O patuá é um objecto consagrado que traz em si o axé, a força mágica do Orixá, do santo católico ou guia de luz, a quem ele é consagrado.
Entre os católicos já era hábito utilizar um objecto ou fragmento que tivesse pertencido a um santo ou a um papa, até mesmo fragmentos de ossos de um mártir ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a da crucifixação de Jesus.
Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que voltavam da Terra Santa que utilizavam nesses relicários, eram considerados poderosos amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos infortúnios.
Estes eram chamados de relicários.
O nome relicário é originário do latim relicare-religar, que acabou por formar a palavra relíquia.
Logo o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela.
Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam trechos do Alcorão, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei, etc.
Com a formação dos primeiros terreiros de Candomblé e depois de Umbanda e a possibilidade de um contacto mais directo com diversas entidades espirituais, as pessoas que procuravam protecção começaram a encontrar nesses objectos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica vibratória sempre consigo).
A partir de então, as entidades passaram a orientar a sua elaboração, indicando que objectos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu axé, ou seja, a força mágica.
Na verdade, a procura do patuá ou talismã é feita principalmente por quem se sente inseguro e consequentemente necessitado de maior protecção.
Os componentes mais utilizados para a confecção dos patuás são os seguintes:
· Figas de Guiné
· Cavalos-marinhos
· Olho de lobo
· Estrelas de Salomão
· Estrelas da guia
· Cruz de Caravaca
· Couro de lobo
· Pêlo de lobo
· Santo Antonio de Guiné
· Imagens de Exú e Pombagira
· Pontos diversos, orações
· Sementes variadas
· Imãs
Não podemos esquecer que esses componentes singelos não têm valor se não forem preparados pelas entidades. Somente estas podem dar o axé ao patuá.
Como preparar um patuá?
A pessoa reúne os componentes solicitados pela entidade e leva-os ao terreiro.
Quando forem cantados os pontos para as entidades e os de defumação, deve descobri-los, defumando-os.
Quando a entidade estiver incorporada, a pessoa apresenta-lhe os objectos para que ela lhe dê a bênção.
Anexos, a pessoa deve levar o nome por extenso, a data de nascimento e outras informações que digam respeito a quem vai usá-lo que vai usá-lo (se possível, o nome do Orixá que rege o destino da pessoa, etc.).
A entidade manifestada fará então o chamado “cruzamento” dos objectos, seguindo a ordem em que os pediu.
Após o cruzamento (ou bênção) da entidade, os objectos são envolvidos num pequeno saquinho preparado para recebê-los e entregues ao consulente, que deverá pegar nele pela primeira vez com a mão direita e levá-lo à altura do coração por algum tempo.
Se for possível, deve transportá-lo sempre de preferência junto ao coração.
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