A luta contra a dominação cultural
Essa matéria foi publicada na Edição 291 do Jornal Inverta, em 02/06/2001
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Observa-se em nossa sociedade um vazio de políticas culturais nas instituições do Estado, cada vez mais reduzido e sem autonomia porque é sócio menor das nações imperialistas, tendo estas a política econômica do neoliberalismo e uma forte cultura de fascitização pela imposição de totalitarismo na mídia e em todas as demais formas de expressão artística música, literatura, artes plásticas, cinema, etc.
A luta contra a dominação cultural
Por: Haroldo Moura
Historiador
Observa-se em nossa sociedade um vazio de políticas culturais nas instituições do Estado, cada vez mais reduzido e sem autonomia porque é sócio menor das nações imperialistas, tendo estas a política econômica do neoliberalismo e uma forte cultura de fascitização pela imposição de totalitarismo na mídia e em todas as demais formas de expressão artística música, literatura, artes plásticas, cinema, etc.
No entanto, devemos investigar como este processo se desenvolveu e continua se desenvolvendo. Portanto, qual finalidade que procura alcançar ? Partem de uma análise criteriosa da dominação das classes sociais ou surge como tábua de salvação do modo de produção capitalista, em sua fase imperialista, que enfrenta uma crise econômica iniciada nos fins da década de 1980 e que estourou com intensidade em meados de 1990, tendo seu auge com a chamada crise da Ásia ?
Na verdade procura-se uma política global de dominação de classes, após a crise do leste europeu, como prevenção ao desenvolvimento da ascensão do movimento operário e do proletariado, em geral; com as crises econômicas que se abatem sobre o capitalismo seus sonhos tornam-se pesadelos e os capitalistas apertam o nó do laço e vivemos atualmente a violência política e social das classes dominantes e das instituições que as representam. Ao mesmo tempo e na lógica deste mesmo processo, as iniciativas culturais independentes perderam seu espaço na sociedade e são substituídos pelas chamadas organizações governamentais ( ONGS) , onde poucas defendem ações de ruptura com o imperialismo, ou quase nenhuma para ser mais claro. As artes, em geral, tornam-se produtos industriais, onde o peso dos monopólios transacionais ( multinacionais) decidem sobre onde investir, para reduzirem custos e perdas, e maximizarem os lucros.
Nos países periféricos a educação básica virou artigo de luxo e as políticas de ensino público visam somente dados estatísticos formando uma grande massa de semi-alfabetizados, não letrados, sem visão crítica e capacidade de análise, principalmente nas regiões de concentração proletárias e operárias nas cidades e tendo no campo até mesmo a ausência física de investimentos em escolas, bibliotecas. Afirmam os técnicos internacionais que as universidades são dispensáveis nestes países, deve-se investir em escolas técnicas , ou seja, de acordo com a ótica da globalização deve-se organizar a nível mundial uma subordinação científica e tecnológica entre países imperialistas e países periféricos, já que estes últimos não terão mais necessidade e, portanto, capacidade de produção técnico -científica independente e autônoma.
A lenta agonia do conhecimento que observamos se iniciou em nossos países e regiões com a elevação dos preços dos livros, discos musicais ( substituídos por cd’s ) e de todas as firmas de lazer ( teatro, cinema, etc).
Nas escolas primárias os estudantes tomavam conhecimento da existência de uma literatura nacional, o que depois da ditadura militar foi desaparecendo até sumir totalmente; o cinema era a preços baixos e as várias regiões, pelo menos dos grandes centros urbanos, investiam em apresentações teatrais nos subúrbios, como no Rio de Janeiro, onde existiam teatros em Campo Grande e Marechal Hermes com programação variada, além de bibliotecas regionais com razoável acervo.
Companhias teatrais realizavam eventos em praça pública e mesmo durante a ditadura se desenvolveu um grande movimento cultural a partir do cinema: o movimento cineclubista, quando ainda existiam duas distribuidoras nacionais que prestavam grande apoio a este movimento: a Dinafilme e a Embrafilme. A juventude brasileira em todo o país se envolvia com entusiasmo nesta atividade, que servia de resistência cultural à ditadura.
Era ampla a circulação de obras marxistas-leninistas e se encontravam jornais de esquerda nas bancas. Inclusive eram conhecidas livrarias e editoras com um número considerável de obras marxistas em seus catálogos.
Este artigo não se destina a um relato saudosista do que era feito em passado recente, ao contrário, na verdade procura demonstrar que existe explicação para o vazio de política pública junto às classes exploradas. Porém, na atualidade todas estas expressões culturais podem ser resgatadas, reorganizadas e, na verdade estão (Não são exemplos os vários Inverartes, como o último realizado na Zona Oeste e o que fizemos na Baixada Fluminense, além dos grandes encontros de comemorações dos aniversários de nosso jornal- que este ano completa 10 anos?) Precisamos de condições subjetivas que forjem a sua unidade e comecem a encostar no muro a classe dominante, tornando-a incapaz e apavorada.
Essas condições subjetivas seriam a organização dos artistas comprometidos com as mudanças econômicas políticas e sociais que necessitamos para que os artistas oriundos da classe operária possam expressar a sua arte plena de criatividade, oportunidade que somente se alcançará em uma sociedade socialista. A arte engajada politicamente passa pelas ações de organização e resistência ao imperialismo e a tentativa de subordinação da cultura.
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