Destinados a todos com uma proposta antropológica em manter em sua essência pura o culto aos Orixás...
CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A Vida e a Morte para os Yorubás
A Vida e a Morte para os Yorubás
Os Yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência activa dos antepassados.
A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas a vida terrestre se prolonga em direcção à vida além-túmulo, exactamente em algum dos nove espaços do Orún, o domínio dos seres desprovidos do Èmì. Assim, a morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra.
Os antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Àgbagbà, ou ainda pelo título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos candomblés do Brasil.
Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende, seja através do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente conserva relações filiais afectuosas.
Somente alcançarão a condição de ancestral com merecimento de culto aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem deixado bons filhos.
Para os Yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido. Na verdade, o seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa).
A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade que pode
tornar possível as duas outras.
São esses e toda a linhagem de gerações passadas que, depois da morte se transformam, para seus familiares.
Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes.
Ao seguirem para o Orún, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra, dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar os seus familiares que ainda estão na terra. Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento.
Quando dizemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de facto é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e os seus descendentes que aqui ficaram.
A palavra culto então colocada tem o significado de homenagem que melhor expressa o nosso entendimento sobre o assunto.
O encaminhamento do espírito, depois dos rituais realizados, corresponde a passar de volta pelo portão do Oníbodè em direção a Olódùmarè, para receber o julgamento de seus actos na terra.
De acordo com o Orún ao qual foi destinado, continuará a exercer as suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre os seus descendentes que a ele continuam a referir-se como Bàbá mi(Meu pai), ou Ìyá mi(Minha mãe).
Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos.
Trazendo ao exemplo: “Eu vou falar com o espírito de meu pai”, mas sim, “Eu vou falar com o meu pai”, numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família.
O fim da vida na terra envolve a questão a respeito do que se transforma o homem após a vida actual.
Toda a religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte( Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós- Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun) e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa).
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