, transformando-os ou aprimorando toda e qualquer idéia que passe Por ele.
Ori é independente do ser (corpo físico) e embora esteja ligado a ele, suas funções comandam todas as outras.
Ori recebeu três coisas essenciais para sua existência: A preparação para a vida na Aiye (terra) A preparação para a Iku (morte) e A preparação para a vida no Orum (céu) Isto possibilita que no Aiye exista a união Ori + Ara (corpo + cabeça). Mas atenção: mesmo que haja separação, no caso de morte, Ori nunca morre.
No caso de morte, Ori e Eledá (alma) se juntam e, caso necessário, realizam rituais como: Asese (vigília): para que possa haver a separação; Orisá Olori (senhor da Cabeça) e Ori, para que a alma ou o espírito possa seguir seu caminho no Plano astral.
Por ser uma parte concentradora de energias benéficas e maléficas, deve-se Ter todo cuidado ao deixar o Ori na mão de estranhos, mesmo que seja para Um simples carinho ou ritual. Lembrem-se que o sucesso ou fracasso depende do Ori e suas qualidades.
Algumas saudações: Olorire - pessoa de boa cabeça Olori Buruku - pessoa possuidora de cabeça ruim.
OBS: Uma frase sempre é utilizada por sua verdade. " Se o Ori não quiser, nem o Òrìsà pode."
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