CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

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terça-feira, 19 de março de 2013

Quando a vaidade cega a fé





Existem alguns assuntos chatos de serem tratados. 

Este é um desses. 

Este tema é dirigido aquelas pessoas que se chatearam com o Candomblé, que querem se aproximar ou que se afastaram.

Eu digo a essas pessoas. 

O orixá é muito maior do que tudo isso.

Esta religião é incrível. 

Digo isso não com emoção mas com razão. 

Sou uma pessoa que se interessa por religião e já conheci ou vivi algumas delas. 

Estou nesta por opção e não por falta de opção.

Poucas religiões oferecem uma teogonia rica e também uma filosofia de vida tão satisfatória. 

A riqueza da teogonia é uma coisa que atrai as pessoas, porque as impressiona, mas elas deveriam se preocupar com a filosofia.

Vou então fazer alguns comentário preciosos.

Vejam, muitos babalorixás são pessoas escolhidas por Orixá. 

Pessoas com vocação para a coisa, para lidar com pessoas e com a fé. 

Não falo aqui em erudição, esqueça isso, estou falando na capacidade humana de lidar com a diferença e com seres humanos. isso significa, paciência, tolerância e uma enorme atitude positiva. 

Poucos tem isso e muito poucos são os escolhidos.

Ser um sacerdote, de qualquer religião, não é uma coisa ligada a conhecimento. 

É ligada a vocação pessoal e designação divina. 

O Divino escolhe seus reais representantes. 

O escolhido terá que desenvolver o conhecimento sobre a religião, seus valores e sua moral. 

Mas, também é mais importante a capacidade de lidar com pessoas para transmitir isso.

Muita gente se declara Babalorixá ou Iyalorixá sem ter recebido isso do seu Orixá. 

Sim, entendam isso, o cargo de Babalorixá e Iyalorixá nesta religião, o chamado oye, é uma coisa que se recebe do divino, do Orixá. 

Não é uma coisa que que cada pessoa decida ter. 

Assim, aos montes, às centenas, pessoas se declararam como tendo um cargo que nunca receberam. 

Eles, apenas, foram atrás de quem os desse ou, igualmente pior,  simplesmente se declaram como tal, sem nenhuma base.

Esses são os piores enganadores. 

Porque não tem a capacidade de serem o que se declaram. 

Talvez, hoje em dia sejam a maioria.

O que estou dizendo é bem sério e vou dar informações complementares para que cada um entenda com quem se envolve.

A pessoa entra na religião como uma pessoa comum. 

Passa a frequentar uma casa e participar de eventos públicos. 

Com o passar do tempo ela se aproxima da casa e faz as primeiras liturgias de iniciação, se transformando em um Abian, um simpatizante e crente. 

As pessoas podem, ou melhor, deveriam se manter assim por muito tempo (anos).

Na minha visão 90% das pessoas poderiam ser Abian em uma casa por toda a sua vida.

O estágio seguinte é ser um iniciado, um feito, um Iyawo. 

Este é um passo muito sério e muito importante e que muda a vida da pessoa. 

Não representa um aprofundamento da relação da pessoas com a religião, representa, apenas, um aprofundamento da relação da pessoa com a casa que ela frequenta, porque assume responsabilidades e se sujeita a uma rígida estrutura hierárquica.

Um Iyawo NÃO é uma pessoa mais devota ou crente à sua religião do que um Abian. 

É somente uma pessoa que escolheu um caminho específico para sua vida.

O processo de iniciação não é um processo simples. 

Ele leva 7 anos no mínimo para ser concluído. 

O motivo disso é que ele apenas se encerra quando se cumpre um ciclo de obrigações que complementam a iniciação.

A Feitura é a primeira obrigação. 

Depois disso existe a obrigação de 1 ano, depois a de 3 anos e por fim a de 7 anos. 

Com essas 4 obrigações se completa o ciclo de feitura do iniciado (outras obrigações são eletivas e não obrigatórias). 

Durante esse tempo o Iyawo será uma pessoa de baixa hierarquia em uma casa de Orixá. 

Ele terá acesso gradativo ao conhecimento (bem gradativo) e terá muito pouca participação em liturgias. 

Um Iyawo é apenas um Abian que esta em processo de formação.

Mas o processo nem sempre se conclui em 7 anos. 

Aliás, nunca poderá ser concluído com menos de 7 anos. 

Devido a questões de calendário da casa, disponibilidade da pessoa em tempo e recursos financeiros, este ciclo de iniciação pode ser arrastar por muito mais anos. 

Mas, como eu disse, JAMAIS vai durar menos do que 7 anos.

Depois da última obrigação a pessoa troca de status na casa e passa a ser um Egbon, palavra Yoruba que significa um "mais velho". 

Só depois de ter alcançado este status é que a pessoa passará a ter acesso a conhecimento mais profundo da função sacerdotal. 

Isso se e somente se o Balaorixá ou Iyalorixá da casa se dispuser a ensiná-lo. 

De fato a formação de um sacerdote começa quando esta pessoa conclui o seu ciclo de iniciação com a obrigação de 7 anos, mas não tem data para ser concluída.

Muito mais do que teoria o Candomblé é feito de prática. 

Assim a pessoa vai levar muitos anos para poder aprender com a pratica de casos reais.

Durante todo o tempo em que a pessoa é um Iyawo o Babalorixá da casa poderá perceber se o Iyawo terá ou não o Oye de Babalorixá dado pelo seu Orixá. 

Isso é um conjunto de observações que vão da vontade da pessoa, da sua aptidão para aprender e lidar com pessoas a finalmente a disposição do seu Orixá em que ele possa ser um sacerdote.

Observe que o Oye é importante porque designa que a pessoa poderá ter poderes (axé) para ter uma casa só para si. 

A maioria esmagadora das pessoas chega a condição de Egbon sem receber isso. 

Contudo isso não é uma problema, essa pessoa vai ganhar um cargo na casa em que esta e seguirá a sua religião da mesma forma.

Porque religião é muito mais do que cargos. 

Religião é feita para tornar você uma pessoa melhor.

Uma casa grande é uma casa forte.

Observe que durante todo o ciclo de iniciação a pessoa esta ligada a casa e a pessoa que o iniciou. 

Este é um vínculo muito forte e não existe nesta religião a opção da pessoa simplesmente sair de uma casa para e ir para outra durante este ciclo. 

A pessoa pode se movimentar entre casas enquanto é Abian e depois que é Egbon. 

Durante o ciclo de iniciação a pessoa esta ligada a casa e não deve mudar isso.

Cada pessoa deve pensar muito bem antes de iniciar uma feitura. 

NÃO pode existir o caso da pessoa que vai a um jogo de búzios e sai dali com iniciação marcada. 

Menos de 6 meses depois a pessoas já esta passando por um feitura!!  

Isso é o primeiro erro capital que se comete, um erro para a vida toda.

NÃO existe isso na religião. 

Ninguém sai de uma mesa de jogo para uma iniciação.

Existem exceções, mas, uma iniciação é um processo de opção. 

Você vai escolher aquele caminho e também vai escolher a pessoa que irá iniciá-lo e a casa em que vai frequentar.

Você pode passar por muitas mesas de jogo antes de decidir fazer alguma coisa. 

Pode inclusive frequentar muitas casa durante muitos meses antes de tomar qualquer decisão. 

Anos e anos podem se passar antes de você decidir isso. 

Possivelmente você poderá tocar a sua vida como Abian passando apenas com Boris.

Se iniciar é uma decisão que deve partir de: entender o que isso significa para sua vida no sentido de o que aquilo vai adicionar em sua vida. 

Isto é o mais importante; quanto tempo vai ser envolver;  com quem esta se envolvendo.

Lembre-se de que, a questão de, com quem, é mais abrangente. 

Você deve avaliar a pessoa que o iniciará como também as demais pessoas da casa onde se iniciará. 

Você deve procurar um meio onde se sinta confortável.

O processo de iniciação é um processo longo e caro hoje em dia.

Explicado como é o processo de iniciação, podemos começar a entender a questão da vaidade nas casas.

A primeira questão, e mais simples de entender, é que existem por ai, aos milhares, pessoas que não tem o direito de serem Babalorixá e Iyalorixá. 

Sim, pessoas que não receberam esse direito e que se auto-declararam Babalorixá. 

A Vaidade delas é mais forte do que razão.

 Essas pessoas, quando percebem que não vão receber naquela casa ou daquela pessoa esse Oye e não vão ter espaço para aprender a sê-lo, elas simplesmente saem da casa, pulando de casa em casa até achar alguém de este Oye para ela. 

Normalmente isso será uma troca financeira.

Existe também uma prática de trocar de casas e até mesmo de nação.... durante o período de iniciação com o objetivo de esconder iniciações não feitas. 

A pessoa passa por tanto lugar que você perde a origem dela.

Mas a vaidade não tem limite e um dos casos mais comuns e pior é o de Pai de Santo de Umbanda que se acha o tal, e que decide que também vai ser de Candomblé. 

Mas veja, essa pessoas tem uma casa, é dirigente da sua casa, de Umbanda claro. 

Alguém acha que essa pessoa vai virar Iyawo e ficar 7 anos submetido a uma função de baixa hierarquia? 

Jamais.

Essas pessoas fazem apenas feitura e a obrigação de 1 ano, e somem da casa, se dizendo Babalorixá. 

Muitos nem se submetem  isso, apenas inventam que fizeram isso. 

Vão a uma casa em outra cidade ou estado, dão um Bori e voltam dizendo que foram feitas. Outras se dizem filhos de um Babalorixá que já morreu.

Também tem gente que toma a obrigação de 7 anos e abre uma casa. 


Veja, não dá para ser Babalorixá com 7 anos de feito. 

Você vai precisar de mais 7 para poder aprender a ser um.

A Vaidade faz essas pessoas passarem por princípios e sobre a ética para atingirem o status que querem.

Contudo, mesmo no grupo que recebeu isso por merecimento e direito temos o mesmo grave problema de vaidade.

Muitas delas são pessoas simples, mas que, quando chegam a essa posição passam a ter uma atenção ou um status que não tiveram antes. 

São bajuladas e se sentem muito importantes. 

Normalmente são mesmo, para aquelas pessoas que as querem bem.

Mas isto, a vaidade, as transforma. 

A reverencia e o tratamento que recebem na sua casa as fazem se sentir especiais. 

Dentro da casa delas, em uma função de candomblé elas são como reis ou como o próprio Orixá em terra - mas não são nada disso.

Cada vez mais essa vida de "glamour" as atrai e elas buscam então ficarem somente dedicadas para esta atividade, afinal, ali elas são tratadas como divindades e fora dos seus muros são pessoas comuns.

Depois elas começam a frequentar e convidar outras "divindades", claro! 

Ela trata um outro, como ela, de forma sublime e será também tratada por este como um superior. 

Assim  cria-se um circulo vicioso. 

Você tem que convidar e bajular para ser convidado e ser bajulado.

Tem que dar festas para ser convidado para festas!

Uma pessoa comum passa então a ser um Rei. 

Pior, gente, ele acredita mesmo nisso.

Imagine pessoas que são discriminadas na sociedade por opções sexuais normais ou mesmo esdrúxulas, por condição social e mesmo por falta de formação, dentro dos seus  muros e nos muros dos amigos, claro,  eles viram autoridades, com gente botando a cabeça no chão para eles.

Coloque neste contexto qualquer minoria ou maioria social, da no mesmo. 

Se, e somente se, o seu caráter não for muito superior ele irá se perder.

E o orixá? e a RELIGIÃO?  -   esqueça!

A satisfação pessoal e o glamour se tornam maiores. 

Mas, ela tem que ser mais importante, saber mais e falar mais complicado. 

Passam a inventar coisas.

A vida com Orixá não tem glamour. 

É de fato uma repetição. 

Os mesmos problemas com pessoas diferentes. 

Dar obrigação, fazer ebó, jogar, fazer orixá, etc...  

Será sempre isso, mas, não tem o que inventar. 

Esse é o objetivo, ajudar pessoas. 

O novo são as pessoas que se ajuda.

É muito duro ser um babalorixá. 

Não justifica a popularidade que isso tem. 

É popular porque as pessoas estão erradas no que fazem!

Tomem cuidado também com as pessoas despreparadas.

São pessoas que nunca receberam o cargo e nunca se prepararam para isso. 

Elas decidiram, vou ser Babalorixá (ou Iyalorixa, lembrem...). 

Essas pessoas nunca aprenderam como deveriam e o que deveriam.  

Nunca ficaram em uma casa de candomblé para aprenderem o suficiente. 

Nunca receberam os necessário fundamentos e obrigações.

São pessoas estranhas à religião.

Quando uma pessoa se diz Babalorixá e continua tocando para Umbanda, dá consulta com guia de Umbanda, recebe Exu e Pombo-gira, é porque não entendeu a religião que ele entrou. 

Ele não entendeu o que é Orixá ou nunca soube.

Uma pessoa de Candomblé de verdade não busca a Umbanda para resolver seus problemas pessoais ou financeiros, ela resolve isso com seu Orixá e Exu.


Também temos o caso das pessoa que transformam ou criam desde o início uma casa de comércio religioso. O candomblé é feito de obrigações e ebós, tudo cobrado,  quanto mais filhos de santo mais dinheiro se ganha.

Além disso existem os "crientes".

Quando o filho de santo - FDS - vira cliente, a coisa acabou. Jamais podem ser nivelados.

Uma casa de orixá não pode tratar FDS como se fosse cliente. 

Se você encontra ou esta em uma casa assim, esta perdendo o seu tempo.

Claro que as coisas dão trabalho no Candomblé e claro que muitas vezes uma comunidade resolve manter o seu Babalorixá, mas, existe uma diferença entre isso e uma pessoa que não tinha profissão e qualificação e resolveu ganhar a vida como Babalorixá.

A pessoa que faz isso como profissão, vai sempre querer um carro novo, uma viagem nova, uma roupa nova, etc...


O ultimo caso relevante das pessoas que perdem a Fé (ou nunca tiveram) são aquelas que se "cansam" de cuidar de Orixá e ai começam a inventar. 

Querem cuidar de egun, de Ajé, de cigano, de tarot, de kabalah, e sei lá mais do que.

Essas pessoas apenas PERDERAM a sua fé.

QUEM TEM FÉ EM ORIXÁ NÃO PRECISA DE MAIS NADA.

FONTE:http://blog.orunmila-ifa.com.br/2012/08/quando-vaidade-cega-fe-existem-alguns.html

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