Dofona de Oyá e o Babalorixá Alexandre de Odara
da casa de Yemanjá
O Babalorixá, ou Baba (pai), é um sacerdote e chefe de um Terreiro de Candomblé.
Na sua função sacerdotal, faz consultas aos Orixás através do jogo de búzios, uma vez que, no Brasil, não há o hábito de se consultar o Babalawo, chefe supremo do jogo de Ifá. Isso se deve à ausência da figura do mesmo na tradição afro-brasileira, desde a morte de Martiniano do Bonfim, segundo os mais antigos ocorrida por volta de 1943. Desde então, o professor Agenor Miranda era convocado para escolher a mãe-de-santo nos grandes terreiros baianos, mas agora, com os avanços tecnológicos e com a imigração voluntária de africanos para o Brasil, ouve-se falar de novos Babalawos na tradição brasileira, donde a necessidade de diferenciar Ifá de Merindelogun e jogo de búzios.
Na sua função administrativa, é o responsável maior por tudo o que acontece na casa - a quantidade de filhos-de-santo, a de pessoas e problemas a serem atendidos -, e nela ninguém faz nada sem a sua prévia autorização. Conta com a ajuda de muitas pessoas para a administração da mesma, cada uma com uma função específica na hierarquia, embora todos os auxiliares conheçam de tudo para atender a qualquer eventualidade.
Nas casas menores, o Babalorixá, além da função sacerdotal acumula diversas outras funções, devendo ser conhecedor das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas; em caso de rituais ligados aos Eguns, ou se especializa, ou consulta um Ojé quando necessário. Quando a casa ainda não tem um Axogun confirmado, ele mesmo faz os sacrifícios; quando a casa ainda não tem Alagbê, normalmente o Babalorixá convida Alagbês das casas co-irmãs para tocar o Candomblé; na ausência da Iyabassê ou Ekedi, ele mesmo faz as comidas dos Orixás, costura as roupas das Iaô, faz as compras e outras tarefas do dia-a-dia.
O candomblé pode ser considerado uma religião brasileira com origem em diversos sistema mítico-religiosos de origem africana. Nessa perspectiva corresponde simultâneamente a um sistema etnomédico ou medicina tradicional de matriz africana que vem sendo mantido (e recentemente reconstruído a partir das demandas pelo revival das medicinas tradicionais) a partir da sua origem nas diferentes culturas yorubá, bantu entre outras. A função do Babalorixá do nesse caso ganha destaque especial por sua relção com Obaluaiyê ou com a referida prática de colher as folhas sagradas atribuídas, segundo Bastide, ao Babalosaim dedicado ao culto de Osanyin.
Referências
BASTIDE, ROGER. O Candomblé na Bahia: rito nagô. SP Companhia das Letras, 2001.
MANDARINO, A.C.S.; GOMBERG, E. O rei vem comer,: representações terapêuticas sobre saúde/doença em um ritual de candomblé. in: CAROSO, CARLOS. (org.) Cultura, tecnologias em saúde e medicina. Perspectiva antropológica. Ba, EDUFBA, 2008
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