Os antropólogos que estudaram a Africa ao longo do século passado e talvez o anterior se preocupavam muito mais com o aspecto da sociedade.
Eles não tinham formação ou a formulação religiosa como um fim, mas entendiam que não poderiam falar sobre o povo sem falar sobre a religião uma vez que uma coisa permeava a outra.
É como hoje em dia a gente estudar um pais mulçumano.
As dificuldades de comunicação e a preocupação dos africanos estudados em agradar aqueles que os pagavam levaram a respostas e interpretações equivocadas.
Assim os próprios yorubas foram em parte responsáveis pela visão que se criou da religião deles.
Posteriormente na medida em que africanos foram sendo educados na Europa e tiveram acesso as ciências humanas e sociais bem como ao que foi feito sobre eles, eles voltaram a africa para fazer os seus próprios estudos.
Idowu em seu livro "African Traditional Religion" fescreve 3 fases nos estudos sobre os africanos.
A primeira a da ignorância a segunda onde quem escreve já passa a respeitar que existe uma diferença cultural e que existe de fato uma cultura não conhecida mas comparável a deles no lado "nativo" e a terceira onde finalmente entram em cena os escritores africanos.
É claro que em vista da enorme fragmentação que existe na base de conhecimento sobre a religião africana existe muito pouco consenso.
Existem muitas verdades, existem mentiras que de tanto serem repetidas viram verdades e é claro existe a competição pela autoria do conhecimento.
Da mesma forma todos querem que sua verdade seja a certa.
Assim existe um grupo de autores teológicos que são muito questionados devido a sua origem cristã. São pessoas que se formaram padres e voltarem ao Continente para escrever sob sua religião natural.
Sobre eles temos que fazer algumas considerações.
Primeiro julgar todos eles devido a sua origem como sem credibilidade é apenas preconceito.
Mesmo aqui no Brasil, pessoas de origem pobre somente tinham no passado uma forma de estudar que era em colégios religiosos e até mesmo seguindo a carreira religiosa.
O acesso a educação de qualidade era praticamente impossível.
Da mesma forma eu considero que muitos africanos passaram pelo mesmo.
A sua educação somente foi possível ao se transformarem em pastores, quando tiveram a oportunidade de até mesmo se transformarem em acadêmicos.
Dessa forma é muito comum que uma pessoa para se dedicar a estudar uma religião sob o aspecto teológico tenha passado por uma educação cristã, mas isso não significa que o que eles escreva esteja comprometido ou não tenha valor.
O método de se fazer isso e o conteúdo revelam a intenção.
Se não for assim temos que considerar que todas as obras de antropólogos são inválidas ou questionáveis uma vez que somente se fizermos uma investigação detalhada da vida pessoal dele poderemos desvendar suas intenções.
Eu acho impossível ser assim e prefiro me ater ao conteúdo em si.
Isso esta longe de ser um comodismo, ou simplificação ou ingenuidade, mas, temos que sair do outro lado e para isso eu preto atenção ao conteúdo e é claro à comparação do conteúdo.
Em relação aos escritores estarem escrevendo repetindo os anteriores, ou seja, um escreve uma coisa e os seguintes re-escrevem o que este fez de forma que estamos tratando do mesmo conteúdo original equivocado e não da confirmação do conhecimento através de fontes diferentes, eu lembro que isso é uma pratica de todo mundo.
Todos usam a bibliografia como referência para não terem que refazer estudos e se alguém repete algo é porque concorda com aquela abordagem.
Assim, se formos considerar isso um equívoco temos então que jogar tudo o que existe fora.
No caso da cultura africana estamos diante de uma impossibilidade de re-estudo
em vista de que, a cultura original deles foi destruída pelo escravagismo, por eles não terem língua escrita, pela morte dos que sabiam, etc..
Assim em determinados momentos a única forma é crer nos registro que foram feitos porque refazê-los é impossível.
Assim mesmo essa questão bem simples, como, o que é o òrìṣà (orixá) que todo mundo deveria saber ou dizer se reverte ainda hoje de polêmica.
É claro que qualquer um que seja de uma casa de Candomblé sabe o que é um òrìṣà (orixá), porque ele o vê nascer, ele o sente, e ai esta manifestado o aspecto sentimental e devocional, essa é a parte fácil.
O que nos é difícil é discutir questões filosóficas e teológicas com nós mesmo e com outros e isso nos leva a sempre ficar isolados ou discutindo e rebatendo as mesmas coisas, que são o malefício, o sacrifício, etc..., questões menores porque não se discute o que é comum nas religiões que é a fé e o significado disso na nossa vida.
FONTE:http://blog.orunmila-ifa.com.br/2012/08/serao-os-orixa-orisa-elementos-da.html
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