CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

domingo, 2 de outubro de 2011

FUNDAMENTOS DE ORUNMILA


Orumilá Orunmila é o orisa senhor da sabedoria ( ogbon) e do conhecimento (imo) , que tendo adquirido o direito de viver entre o orun e o aiye, tudo sabe e tudo vê em todos os mundos.

Porisso recebeu o título de gbaiye gborun - aquele que vive tanto no céu como na terra, transcendendo espaço e tempo.


Orunmila é quem apresenta o destino ao reencarnante por ocasião da sua concepção (kadara) e, mediante a aceitação do ori individual,o libera para o nascimento.


Por isso, conhece todos os destinos e como propiciar o sucesso em todos os âmbitos, alem de revelar o orisa pessoal de cada um, ou seja, a substância da qual cada um foi extraído na atual existência e como integrar o indivíduo neste princípio divino. Como elerii ipin (testemunha da criação), detém conhecimento do passado, presente e futuro de todos os habitantes do aiye e do orun – e de como obter o sucesso em todos os âmbitos.


Orunmila é o interventor e defensor dos seres humanos, sempre tentando minorar os sofrimentos e dificuldades que enfrentam na saga das suas sucessivas existências na Terra.


Conta o itan que, após permanecer na Terra por algum tempo, Orunmila retornou ao orun, esticando uma longa corda pela qual ascendeu. Os seres humanos ficaram totalmente desorientados,o caos, a fome e a peste imperaram na Terra, já que ele era o porta-voz da vontade de Olodumare. O ciclo de fertilidade das plantas e animais foi interrompido, trazendo ameaça de extinção.


O clamor pela sua volta não foi atendido, mas deixou com seus filhos os 16 ikin (coquinhos de dendezeiro) , que se transformaram num importante instrumento de adivinhação denominado ikin. Daí se originou a outra denominação de Orunmila : Agbonniregun ( agbon ti o ni regun - o côco nunca será esquecido). Entregou os ikin instruindo que sempre que desejassem as coisas boas e realizações positivas na vida, deveriam consultar os coquinhos. Daí nasceu o sistema oracular denominado Ifa, que auxilia o ser humano na resolução dos seus problemas cotidianos, nos conflitos e nas dúvidas existenciais, como mediador entre o humano e o divino.


Uma modalidade oracular mais simples é o ibo e a mais popular das três é o opele ifa. Apenas sacerdotes iniciados no culto de Orunmila - os oluwo e babalawo – são credenciados para utilizar esses oráculos.

Os oráculos são baseados no sistema binário e comportam 256 combinações matemáticas que definem os caminhos de odu, com seus milhares de itan (mitos) e owe (parábolas). Sua missão foi organizar as relações humanas, ajudar na doença, orientar nas contendas de todo tipo de assunto, valendo-se para isto dos itan relatados pelos odu. Nada no culto de Ifa se move sem os itan(histórias), daí a enorme variedade e contradição mítica existentes, inclusive quando e onde a sua chegada na terra, embora o consenso geral seja de que ele desceu, como as demais quatrocentas e uma divindades, em Ife.
Através de Ifa é que se faz a prática divinatória, por meio de dois rosários, um chamado Opele e outro Ikin, os quais são manipulados pelo sacerdote de Ifa chamado babalawo(pai do segredo), que, munido do Opon Ifa(espécie de bandeja de madeira), Iroke(usado para marcar a adivinhação), a imagem de Esu, o Iyerosun(pó vermelho da árvore irosun) dentre outros utensílios, procede a prática divinatória, cujas respostas vêm através dos Odù. Os Odù são divididos em duas categorias.


A primeira chamada Ojú Odù(olho do Odù), constituída dos 16 maiores Odù e a segunda chamada Omò Odù(filho do Odù), formada pela combinação dos 16 maiores entre si, perfazendo um total de 240 Odù menores, que, juntando-se aos 16 maiores, formam um total de 256 Odù.


Os Odù são considerados divindades como os orisa.


Do mesmo modo que Ifa e todos os demais orisa, os Odù desceram do céu para a terra, onde foi feito um grande trono, colocado num lugar aberto, para, nele, Eji Ogbe se sentar. Eji Ogbe é o mais velho, mais importante e o rei dos Odù, por isso os outros 15 Odù se sentaram em sua volta, formando um círculo. Os Omó Odù ou Odù menores são também considerados divindades.


Todo o corpo filosófico da religião yoruba se resume nesses signos de Ifa – os odu , que por sua vez se subdividem em caminhos com os respectivos itan, que são mitos de instrução, orientação e aconselhamento. O nome de Orunmila e o do sistema oracular opele ifa muitas vezes se confundem e o culto a Orunmila passou a ser conhecido como Ifa.


Apesar de sua infinita sabedoria, Orunmila condiciona-se, muitas vezes, ao poder do orisa Elegbara / Esu – o transmissor do ase, representante da autoridade divina no âmbito cósmico e das leis da física. Sendo o eterno movimento com suas constantes transformações, Elegbara propicia toda a existência do Universo manifestado. Está na vibração dos elétrons e na órbita dos astros. Orunmila utiliza-se, então do ase e funções de Elegbara para atuar e se expressar. Já o oráculo merindilogun – o popular jogo de búzios – foi introduzido pelo orisa Osun. No jogo de búzios utilizam-se 16 kawri (búzios) no qual respondem os 16 odu principais, num total de 70 caminhos e os orisa que falam através deles.


Independente da modalidade utilizada, para cada caminho há um itan a ser interpretado e o respectivo ebo (sacrifício) a ser, ou não, realizado.


Na tradição religiosa Ogboni-Ifa, nada se empreende sem prévia consulta ao oráculo, que é um instrumento de transmissão do aconselhamento divino para que situações sejam revertidas ou confirmadas.


Com a anuência de Elegbara / Esu,os diversos orisa se posicionam no jogo, respondendo , influenciando nas respostas e revelando-se como eleda (orisa dono da cabeça) da pessoa que a ele recorre.


Da mesma forma que só se toma remédio quando se adoece , só se efetuam ebós , iniciações ou obrigações quando o oráculo prescreve – sempre lembrando que o futuro depende, em grande parte, dos nossos atos presentes.


Conforme informado anteriormente,o oráculo é a única opção autorizada e confiável quanto à definição do orisa pessoal, responsável pela cabeça do ser humano.

O ÀDÚRÀ que será usado aqui foi tirado do sexto ODÙ de IFÁ que se chama ODÙ OWONRIN MEJI. Este ÀDÚRÀ (prece) é para qualquer pessoa, empresa, cidade ou país que esteja sentindo falta de algo importante em seu processo de vida. O algo que falta pode ser lucro financeiro, emprego, amor de homem ou de mulher, liderança. Este ÀDÚRÀ é muito importante porque foi feito quando o próprio ÒRÚNMÌLÀ estava sentido falta de muitas coisas importantes na vida dele e este vazio o deixava deprimido, até que sua saúde ficou abalada e a morte estava por perto. Aí então que ÒRÚNMÌLÀ fez este ÀDÚRÀ para resolver o seu problema:


ÒRÚNMÌLÀ BARA AGBONMIREGUN OKURIN KEKERE OKE IGETI ENTI O GBE AIYE TI O RI IPONJU TI O SI LO SI OKE AGBARANSALA LATI WE GBOGBO IPONJU RE NU ÒRÚNMÌLÀ NI AJE NI O PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WO ILEWA ÒRÚNMÌLÀ NI AYA NI O PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE WA PELU AYA RERE ÒRÚNMÌLÀ NI OMO NI PON NI LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE WA PELU OMO ALAFIA ÒRÚNMÌLÀ NI AI ROJU AI RAYE LO PON ILU LOJU ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI ASI ILEKUN KI OLOJO RERE WOLE WA PELU ITURA ATI IFE SI ARIN ILU ÒRÚNMÌLÀ NI AI NI ORUNGBOGBO NO PON NI LOJU ÒRUNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUN KI OLOJO RERE WO LE WA PELU EKUN OHUN GBOGBO ÒRÚNMÌLÀ NI AISA ATI ARUN NI BANI JA ÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI LEKUN KI OLOJU RERE WO LE WA PELU ALAFIA BABA ORO ÒRÚNMÌLÀ NI IJU NI KAN LEKUN ENI ÒRÚNMÌLÀ NI EWE DIDIMONISAAYUN NI YO DI IKU NA EWE DIDIMONISAAYUN NI YIO DI ARUN NA NI YIO DI OFO, EGBA ESE NA EWE DIDIMONISAAYUN NI YIO DI GBOGBO AJOGUN NA ÒRÚNMÌLÀ BARA, AGBONGIREGUN NI YIO GBE OHUN RERE KO NI ÀSÉ ÀSÉ


ÒRÚNMÌLÀ o dono de todas as sabedorias O pequeno homem da cidade de OKE IGETI Aquele que viveu na terra e passou por muitas dificuldades Aí foi para a montanha de AGBARANSALA Para se limpar de todas as sua necessidades ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de lucros que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de uma esposa que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com uma boa esposa ÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de um filho que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com um filho saudável ÒRÚNMÌLÀ diz que se é tumulto ou desordem que perturba a cidade ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com paz e amor na cidade ÒRÚNMÌLÀ diz que se estamos sentindo a falta de tudo ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva da bondade possa entrar com todas as bondades da vida ÒRÚNMÌLÀ diz que se é doença e epidemias que nos perturba ÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portas Para que a dona da chuva de bondade possa entrar com saúde o pai de todas as riquezas ÒRÚNMÌLÀ diz que se é a morte que bate na nossa porta ÒRÚNMÌLÀ diz que é a folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar a morte A folha de DIDIMONISAAYUN Que vai ajudar a evitar todos os males Que vai evitar todos os prejuízos, epidemias e acidentes na vida A folha de DIDIMONISAAYUN Que vai evitar as ações negativas em nossas vidas ÒRÚNMÌLÀ o dono de todas das sabedorias Que vai levar até nós todas as bondades da vida


Todas as vezes que desejarmos algo a mais em nossas vidas podemos sempre usar essa prece.


ISURE ÒRUNMILA


IBA ORUNMILA


ÒRUNMILA IBA O O,


ORUNMILA, ELERI IPIN, AJEJU OOGUN,


ADUNDUN LAWO,


IFÁ MO PE, ELA MO PE,


IFÁ, SOWO DEERE GBOBI RE,


IYEROSUN NI ORUNMILA NJE,


EKU MEKI, EJA MEJI NINU OBE RE,


IFÁ FUN WA LOMO SI,


JEKI A LÓWÓ LÓWÓ, KI A BIMO O,


KI ILE WA YIÍ, KI ATUN KI DAADAA,


ORUN LO MO ENITI YIO LA,


A SE AIYE, SE ORUN,


ELEERIN IIPIN, AJE-JU-OOGUN,


IWO LALAWOYE O,


BAMI WO OMO TEMI YE,


AJE, WOLE MI, OLA JOKO TIMI,


ORUNMILA O WA TO GEE,


KI O MOWO IWARA MI KO MI,


ORUNMILA IFÁ OLOKUN, ASORAN DAYO,


OLOORE AIKU JE JOOGUN,


IREE MI GBOGBO NI WARA,


NI WARA.


ÀSE ELEDUNMARE


ELEDUNMARE ÀSE.


Òrúnmìlà eu te saúdo.


Òrúnmìlà, testemunho do destino, que tem mais eficácia do que medicina,


Pessoa de pele limpa,


Ifá eu te chamo, Ela eu te chamo,


Ifá abre as suas mãos para aceitar meu obí de oferenda.


Òrúnmìlà, você como Iyerosun, Dois ratos, dois peixes na sua sopa,


Ifá deixa prosperarmos mais filhos,


Deixa reconstruirmos nossas casas da melhor maneira.


Só o céu quem sabe quem será salvo,


Pessoa que vive no universo e no Céu,


Pessoa que é testemunha do destino e Pessoa que é mais eficácia do que a medicina,


Só você quem pode dar a vida para as pessoas;


Dê vida aos meus filhos,

Prosperidade entra na minha casa, honra senta comigo,


Òrúnmìlà, é hora de você me dar riqueza,


Òrúnmìlà Ifá, o dono do mar, que desvia fortuna para a alegria,


Traga todas as minhas fortunas depressa.


Axé do Senhor Supremo


Benção do Senhor Supremo.


O – Òòsà-nlà dé òròmi là ìyà bàbà yi sòro òròmi là ìyà: Oxalá, chega espirito da agua, nos salva do sofrimento, assim como é dificil, espirito de agua nos salve do sofrimento


O – Eiye iye o! í yé òròmi là ìyà: Oh aves numerozas entendemos que és espiritmo de agua que nos salva do sofrimento


O – Bé l’èrù bé l’erù bé l’èrùn Òrìsà-nlá malè odò: corta os medos, cortas as cargas, corta a secura, grande orixá espirito de rio


É encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Olorun. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Olorun (Deus) e modelado por Oxalá. Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas.


Iba Olodumare


(Eu saúdo Olodumare, Deus maior)


Iba Orunmila


(Eu saúdo Orunmilá)


Iba Ogun Orisa Ile


(Eu saúdo Ogum, o dono da casa)


Iba Irunmole


(Saúdo os Irunmole, os Orixás)


Iba Ile Ogeere afoko yeri


(Saúdo a terra)


Iba atiyo Ojo


(Saúdo o dia que amanhece)


Iba atiwo Oorun


(Saúdo a noite que vem)


Iba F'olojo oni


(Saúdo o dono do dia)


Iba Eegun Ile


(E saúdo o Egun da casa, nosso ancestral)


Iba Agba


(Saúdo os velhos sábios)


Iba Babalorisa


(Saúdo o pai-de-santo)


Iba Omo Orisa


(Saúdo os filhos-de-santo)


Iba Omode


(Saúdo as crianças)


Awa Egbe Odo Orunmila juba O, Ki iba wa se


(Nós, que cremos em Orunmilá, saudamos e esperamos que)


T'omode ba juba baba re, agbe'le aye pe


(Orunmilá ouça nossa saudação)


Ada se nii hun omo


(O filho que reverencia seu pai tenha longa vida e por nada sofrerá)


Iba kii hun omo eniyan


(Que a nossa saudação a nós poupe sofrimentos)


Akoogba kii hum oloko


(Que as plantas boas não falhem ao agricultor)


Atipa kii hun oku


(Que aos mortos não falte sepultura)


Aso funfun kii hun olorisa


(Que a Orixalá não falte o pano branco)


Kaye o-ye wa o


(Para que o mundo nos seja bom)


Ka riba ti se


(Que nossos caminhos se abram)


Ka, ma r'ija Omo araye O


(Que não vejamos a discórdia dos povos sobre a terra)


Ka'ma r'ija eleye O


(Nem a obra das feiticeiras, Ia Mi Ashorongá)


Ajuba O! A juba O!! A juba O!!!


(Nós saudamos, saudamos, saudamos)


Ase (Axé)


Isefá e Itefá


Acreditamos que Orí é algo único e individual, assim como nossas impressões digitais, então não vejo como possa haver uma pré-determinação nos caminhos do Culto a Ifá no que tange a iniciações e sacralizações, para esta ou aquela pessoa. Haja vista que cada ser humano possui um desenvolvimento pessoal diferenciado seria impossível ser homogêneo neste aspecto.

Quanto às cerimônias iniciáticas e de passagem podemos especificar as seguintes:


O ISEFA:
Ato iniciático onde o postulante passa a condição de iniciando, quando então, passa a ser reconhecido como um "Omo Awo"(Filho do Segredo) de nossa família. Neste ato iniciático acaba por tomar conhecimento de seu Odu temporal (ou placentário, ou seja, aquele que ele recebeu ao nascer nesta existência), bem como os possíveis ewos provenientes dele. É quando o iniciado se compromete consigo mesmo por um determinado período, aprendendo as normas de condutas que devem ou não ser tomadas, etc. O Isefa tem a incumbência de proporcionar e propiciar o paulatino crescimento Espiritual, por isso mesmo, é uma cerimônia permitida e aconselhada a toda e qualquer pessoa.


O ITEFA:
Itefa (Itelodu) é o ato litúrgico iniciatico aonde se revela o caminho sacerdotal do novo Bàbálawo, quando então lhe é sacado um novo odu, só que desta feita, não será mais um Odu transitório, más sim um Odu atemporal, ou seja, aquele que temos em todas as encarnações que tivemos, a que temos, bem como aquelas que ainda teremos, ou seja, as passadas, a presente, bem como a futura. Conforme o que Ifá revelar, este Sacerdote passará a ser reconhecido como um novo membro da Egbé Bàbálawo, não importando o quanto novo seja, pois é exatamente ai que se dá realmente o inicio a longa sua longa jornada de aprendizado dentro do Culto ao Senhor do Verbo. Podemos dizer ainda que é a partir deste ponto que o iniciado, agora na categoria de Bàbálawo passa a ter o compromisso diretamente com o Ifá ao invés de somente consigo próprio como ocorreu em seu Isefa. O aprendizado do Bàbálawo se consiste também na árdua tarefa de aprender e reconhecer os instrumentos divinatórios, a exemplo de Ikin( o Grande Jogo) e Okpele. Devendo ainda aprender sobre os Odus e seus respectivos Itans, além de suas Ewé, Ofo, Oogun, etc. Enfim inteirar-se mais profundamente no "Corpus Literario de Ifá" e bem como na "Medicina Tradicional africana yorùbá". Com o devido tempo e bastante esforço o novo Bàbálawo adquiri mais conhecimento e em conseqüência disso, mais autoconfiança, o que culminará em capacitá-lo cada vez mais a executar e transmitir aquilo que lhe foi legado pelos seus Ojugbona. Por causa desta forma de aprendizado e que nada se faz sozinho, todos devem ter o importante e fundamental respaldo de seus mais velhos, independentemente do tempo que tenham como iniciados, pois o verdadeiro Bàbálawo é aquele que sabe que nada se deve fazer sozinho durante sua jornada. O profundo senso de Awo Mimo(Família) é indispensável para que ele não venha a cometer enganos desastrosos para si o mesmo para os outros, devendo ainda ser consciente de que seu Ego deve estar sempre sob domínio, pois o saber é plural e nunca singular. A concepção de que dividindo se soma, é intrínseca a qualquer pessoa que se julgue Bàbálawo, pois seu renascimento deve se dar diariamente, pois a cada reinicio diário terá também as benesses de um maior conhecimento, pois a palavra de Orunmilá deve ser proferida por toda a Egbé, e não somente por uma só pessoa. Finalmente o Bàbálawo recebera seu IgbaOdu no tempo determinado por Ifá, quando então em posse de seu útero passará a ser reconhecido como um Oluwo, e poderá então dar prosseguimento ao seu destino de parir bons filhos do Ifá. É importante frisar que infelizmente aqueles que não seguem a firme doutrina de Iwa Pele que rege todos Bàbálawos, e se utilizam a vilania, acabam por tornar-se um "útero estéril" tornando-se o oposto do que era inicialmente seu destino, ou seja, uma aberração sacerdotal. Então tenhamos todos muito cuidado, pois uma atitude errada, bem como ego exagerado somente conseguirão clonar novas aberrações, que infelizmente darão continuidade a esta triste sina. Ifá é a verdade, a verdade é a luz do conhecimento verdadeiro, e quem vive na luz não deve se apressar. O tempo tem tempo, de tempo ser...




A RAIZ AFRICANA


1 – ILE IFA


2 – Ilu Aiye Odara


3 – Awon Babalawo

4 – Awon Orisa


5 – Imole Esu


1 – ILE IFA


A CASA DE ORUNMILA-IFA


Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos africanos sudaneses escravizados no Brasil.


Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.


Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da escravidão


E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.


Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez, que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas Entidades Sobrenaturais.


Então, como também deposito minha fé nos Orixás e tendo recebido em minha Iniciação o título de Babatunde ou um “Pai que retornou”, espelhando-me nos conhecimentos ensinados nos ese itan ifa ou “Versos dos Contos de Ifá”, os quais se constituem na Tradicão Oral Ancestral dos Awon Babalawo e que fazem parte de sua memória atávica por mais de 2.000 (dois mil) anos, vou discorrer aqui sobre a concepção da Ilu Aiye ou “Terra da Vida” ou “Casa de Ifá”, com toda fé nos Awon Orisa, mas também adaptando a Tradição Ancestral Africana ao entendimento das pessoas, tempo e lugar atuais.


Pois é isto que me confere a qualidade de Babalaô que sou nesta Nova Terra da Vida, o Brasil, sem que entretanto me esqueça da necessária e proverbial prudência que sempre foram apanágio dos Baba Li Awo para que não Ohun mi, ou seja, “não recaia sobre mim” a responsabilidade de haver porventura traído algum Ero ou “segredo” dos quais sou um dos guardiões.


Assim sendo, os nossos Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da bôca do mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois grandes planos:


1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além

2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida


Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a Criação do Mundo Natural.


Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou “Ser Existente”.


Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:


1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além


1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra


Os Ara Orun dividem-se em duas categorias principais:


1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou Seres Existentes no Além de Categoria Divina”, os quais estão associados à estrutura do Cosmo e da Natureza Terrestre;


1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou “Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres”, que estão ligados à estrutura da Sociedade


Vejamos agora quem são eles :


1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou “Seres Existentes no Além de Categoria Divina”.


Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole, entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do Branco” mas, isto significa muito mais que este número místico tinha a função de emprestar grandeza ao conceito de Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os Imole, são uma grande quantidade desconhecida.


Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional, nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana Sudanesa.


Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir, têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto, como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem os seus planos de existências diferenciadas.


Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África, a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos Umbandistas.

Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos, particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe” é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria, “assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos Orixás está na pedra.”-


O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas


1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres.


E no Mito da Criação do Mundo, como conseqüência da existência de Vida na Terra, apareceu a outra classe de criaturas Ara Orun da Religião dos Orixás : os Onile, de Oni (Senhor) + Ile (Terra), ou seja, os “Senhores da Terra”.


Os Onile ou “Senhores da Terra” ou, ainda melhor, os “Ancestrais”, aqueles entes falecidos que por suas ações passadas foram semi-divinizados por seus descendentes, sendo que, embora estejam no Além não são Divindades e estão ligados à estrutura da Sociedade.


Estes Senhores da aterra que tiveram as suas Ori Orun ou “Cabeça-no-Além” também criadas por OLORUN (Deus), puderam tornar-se em Ara Aiye ou “Seres da Terra” e sobre a Terra da Vida existir para consumar o seu Iwa ou sua “Existência” ou “Destino” com a própria Ori Inu ou “Cabeça-Interna” ou “Individualidade Terrestre”, para no seu Ol’ojo ou “Dia Marcado” retornar ao Além para acrescentar a seu Ara Orun ou “Duplo no Além” ou “matriz espiritual primordial”, todos os méritos ou deméritos de suas ações praticadas na Terra da Vida, adquirindo, dentro de condições especiais, após a primeira desencarnação, a qualidade de Onile ou “Ancestral”.


E é aqui que Orun e Aiye intercambiam-se ainda mais:


1.2 – Ara Aiye ou Seres da Terra


Assim sendo, ainda que seja perante OLORUN que cada Ara Orun e/ou Onile deva “ajoelhar-se” para pedir o seu novo Destino antes de reencarnar-se, sendo ÊLE o seu verdadeiro Eleda ou “Criador”, ao renascer na Terra da Vida o novo Ser Vivente tem o seu Destino controlado pelo Orisa Orunmila-Ifa, que através do Oráculo de Ifá dos Babalawos, com seus conselhos, exemplos, parábolas e “falas” conhecidas por Odu ou “Essência dos Fundamentos de Tradição Oral”, ajudam cada Ser Humano a bem consumar o Destino por ele próprio solicitado a OLORUN.


Assim, toda a Natureza criada por OLORUN é também a “Casa de Ifá” e todos os Seres Humanos são suas Omo ou “Crianças” e é por isso também que os fieis tratam os Babalawos por Baba ou “Pai”, ainda que Baba também possa se traduzir por “Senhor”.


Também é verdade que, neste processo de reincarnação, o Ser que deverá vir à Terra da Vida solicita ou aceita estar ligado a algum Imole Irunmole ou Imole Igbamole (ser masculino e ser feminino: qualidades humanas emprestadas aos Imoles), que também lhe “comunicarão” algumas qualidades de sua matéria primordial (Ase Funfun ou “do Branco”, Ase Dudu ou “do Preto” e Ase Pupo ou do “Vermelho”). Desta forma, na Terra-da-Vida, este novo Ser Vivente deve devotar-se a algum Irunmole (Entidade Espiritual Masculina) e/ou Igbamole (Entidade Espiritual Feminina) ou por ele/ela ser “possuído” no transe mediúnico.

Esta Entidade Espiritual comunicante com o novo Ser Vivente, depois de detectada e confirmada a sua influência pelos processos do Oráculo de Ifá, deve ser considerada como o “possuidor” da Ori Inu ou “Cabeça Interna”, ou seja, da nova “Personalidade Individual Terrestre” daquele novo Ser Humano e/ou Ancestral novamente encarnado, ou seja, o seu Oluware, portanto, e no máximo, o seu Oba Mi ou “Meu Senhor” ou Iya Mi ou “Minha Senhora”, pois que o seu verdadeiro Criador sempre foi, é e será Deus.


Assim, sempre por intermédio do Orisa Orunmila em sua Divinação Sagrada de Ifá, aqueles demais Awon Orisa podem ajudar ou cobrar do Ser Humano os compromissos com eles assumidos, de forma que ele possa bem consumar seu Destino ou corrigir os desvios que poderão levá-lo ao fracasso, mas sem jamais interferir no livre arbítrio de cada ser.


Foi sobretudo este relacionamento “pré-estabelecido no Além” com os Awon Imole ou “Seres Sobrenaturais de Categoria Divina” a parte da Teologia Iorubá que foi a mais lembradada pelos descendentes de seus féis escravizados e que levou à criação dos Candomblés de Nação Africana no Brasil para cultuá-los, assim como, foi o Culto aos Awon Onile ou “Ancestrais” a parte mais absorvida e praticada pela Umbanda do Brasil.


Entretanto, é somente o Ara Orun Imole Irunmole Oju Kotun Orisa Funfun Orunmula-Ifa que é o verdadeiro Arauto dos Desígnios Absolutos de Deus sobre o Destino de todos os Seres Terrestres, destino este que pode ser confirmado ou corrigido pela Divinação Sagrada de Ifá, para que cada “Criança” nascida na “Casa de Ifá” tenha condições espirituais de muito bem cumprir aquilo que ele próprio solicitou a Olorun no Além e, assim, poder apresentar-se novamente perante Êle em seu Ol’ojo ou “Dia Marcado” para retornar ao Além, acrescentando a seu Duplo no Além a Soma de seus sucessos ou fracassos em relação a seu Destino nesta Terra da Vida, já não tão Ilu Aiye Odara.


E esta é a verdadeira função da Divinação Sagrada de Ifá : fazer com que as “Crianças” de Orisa Orunmila-Ifa cresçam em méritos espirituais por conhecerem à si próprias e bem cumprir o seu próprio Destino livremente escolhido no Além perante Deus!


1 – ILE IFA


A CASA DE ORUNMILA-IFA


Ifá é um Sistema de Oráculo Sagrado originário da milenar cultura africana Iorubá e é parte integrante da religião naturalista que nos foi legada pelos descendentes dos povos africanos sudaneses escravizados no Brasil.


Enretanto, com o passar de mais de um século de sua chegada, miscigenou-se com anteriores conhecimentos espirituais Bantos e Angolenses aqui já aclimatados a mais de dois séculos, esta simbiose vindo a constituir-se em um dos Três Pilares Místicos sobre os quais ergueu-se a Umbanda do Brasil, à ela legando, dentre outros, dois elementos principais: o conceito dos Orixás e o Jogo dos Búzios.


Mas, foi só tardiamente, quando passadas as fases da escravização e colonizacão, que os estudiosos do esoterismo das religiões africanas reformuladas no Brasil deram-se conta de que, subjacente às graciosas e/ou confusas lendas dos escravos africanos, existiam uma Teogonia, uma Mística e uma Liturgia de grande alcance espiritual, cultural e social que haviam sustentado a fé dos descendentes daqueles povos, mesmo na tragédia da escravidão.


E foi assim que os estudiosos confirmaram que os Awon Babalawo ou os “muitos Senhores do Segredo” (título pelo qual os sacerdotes africanos eram conhecidos) sempre tiveram e ainda têm uma bela, firme e complexa visão própria da Existência Humana, na qual o Orun ou “Mundo Sobrenatural” está em estreita relação com o Aiye ou “Mundo Natural”, considerados complementares entre si e que se fundem completa, harmônica e belamente na Ilu Aiye ou “Terra da Vida”, ou seja, a própria Natureza Terrestre.


Desta forma, a Religião dos Orixás, além de viva e atuante, é também fruto da convivência mais que milenar de nossos ancestrais africanos com a Natureza ou, talvez, que o seu modo ver a Natureza fosse fruto de sua atávica convivência com as suas Entidades Sobrenaturais.


Então, como também deposito minha fé nos Orixás e tendo recebido em minha Iniciação o título de Babatunde ou um “Pai que retornou”, espelhando-me nos conhecimentos ensinados nos ese itan ifa ou “Versos dos Contos de Ifá”, os quais se constituem na Tradicão Oral Ancestral dos Awon Babalawo e que fazem parte de sua memória atávica por mais de 2.000 (dois mil) anos, vou discorrer aqui sobre a concepção da Ilu Aiye ou “Terra da Vida” ou “Casa de Ifá”, com toda fé nos Awon Orisa, mas também adaptando a Tradição Ancestral Africana ao entendimento das pessoas, tempo e lugar atuais.


Pois é isto que me confere a qualidade de Babalaô que sou nesta Nova Terra da Vida, o Brasil, sem que entretanto me esqueça da necessária e proverbial prudência que sempre foram apanágio dos Baba Li Awo para que não Ohun mi, ou seja, “não recaia sobre mim” a responsabilidade de haver porventura traído algum Ero ou “segredo” dos quais sou um dos guardiões.


Assim sendo, os nossos Awon Odu ou “Fundamentos da Tradicão Oral”, passados da bôca do mestre ao ouvido do discípuo,afirmam que a Existência transcorre em dois grandes planos:


1 – Orun ou Mundo Sobrenatural ou Além


2 – Aiye ou Mundo Natural ou Terra-da-Vida


Mas esses dois grandes planos de Existência não são assim tão distintos, pois os Versos dos Contos de Ifá contam que as Entidades Sobrenaturais já “viveram” sobre a Terra no Ode Aiye ou “Local Terrestre para as Divindades”, quando elas aqui vieram reger a Criação do Mundo Natural.


Além disso, esta tradição religiosa afirma que tudo o que existiu, existe ou existirá no Mundo Natural foi plasmado no Mundo Sobrenatural e lá tem o seu exato Duplo. Desta sorte, todos os Seres existentes são denominados por um só termo: Ara ou “Corpo” ou “Ser Existente”.


Estes Ara ou “Seres Existentes” podem ser, conforme as suas qualidades:


1.1 – Ara Orun ou Seres Existentes no Além


1.2 – Ara Aiye ou Seres Existentes na Terra


Os Ara Orun dividem-se em duas categorias principais:


1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou Seres Existentes no Além de Categoria Divina”, os quais estão associados à estrutura do Cosmo e da Natureza Terrestre;


1.1.2 – Os Ara Orun Onile ou “Seres Existentes no Além Ancestrais de Terrestres”, que estão ligados à estrutura da Sociedade


Vejamos agora quem são eles :


1.1.1 – Os Ara Orun Imole ou “Seres Existentes no Além de Categoria Divina”.


Os Versos dos Contos de Ifá falam com freqüência em 600 (seiscentos) Ara Orun Imole, entre os quais situam-se os Orisa ou “Imole Funfun” ou “do Branco” mas, isto significa muito mais que este número místico tinha a função de emprestar grandeza ao conceito de Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os Imole, são uma grande quantidade desconhecida.


Estes Versos deixam entrever que existem graduações de ordem, digamos, funcional, nesse grandioso conceito de Divindade, as quais se situam nos Meseesan Orun ou “Nove Além”, ou, melhor dizendo, os Nove Planos de Existência desta Tradicão Africana Sudanesa.


Todos estes Planos de Existência no Além, os quais seria fastidioso tentar aqui definir, têm a Ile ou “Terra”, como eixo central e comum de suas esferas de ação e, portanto, como ponto de passagem e de retorno para que todos os Ara por ela, a Terra, intercambiem os seus planos de existências diferenciadas.


Para isso, necessitam de um meio, quer ele seja os seus sacerdotes ou os seus Filhos de Santo ou, preferencialmente, seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos Origi ou “Montículo Sagrado” do Orisa Orunmila na Cidade Santa de Ile Ife em África, a Ilu Aiye Odara ou “Terra da Vida Feliz”. Este também é o caso, no Brasil, dos atuais Peji ou “Assentamentos” dos Candomblés de Nação Africana e dos Congás dos Umbandistas.


Daí a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos de pactos, particularmente em relação à guarda de segredos. Ki Ile Jeeri ou “que a Terra testemunhe” é a mais ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo o Assentamento de um Ôrixá deva ser baseado na Ota ou Pedra que lhe seja própria, “assentada”, consagrada e “alimentada” por seus fiéis e estes dizerem: -”A força dos Orixás está na pedra.”-


O que eqüivale a dizer-se: na “Terra” ou na “Natureza”! Portanto, como disse anteriormente, Terra e Além estão indissoluvelmente interligados em minha mente e daí também saber que todos os “Além” podem se intercambiar nesta Terra da Vida e que todos os Seres que nela existem, mesmo os inanimados, possuem Ase, a Centelha de Energia da Vontade Divina (Aba) que os criou e os faz existir (Iwa). Daí muitos desavisados tratarem os fiéis aos Orixás por “animistas”, misturando o conceito de Ase com o conceito de “alma” ou “espírito” de suas próprias filosofias religiosas.


Em primeiro lugar, os Babalawo não se vestiam, necessariamente, só de branco; podiam usar também o azul médio por questões puramente práticas: vestes desta cor sujam menos. E os Awoni, sendo aristocratas, desde muitos séculos atrás, talvez antes dos europeus, obtinham dos comerciantes árabes a seda multicolor, por ser esta muito leve e, se usada em vestes amplas, muito frescas no verão.


E no inverno, por motivos climáticos inversos, introduziu-se o tecido adamascado árabe e, depois, o veludo europeu. E, no início, estas vestes, mormente no verão africano, restringiam-se a um grande pano retangular, enrolado e preso à cintura, indo da mesma ao final das canelas.


Foi o relacionamento inicial com os povos negros já islamizados como os Fulbas, Peules e Haussás que introduziu o costume de usar vestes do tipo “cáftan” árabe, às quais se sobrepunham, para dignificação, mantos leves e esvoaçantes. Também a aculturação Islâmica promoveu a substituição dos tradicionais chapéus de palha finamente trançada em formato cônico, por gorros de seção cilíndrica ou turbantes, mas o uso de turbantes era privativo dos Awoni Babalawo.

Calçados, do tipo sandálias pesadas, só eram usadas em longas caminhadas por quase todos, mas a Islamização introduziu as “babuchas”, tipo de chinelo de couro tratado, sem salto, no estilo oriental, para os Omo Bíbi.


Vemos assim que, só pelas vestes, não era possível identificar-se um Babalawo, a não ser entre os mais aristocrátas e os demais mortais!


Então, olhava-se para as suas cabeças. Os Elegan tinham-nas obrigatoriamente raspadas; os Osu e Ôl’Odu deixavam crescer nas cabeças raspadas um tufo circular de cabelos, na parte lateral direita do crânio, tufo este aparado curto no caso dos Osu, mas que poderia ser longo e trançado no caso dos Ôl’Odu. Mas, somente os Awoni usavam neste Ôsù, o Ekódidé, ou seja, uma pena vermelha da cauda do papagaio cinzento africano.


Em seguida, podia-se visualizar os braços e o tórax dos Babalawo: todos eles, de qualquer categoria, usavam o Idê Ifá ou Bracelete de contas castanhas e verdes claras, atado no pulso esquerdo. Mas somente de um Ôl’Odu para cima, ou, se muito famoso, um Oluwo, ousava acrescentar a este bracelete uma Opala cor de rosa ou, se não tivesse recursos para isso, uma conta de cerâmica dessa mesma cor.


E, no pescoço, os Babalawo usavam cordões de pequeníssimas contas castanhas, torcidos juntos e com dez grandes contas verdes e brancas colocadas em espaços regulares. Os Awoni, se abastados, podiam ainda usar no pescoço um dispendioso colar de contas de coral vermelho. E, finalmente, cruzando o peito apoiado no ombro direito o Edigbá, um colar de longos cordões de contas especiais, feitas com seção transversal de caroços de Dendê ou ponta de chifre de gado.


Nas mãos, quando saiam para praticar a Divinação Sagrada, todos os Babalawo podiam usar o Ìrùkêrê, mas feito com longos pelos do rabo de vaca e com cabo de pouca espessura. Podiam, também, portar a Irofá ou Vareta Divinatória, com a qual se podia chamar a atenção do Orisa Orunmila para as aflições de seus consulentes, batendo-a de encontro ao Opon. E quando dois Awoni se encontravam nas ruas, cruzavam os seus Ìrùkêrê, com os respectivos cabos para baixo, saudando-se com a senha ritual de Ifá: -”Ogbêdù! Ogbomurin!”-


Além disso, os Babalawo, em ocasiões solenes, caminhavam em procissão apoiando-se nos seus Ôpá Orêrê, ou seja, em seus Cajados de Ferro, com pequenas sinetas cônicas, que retiniam cada vez que o cajado apoiava-se no solo.


Este cajado, quando não transportado, era cravado em pé, com muito cuidado, no solo do pátio da casa de seu dono e era a insígnia mais respeitada e temida dos Babalawo, não só por seus fiéis mas também por eles próprios. Recebia sacrifícios rituais junto aos Origi e acreditava-se ser ele a sentinela do sono dos Babalawo e, quando fincado ao solo, não podia cair sem sérios motivos que o derrubassem, pois neste caso, acreditava-se que seu dono já havia cumprido o seu Iwa e aproximar-se-ia o seu Ôl’ojó ou Dia Marcado, seu tempo aprazado para voltar ao Ôrun. Assim, quando da morte de um Babalawo, o seu Ôpá Orêrê era intencionalmente derrubado.


E quando se verificava que um Babalawo estava acompanhado de um Akopo, tornava-se evidente que se estava diante de um Babalawo Ôjúbona, um Mestre de Ensino. E esta função de Ogjubona era para um verdadeiro Babalawo, uma das suas funções mais importantes, já que outra das mais severas sanções que pesava sobre ele era o fato de que se ele não formasse, pelo menos, um Elegan ou aprendiz, a sua Ebikeji Ôrun ou Segunda Pessoa no Além, ou melhor, a sua Matriz Astral, não poderia achar descanso entre os seus Baba Âgbâ ou Antepassados.


Vê-se, assim, que o “status” de Babalawo não era uma sinecura e, muito menos, isento de trabalhos e riscos. A sua tarefa era difícil e patrulhada por severa regras de conduta que deveriam servir de base técnica e moral para a ação, pelo menos pública, dos atuais “Babalaôs”:


O Babalawo Awoni não podia:


- envolver-se com a mulher de outro, inclusive sua Apetebi ou Companheira Ritual;


- praticar Âjé ou Feitiço contra outro Awoni;


- conspirar contra os seus pares;


- abandonar outro Awoni que estivesse em dificuldades, sem tomar providências para que tudo ficasse em ordem com o necessitado;


- falar mal de outro, fora do âmbito de sua Confraria, mesmo o outro sendo culpado;

- divulgar o teor das discussões travadas em seus encontros formais na Confraria Oxôgboni ou Sociedade Secreta, mesmo que se tratasse de punições contra culpados ou desagravo de inocentes.


Estas regras aplicavam-se e aplicam-se a todos os Babalawo. E, como sou Babalawo em cuja Ori Inu ou “cabeça interna” ou “personalidade”, o Orisa Orunmila já “gritou”, acrescento à essas regras acima, outras duas vindas também da milenar sabedoria Yoruba e que eram aplicáveis à qualquer categoria de Babalawo:


Obé ti o mu ki gbé kuku ará ré


-”Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo .”-


-” Não se pode barganhar com as coisas de Ifá, como se faz com as coisas na praça do mercado .”-


O que equivale a dizer-se que nenhum Babalawo podia realizar a Divinação Sagrada em proveito próprio e/ou barganhar com o Destino dos fiéis dos Awon Orisa.


Foi por respeitarem e, principalmente, fazerem respeitar estas poucas regras básicas que essa linhagem de homens religiosos, os Babalawo, conseguiu estabelecer por mais de 1400 anos, em sua própria terra e entre seus próprios fiéis, uma reputação de dedicação e honestidade. E é um eminente etnógrafo e pesquisador ocidental, W. Bascon (1969) quem remarca este fato:


- “é significativo que nenhum dos divinadores de Ifé conquistou a reputação de cobrar em excesso.”-


Assim, foi em respeito à essa antiga, merecida e honrosa reputação, que eu escrevi, quase sempre, usando o tempo do verbo no passado, pois notícias recentes de viajantes e etnólogos radicados no território desses antigos Impérios (Nigéria, Benin, Daomey e Togo), demonstram que quase trezentos anos de “guerra, suor e lágrimas” desmantelou a estrutura sócio-religiosa-cultural daquele povo e muitos se esqueceram, não conheceram ou desobedeceram ao antigo provérbio Ulkumy-Nàgô:


-”Oye ti o ba wu eni ni ta Ifa eni pa”-


-”Qualquer que seja a soma que agrade alguém,


é aquela pela qual recebemos para jogar Ifá “-


Oduduá Oduduá é uma das divindades primordiais. Ela é considerada, ao lado de Obatalá como o casal primordial e propulsor da criação. Cada um foi incumbido de determinadas funções no papel da criação do Aiyê, o universo incluindo o mundo em que vivemos. O universo é visto dentro do culto aos Orixás como uma grande cabaça e esta cabaça é representada por Oduduá e Obatalá. Oduduá é considerada como a parte de baixo da cabaça e Obatalá é considerado como a parte de cima da cabaça.


O nome Oduduá pode ser traduzido como a cabaça de onde jorrou a vida. Muitos costumam se enganar e a afirmar que Oduduá seria um Orixá masculino ao invés de masculino, mas o que ocorre é uma confusão entre a divindade feminina Oduduá com o ancestral iorubano divinizado Oduduá, que na verdade é conseiderado em território africano como sendo uma forma humana da deusa Oduduá, ou seja, o guerreiro legendário e a deusa Oduduá seriam as mesmas pessoas. Esta é uma visão muito ampla no que concerne à essência divina mas isso é algo que vai muito além da capacidade de aceitação de algumas pessoas e sacerdotes.


O surgimento de Oduduá, bem como o de Obatalá, é muito interessante. Diz-se que involuntariamente nos primórdios da criação, quando a única coisa existente nos mundos era o Olorun, a grande energia primordial, Oduduá, a deusa, surgiu do corpo de Olorun, a grande energia primordial, assim como Obatalá e outra tantas divindades.


Foi Oduduá quem criou a terra e todo o universo como o conhecemos e, ao lado de Obatalá, possibilitou o surgimento da vida.


Em terceiro lugar, com a Eerupe ou “Lama”, mistura de Água e Terra, mas também vivificada por Seu Hálito e Centelha Divina (Fogo e Ar), Olorun criou o Imole Exú, o “Terceira Cabaça”, ou “Terceiro Ser Criado” ou ainda, o “Esu Ancestral”, o Imole da Dinamização, da Transformação e da Restituição, quer no Além ou quer na Terra-da-Vida e, portanto, portador de todas as Qualidades do Vermelho, do Preto e do Branco. O Imole Esu Agba é, portanto, o primeiro Ara Orun ou “Corpo do Além”, ou seja, a “Primeira Individualidade Espiritual” a ser criada com o concurso da Matéria combinada: Fogo (Centelha Divina), Ar (Hálito Divino), Água e Terra (Eerupe, a Lama). Sua qualidade de “Terceiro Ser Criado” o constituiu em Osije ou “Mensageiro Divino” com permissão expressa de se apresentar perante Olorun que somente receberá Oferendas se elas forem conduzidas por Imole Esu Osije.


Oduduá é uma Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Obatalá, embora seja, em princípio, sua irmã. "Iya Male” (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)


Orin Oduduá


Iya dakun gba wa o; – Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;


ki o to ni to mo; – olhai por nós, olhai por nossos filhos;


ogbebi l’Adó ! – Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!”


Ori. O Deus mais Poderoso ORI é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORI é o primeiro ORISA a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.


ORI em yorubá tem muitos significados – o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORI INU). Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.


Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz


“ORI LO NDA ENI


ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA


O NPA ORISA DA


ORISA LO PA NIDA


BI ISU WON SUN


AYÉ MA PA TEMI DA


KI ORI MI MA SE ORI


KI ORI MI MA GBA ABODI”


TRADUÇÃO


“ORI é o criador de todas as coisas


ORI é que faz tudo acontecer, antes da vida começar


É ORISA que pode mudar o homem


Ninguém consegue mudar ORISA


ORISA que muda a vida do homem como inhame assado


AYÉ*, não mude o meu destino


Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem


Que o meu ORI não me deixe ser desrespeitado por ninguém


Meu ORI, não aceite o mal.”


(* AYÉ – conjunto das forças do bem e do mal)


Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI: um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORI diz:


KORIKORI


Que com o àse do próprio ORI, O ORI vai sobreviver


KOROKORO


Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento…”


O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte – ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador – o EMI.


Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo.


Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência.


Essa combinação “química” definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA – símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular.


No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, “se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de cabeças individuais…”


Para os yorubás, o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos: Àrá, Ójìjì, Ókòn, Émì e Órì. Ara é o corpo físico. Ojiji é o fantasma humano, é a essência espiritual visível. Okan é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação. Emi está associado a respiração, é o sopro divino, quando uma pessoa morre diz-se que seu Emi partiu. Por fim o Ori, Ori é o Orixá pessoal, em toda a sua força e grandeza. Ori é o Primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da existência individualizada, a essência real do ser. é aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda a vida e após a morte, referenciado sua caminhada e a assistindo no cumprimento do seu destino. Ori em yorubá tem muitos significados, mas o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior ( Órì ínù ). Espiritualmente a cabeça como o ponto mais alto do corpo humano representa o Ori. Como Orixá pessoal do ser humano, Ori está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro Orixá, da mesma forma ele conhece mais do que qualquer um as necessidades de cada pessoa durante a vida.


O conceito de Ori está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do ser humano para a realização deste destino. Um Itã do Odu Ogundá Meji nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre o Ori e o ser humano.


"Ori eu te saúdo!


Aquele que é sábio, foi feito sábio pelo próprio Ori.


Aquele que é tolo, foi feito mais tolo que um pedaço de inhame, pelo próprio Ori."


Ori desempenha um papel importante para os seguidores de Ifá. Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do Orixá Ajalá. Um verso de Ifá explica esta questão:


"Você disse que foi apanhar seu Ori.


Você sabia onde Afuwape apanhou seu Ori?


Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.


Nós pegamos nossos Oris nos domínios de Ajalá,


Assim somente nossos destinos diferem."


Ajalá é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o Ori e o Odu determinam nossas vidas. Todo Ori, embora criado bom, está sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxos, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um Ori, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de uma pessoa a despeito de seus esforços para melhorar. Quando o Ori está bem, todo o ser está bem. O destino também pode ser afetado pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. Ori assim como todo Orixá se bem cultuado concede a proteção.


"Íwà ré l'Àyé yìí nì yoó dà ó léjo" ( Seu caráter, na Terra, preferirá sentenças contra você )


Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida.


"Énìyán kó fè érù fì ásó, Órì énì nì só nì" ( As pessoas não querem que você sobreviva, mas seu Ori trabalha para você )


Ori


O Ori é forte e é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que possa enfrentar, se mantém são. Esta é a razão pela qual o Bori, forma de louvação e de fortalecimento do Ori utilizada em nossa religião é frequentemente utilizado. Deste modo a pessoa tem maior facilidade para encontrar a força interior necessária para vencer.


IRETE - OFUN


"ATEFUN - apelido de Ifá sábio,


Adivinhava o oráculo às 401 divindades,


Estavam indo ao estado de perfeição,


O sábio de ORÍ "adivinhou" oráculo para ORÍ;


ORÍ estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ),


Mandou-lhe fazer sacrifício,


Somente ORÍ, o único quem fez,


O seu sacrifício foi abençoado,


Portanto ORÍ é maior que todas as divindades,

ORÍ é mais forte que as divindades,


Somente ORÍ chegou no estado de perfeição.


O iniciado sacrificou!


ORI é forte, mais que os òrìsà."


No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “… Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!…”.


É um oriki dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz:


“ORI MI


MO KE PE O O


ORI MI


A PE JE


ORI MI


WA JE MI O


KI NDI OLOWO O


KI NDI OLOLA


KI NDI ENI A PE SIN


LAYE


O, ORI MI


LORI A JIKI


ORI MI LORI A JI YO MO LAYE”


TRADUÇÃO


Meu ORI


Eu grito chamando por você


Meu ORI,


Me responda


Meu ORI,


Venha me atender


Para que eu seja uma pessoa rica e próspera


Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem


Oh, meu ORI!


A ser louvado pela manhã,


Que todos encontrem alegria comigo”


Toda existência no universo da Criação se processa em dois planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível, ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os “duplos” de tudo o que se encontra manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada, uma “projeção” da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN.


Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro “Alma Africana no Brasil: os iorubás”, “Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia, o universo africano é sem costura. (Erny, 1968:19) Universo de correspondências, analogias e interações, no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças.”


É necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os “elementos indispensáveis à existência individualizada”. Poderia ser representada por uma figura e sua imagem refletida no espelho – há plena identidade entre elas, uma é apenas a imagem invertida da outra.


Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida de que os ODU, quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se EJIOGBE MEJI como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, Louvando assim sua antiguidade e sua precedência efetiva.


Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma “modelagem” anterior no ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa existência em forma individualizada no AIYE.


Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes que formam a “realidade” individualizada de vida. A esses fragmentos particulares retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar.


Para qualquer Yorubà, a palavra ORI tem uso amplo. ORI em um primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo ou seja o Zénite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Òlórí", ORI é cabeça ou mente, cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é OLODÙMÀRÉ (SENHOR DO DESTINO).


No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:


1) A cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam como qualquer "X".


2) A cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes a saber: Cabeça Espiritual


APARÍ-INÚ (Cabeça espiritual interna) - ORÍ-ÀPÉRÉ (destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade de ORÍ.


ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ.


AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade (livre arbítrio) própria AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado . O destino ORÍ-APÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade proporcionou o Orí).


APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana.


Contudo Ori é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as outras divindades. Alimento para a Cabeça


Bori – alimentar o ori, é um ritual que tem por finalidade a restauração do equilíbrio entre ori ode e ori inu.Tendo ori status de orisa, responde no oráculo. Todas as oferendas que alimentam o ori são ditadas pelo oráculo - mas sempre com aquiescência do próprio ori - na qualidade e quantidade adequadas ao momento e situação. A energia de um orisa só é fixada se o ori permitir. Como todas as possibilidades de sucesso ou fracasso dependem do ori, o Bori é o rito especial que propicia a sua positividade. A sua finalidade é, através de manipulação do ase, proporcionar ao ori , como entidade regente do destino da pessoa, o ponto de equilíbrio ideal para a sua auto-realização.


Órì mì ó! Sé réré fun mì! ( Meu Ori! Se alegre comigo! )


Ori é a divindade mais poderosa de toda a existência, para se ter uma ideia da importância do Ori, um itã do Odu Oturá Meji, nos conta que Ori se perdeu na vinda do Orun para o Aiye, Ogun chamou Ori e perguntou-lhe. "Você não sabe que você é o mais velho entre os Orixás? Que você é o líder dos Orixás?" Sem receio podemos dizer, "Órì mì a bá bó kì a tó bó Órìsà" Ou seja, " Meu Ori que tem que ser cultuado antes que o Orixá" e temos um Oriki dedicado a Ori que nos fala que "Kó si Órìsà tì dá nigbé léyìn Órì énì" ( Não existe Orixá que apoie mais o homem do que o seu próprio Ori ).


"Órì búrúrkù kì í wù tuulù


À kì í dà ésè ásìwérée mó lójì-ónòn.


À kì í m'Órì ólóyé làwujó.


À dìá fùn Mobówù


Tì í sé óbìnrìn Ógùn.


Órì tì ó jóba lólà,


Énìkòn ó mó


Kì tókó-tayà ó mó pè'ràa wón nì wéré mó.


Órì tì í jóba lólà.


Énìkòn ó mó."


Tradução


"Uma pessoa de mau Ori não nasce com a cabeça diferente das outras.


Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua.


Uma pessoa que é líder não é diferente


E também é difícil de ser reconhecida.


É o que foi dito à Mobowu, esposa de Ogun, que foi consultar Ifá.


Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto,


Nem fisicamente, nem espiritualmente.


O motivo é que o Ori vai ser coroado


E ninguém sabe como será o futuro da pessoa."




A RESPEITO DO DESTINO HUMANO


Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORI desempenha na vida de cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação – na aceitação de que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal que ele traz na vinda do ORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que escolhe livremente o ORI com que vai vir para a terra.


ORI desempenha um papel importante para os seguidores de IFÁ.

Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos.

E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA IJALA MOPIN.

A esfera de ação de IJALA é junto a OLODUMARE e é ele que sanciona as escolhas de destino que fazemos.

 Essas escolhas são documentadas pelas divindades que chamamos de ALUDUNDUN.

Um verso de IFÁ explica esta questão: “


“Você disse que foi apanhar o seu ORI.


Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORI?


Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.


Nós pegamos nossos ORI nos domínios de IJALA,


Assim somente nossos destinos diferem”


IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o ORI e o ODU – signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida, como foi dito.

IJALA, embora notável em sua habilidade, não é muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente.




Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa jornada para a terra, sem prejuízos.

Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida.


Durante sua jornada para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno, poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda.

Todo o esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos desviada para reparar tais estragos.


Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas, tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar.


O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça.

Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente.

Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando.


Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio ORI foi boa ou má ?

Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou da cabeça de outrem ?


O Jogo divinatório de IFÁ possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do próprio ORI, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE que deve ser cultuado e conheça seus EWO – proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais


Muitas referências são feitas às relações entre ORI e o destino pessoal.

O destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI – pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN, AKUNLEGBA E AYANMO.


AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA – o que você gostaria especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você deseja.


AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses desejos.

Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante uma epidemia para garantir a morte dele ou dela.


AYANMO é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo) ou a família em que nascemos, por exemplo.


Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das circunstâncias.


Assim o destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI pode sofrer alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE – filhos do mundo, também chamadas AIYE – o mundo ou ainda, ELENINI – implacáveis (amargos, sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas.


Entre estes encontram-se as ÀJÉ – bruxas, os OSO – feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano.


Sacrifício e ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados destas maquinações maléficas imprevisíveis.


Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças.

Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.


O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições.


Como foi dito, nossos ORI espirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE – APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.


Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida.


O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.


Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção.

Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem.


IWA RE LAYE YII NI YOO DA O LEJO, ou seja, – “Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você”.


No ODU de OGBEOGUNDA, IFÁ diz:


“Um pilão realiza três funções


Ele tritura inhame


Ele tritura índigo


Ele é usado como uma tranca atrás da porta


Foi feito um jogo adivinhatório para Oriseku, Ori-Elemere e Afuwape


Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios de IJALA – MOPIN


Foi solicitado para eles que realizassem rituais


Somente Afuwape realizou os rituais que foram solicitados.


Ele, em consequência, tornou-se muito afortunado.


Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria seu ORI, eles teriam ido até lá para escolher os seus também.


Afuwape respondeu que, embora seus ORI fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam.”


A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bênçãos potenciais de seu destino para a efetiva realização.

Seus amigos Oriseku e Ori-Elemere falharam em mostrar bom caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso suas vidas sofreram as consequências.






O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILÁ, conhecido como ELERI-IPIN – o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação, conhecendo todos os ORI, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o cumprimento desse programa.


ORUNMILÁ conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar seus verdadeiros caminhos.

Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFÁ em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORI, entre cada homem e os desejos de seu ORI.

Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papel ORUNMILÁ tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORI.
E ORUNMILÁ, Ele mesmo, consulta IFÁ!


Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFÁ permite acesso a instruções a respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que não entram em desacordo com os propósitos do ORI.


O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORI (destino do ORI), amadurece para a morte e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do AIYE para o ORUN.


Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos mortos: ORUN RERE – o bom “céu”, habitado pelas divindades e ancestrais, e ORUN APAADI – o “céu” de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter.

Estes últimos ficam condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em sonhos e visões – morrem totalmente.


ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em alguma criança nascida no âmbito familiar.


A respeito do ORI, resta ainda lembrar que trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto. Se o ORI de um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser concedido nem por OLODUMARE, nem pelos ORISA.


Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de nosso caráter ou comportamento, então nosso ORI-APERE precisa ser apaziguado.


Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um alinhamento saudável.


Considera-se vital para todo homem recorrer a IFÁ, sistema divinatório de consulta a ORUNMILÁ, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou desagrada o próprio ORI. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades (entre as quais o próprio ORI)


IFÁ não apenas informa sobre os desejos divinos, mas também conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel: ajudar os ORI a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino.


Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza.


Se Você tem por hábito maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido materialmente.




ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ, L’EWÀ.


ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L’EWÀ, L’EWÀ, L’EWÀ.


OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó.


OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó.


E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ.


E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ.


IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ,


IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ.


Àjàlá que molda cabeças, deixe este Orì lindo, lindo, lindo.


Agradeço-te Deus, venha para esta Cabeça, eu te saúdo.


Eu saúdo o Sol, eu saúdo a Lua, eu saúdo a Chuva, Chuva que cai sobre a Terra.


Vc será uma Cabeça feliz, acorde feliz Orí.


ORI O ORI O


ORI MI O!


SE RERE FUN MI!


MEU ORI!


SE ALEGRE COMIGO!


Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: “… OGUN chamou ORI e perguntou-lhe, “Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?’…”.

Sem receio podemos dizer, “ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA”, ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA” e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que ” KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI”, significando, “… Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI…”.



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