quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sasanyin. Na Casa de Òsùmàrè


Sasanyin

Na Casa de Òsùmàrè, há uma particularidade singular nas obrigações denominadas Oro, que de forma veemente remete-nos à liturgia Yorùbá, seguindo o mesmo Modus Operandi da terra na qual o Culto aos Òrìsàs nasceu, evocando por meio de rezas, cânticos, Orikis e Ofós, todos os elementos que posteriormente serão utilizados.


Assim sendo, à exemplo do que ocorre na África, todas as substâncias chamadas transformadoras de Asè, basicamente elementos da natureza, como, por exemplo, as folhas, são evocados de maneira que seus poderes sejam “despertados” e potencializados, para que então possam ser utilizados. Esse ritual, de importância sem-par no culto aos Òrìsàs, denomina-se Sasanyin.


No Terreiro de Òsùmàrè, a Sasanyin precede a imolação. 


Os membros do egbe (comunidade), liderados pelo seu Sacerdote, entoam cânticos sagrados, objetivando emanar de cada elemento o seu poder mágico e, somente após terem sido devidamente consagrados e fortalecidos pela magia, são utilizados. 

Nesse âmbito, há uma infinidade de cantigas, que não somente enunciam o nome da folha em yòrúba e o seu poder, seja de cura, seja de transformação, mas também evocam os poderes da água, dos animais, etc.

Dessa forma, no Terreiro de Òsùmàrè, bem como na África, acredita-se que para sacralizar os objetos de culto, ou mesmo revitalizar os assentos dos Deuses com o sangue oriundo do reino animal, é necessário que antes, todos os demais elementos sejam “encantados”, por meio das Sasanyin. 


Essa ideia é fortalecida ao observar a cultura yorùbá, onde crê-se que antes de qualquer ritual, é necessário que todos os elementos sejam encantados por meio dos chamados ofo.

Na cultura yorùbá, os elementos sem encantamento são somente elementos comuns. Para conseguirmos extrair todos os poderes das folhas, elas deverão ser encantadas antes de serem manipuladas. 


O mesmo ocorre com os animais, com os Okuta (pedras) e tantas outras importantes sustâncias, como o mel, o azeite de dendê, Waji, Osun, etc.

Por essa razão, mantemos viva essa tradição da mesma forma como nossos antepassados faziam. 


Antes de usarmos, sejam as folhas, sejam os animais, nós os evocamos para que ele possam se comunicar com os Deuses.


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