quinta-feira, 21 de abril de 2011

* OGUM e “O Início do Mundo”


“O Início do Mundo



A sabedoria do culto africano nos ensina que cada ser humano carrega consigo a influência de um determinado Orisa, o que lhe proporciona características no seu perfil, na personalidade, e, por outro lado, os Odus conferem a ele o seu destino.

Seria interessante enfatizar o quanto, o verdadeiro conhecimento trazido da cultura africana é importante para que através dele possamos entender sua beleza e sabedoria. Apesar de muito antiga, esta cultura está presente no nosso dia-a-dia.

Eledunmare, sendo o ser supremo, no processo da criação determinou que na terra devesse haver evolução e progresso. Para tanto, a fim de completar o processo da criação enviou para a terra quatro divindades distintas, que dariam início à criação da humanidade:


Obàtalá – A divindade modeladora dos corpos humanos.


Esu – A divindade que proporcionaria o contato entre o homem e os Orisas, sem ele não há comunicação.


Ifá – A divindade que poderia, através de seus conhecimentos e sabedoria, conhecer e alterar o destino dos homens.


Ogun – A divindade que abriria caminhos na terra, tanto para a passagem dos deuses como para a passagem do próprio ser humano.


Quando aqui chegaram, as quatro divindades foram tomadas de grandes dificuldades, uma vez que a terra estava totalmente em estado primitivo, a selva era intensa e impedia sua exploração ou qualquer tentativa que pudesse facilitar a caminhada.


Determinados a cumprir seus propósitos, as divindades lançaram-se em inúmeras tentativas, mas não havia progresso. Obàtalá, Ifá e Esu não foram bem sucedidos, pois não tinham ferramentas fortes e apropriadas o bastante para romper as dificuldades, mas Ogum, com sua força, coragem e sua ferramenta primordial, o facão, abriu trilhas, cortou arvores para a passagem do homem, dando assim condições para que a terra fosse transformada e tivesse a possibilidade de ser habitada, além de ser o marco de início de evolução e progresso para toda a humanidade.


Para que ele fosse o detentor do poder do ferro e, portanto a divindade que proporcionaria aos seres humanos toda a evolução a partir dele, Ogum, por determinação de Ifá, o senhor dos destinos, foi aconselhado a fazer um ebo. Após a sua realização teria que esperar pela caída da primeira chuva, e depois sair à procura de um local que sofrera uma erosão. Neste mesmo lugar deveria procurar uma areia preta e fina, recolhê-la e queimá-la. Ciente dos procedimentos que deveriam ser feitos, Ogun, seguiu as instruções passadas por Ifá e, após a elaboração de seu ebo a chuva caiu como havia sido falado. Então andou a procura da região onde encontraria a areia. Seguindo as instruções, após colocar para cozinhar, notou com muita surpresa que esta em contato com o calor se tornava outro material, até então totalmente desconhecido por todos, nascia assim o ferro.


Após manipular esta mistura, ele forjou o ferro, criando a primeira ferramenta do mundo, o èmú, uma espécie de alicate, depois uma faca e um facão, objetos que são usados por rodos os tipos de ferreiros e que devem compor os assentamentos dedicados a este Orisa.


A partir de então, Ogun, confeccionava estas ferramentas e as comercializava ensinando a sua utilização. Por todos estes méritos, seu nome foi sendo espalhado, louvado e consagrado na terra. Isto nos ensina que a natureza divina é superior a tudo, mudando com suas forças a ação simplesmente humana.


Sendo Ogun um desbravador, seu desejo era o de abrir caminhos para que a civilização pudesse prosperar, estimulando com o comércio a integração entre os seres e fazendo com que saíssem da era primitiva para a formação de novas culturas, leis e tecnologias que propiciaram ao mundo chegar até os dias atuais, onde somos totalmente dependentes deste minério. Ele está presente dentro de nossas casas, no carro, em todas as máquinas que movimentam a humanidade, desde as forjas de grandes usinas até dentro das UTIs dos hospitais.


Portanto é necessário que nós entendamos a grandeza da influência deste Orisa, aquele que tem o poder da transformação. Corajoso, destemido e desprovido de egoísmo, pois tudo que criava, ele ensinava aos outros, mudando assim o destino da humanidade. Ele é o senhor da inteligência, que criou as coisas, básicas, impulsionou a evolução, a produção, o trabalho, o comércio na terra e a interligação entre os povos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário