CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

terça-feira, 30 de março de 2010

A SECRETA SOCIEDADE DAS BRUXAS AFRICANAS


Iyami - escultura de Carybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil





Arpia




















IYAMI OXORONGÁ - A Temível Força da Feminilidade


“Quando se pronuncia o nome de Yiá Mi Oxorongá, quem estiver sentado deve-se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência, pois se trata de temível Orixá, a quem se deve apreço e acatamento”.


Jorge Amado

















Iyà Mi Oxorongá é a grande representação do Poder Feminino no Awó (Culto) Africano, e, por herança do Candomblé afro-brasileiro.


Encontra o seu maior fundamento na capacidade de gestação da Vida que toda a mulher possui.

Por isso, toda a mulher é uma Iya Mi latente, esperando apenas o momento certo para nascer.

Esta divindade na verdade representa a colectividade ancestral feminina, pois é a síntese da Alma de todas as mulheres juntas.

Iya mi Agba, outro nome pelas quais elas podem ser referenciadas, significa Minhas Mães Ancestrais.


 Mais uma vez ratificando que esta poderosa divindade são as nossas queridas mães, vivas pela eternidade.

Algumas vezes é comum ouvirmos se referir a elas como “Minhas Mães Queridas”, que é apenas um artifício para aplacar-lhes a ira, pois o Poder Feminino destas Guardiãs do Segredo da Vida é Terrível! Mas por quê?




 
MÁSCARAS  GELEDE

 


Porque às mulheres cabe o poder de gerar, o poder que dá a Vida.

Portanto cabe às mulheres decidir se o rebento vai nascer ou não.

E mesmo quando nasce, cabe também, somente a elas, decidir se a criança vive ou não. Assim as Iya Mi (Minhas Mães) são as Senhoras da Vida, mas também, as Senhoras da Morte, que é o corolário da Vida.




Todo o ser vivo deve sua Vida à Iyá Mi, pois deve sua Vida à sua Mãe.

O Poder pertence às mulheres, afinal: “A mão que balança o berço, é a mão que governa o Mundo”. Não é por acaso que as Iya Mi são tabu na Religião, assim como a Mulher é tabu em todas as sociedades.

Porque o poder pertence a elas.











ODUDUA – A Primeira Iyá Mi


ODUDUA, PRINCÍPIO FEMININO DA EXISTÊNCIA

 

 









ODUDUA,  SENHORA DA CRIAÇÃO

 






Quando Olórum (Deus) mandou criar o Aiyé (Plano Manifesto –Plano Material) enviou como seus emissários: Ogún, Obarixá (Oxalá) e Odudua. Destes três, Odudua era a única mulher.

À Ogún, Olórum (Deus) deu a ele a espada para abrir qualquer caminho, qualquer possibilidade para atingir o que se desejasse. Conferiu a ele o poder da sobrevivência e do progresso.




À Obarixá conferiu o Poder da Criação e o saco da Criação de onde tiraria o que desejasse, tinha o poder do Axé (Força de Realização).

E então, Odudua, preocupada com a sua posição diante dos irmãos, voltou e foi suplicar com o Pai: “Olórum meu Pai, conferiste a maior parte dos poderes aos meus irmãos, e ambos são homens, ficarei eu eternamente subjugada a eles que dos três sou a mais frágil?” E Olórum respondeu: “Minha querida filha, voltastes para vir ter comigo, ao seu sinal de confiança em meu amor, dar-te-ei o maior de todos os poderes.


” E deu à Odudua o famoso pássaro de Olórum, Aragamago.

Odudua espantou-se com tão generosa oferta. Pois era todo o poder da Vida, era a Força do Axé, sem ele, nada se faria, nada se cumpriria.

 E completou Olórum: “Tens o poder do pássaro, tudo que Ogún e Obarixá quiserem fazer no Aiyé, terão de vir até si. Sem o seu consentimento, nada se realizará.

Fica então decretado que tudo o que o homem quiser realizar deverá ter o apoio da mulher”.




 E então indagou-a: “Odudua, como usarás este formidável poder?”, e ela respondeu:”

Aquele que me reverenciar e me pedir uma dádiva, eu dá-la-ei.

Mas se esquecer-se de mim, ou demonstrar ingratidão, eu retirarei.

Se me pedir um filho, ou dinheiro, eu dar-lhe-ei, mas se esquecer-se de mim, e minha lei não seguir, eu o tomarei de volta”.


E assim Olórum disse-lhe: “Está concedido a ti o poder minha filha, mas use-o com sabedoria, se abusares de seu poder, ficarás sem ele”.


E assim Odudua retirou-se da presença de Olórum e retornou ao Aiyé, como a mais poderosa dos três e tornou-se a Primeira Iyá Mi Agbá , nossa primeira Mãe Ancestral.












O Poder de Iya Mi reside na posse do pássaro, sendo o primeiro e mais poderoso o Aragamago de Odudua, a Primeira Iya Mi, do qual descendem todos os outros pássaros que conferem poder e título às demais Iyá Mi.

Desta maneira, outro nome pelo qual as Iyá Mi são reverenciadas, e é o nome que se tem maior preferência em chamá-las, pois é o menos perigoso em invocação destas Arcanas Senhoras, seria de Eleyé, ou Senhoras Possuidoras de Pássaros.




Porque toda a Iya Mi, para ser Iyá Mi, necessita ter um pássaro na cabaça, que é a Fonte de todo o seu Poder.

Uma mulher que é iniciada na socidade Geledé, sociedade das Iya Mi, ou das Iyá Ajé – Mães Feiticeiras, ganha após todos os actos de iniciação e promessa de segredo dos preceitos desta sociedade, uma cabaça, contendo dentro todo o poder do pássaro.



 Cabaça esta que ela deverá esconder, e somente abrir quando quiser enviar o seu pássaro em uma missão. A Cabaça representa o ventre, e o Pássaro, o poder gerador, ou destruidor.





As Festas da Sociedade Geledé, em África são comemoradas entre os meses de Março e Maio, pois é um pouco antes da estação das chuvas, representando mais uma vez um culto de fertilidade. Pois toda a Vida na Terra depende do Poder das Iyá Mi.


Um Terrível Poder ou Uma Dádiva Divina?




Muito Poder também é Muita Responsabilidade.

Odudua foi a primeira Iyá Agbá, mas perdeu o seu poder devido aos abusos que cometeu.

Seu poder teve de se sujeitar à Obarixá, graças aos conselhos de Orunmilá (Orixá do Oráculo – Escrivão de Olórum).

Pois senão a Existência estaria seriamente comprometida.

Assim, o Poder Feminino necessitaria de equilibrar-se com o Poder Masculino para que a Criação seguisse seu Caminho tranquilamente.


 Desta forma, Orunmilá, o fiel escrivão de Olórum (Deus), que também é o Senhor da Sabedoria e do Oráculo, casou-se com Odudua, irmã de Oxalá, e garantiu assim, através da fecundação de Odudua, a Garantia da Existência.

Neste Itán (Lenda Sagrada do Livro de Ifá [o Oráculo]) fica entendido que o Poder do Feminino é Supremo no Aiyé (Plano Material), mas deve ser usado com total responsabilidade, caso o contrário a Iyá Mi sujeita-se a perder o poder, por intervenção de Orunmilá, e de seu sacerdotes, os Babalawós.


As Conferências Noturnas:


O Poder de Iyá Mi está vinculado e mais fortalecido à noite, pois sua Força nasceu no Odú Oyekú Meji, que governa a noite.

E está representado na Coruja, que rasga à noite, carregando em si, a Força temível de Iyá Mi Oxorongá.


Oxorongá que na África é um pássaro cujo o grito aterrador onomatopaico invoca as Iyá Mi.

Quando se depara com este pássaro, ou a coruja, a voar espalmado à noite se grita: “Fo,Fo, Fo!” (Voe,voe, voe!) e cobre-se a cabeça, para que ela não pouse sobre ela e traga a Morte.

Pois acredita-se que este pássaro pode carregar a Morte ao voar à noite.




O poder das Iyá Mi também está associado às fogueiras, pois Iyá Mi desceu à Terra através do Odú Osá, que rege o fogo noturno das fogueiras que iluminam as conferências das feiticeiras.

Conferências estas que podem ser usadas para perseguir as pobres víctimas das Ajé (Feiticeiras), que podem amaldiçoar e mandar seus pássaros a buscar o sangue e a Vida de suas víctimas.

O Poder de Iyá Mi pode ser terrível, pois é a Senhora da Vida, e também da Morte. Somente Orunmilá pode salvar as víctimas de Iyá Mi Ajé.


As Conferências Diurnas:


O Poder de Iyá Mi pode ser também uma grande Dádiva, pois à mulher cabe o Poder para o Milagre aqui na Terra, pois Deus, ouve as mulheres.

As maiores representantes do Poder Benfazejo das Iyá Mi são as Obirinxás (Orixás femininos): Oxum, sua rainha, a Senhora da Fertilidade, das Águas doces, do Amor e da Beleza, e a doce Mãe do Ouro e do Mel. Obá, a Guardiã da sociedade Geledé, a guerreira das causas de Amor e de Injustiça. Oyá, ou Iyansan, a Senhora do Vento e dos Espíritos, Deusa da Paixão e Patrona do Movimento Feminista.

Iyemanjá, a Senhora das Águas de onde surgiu a Vida, Patrona da Família e Mãe do Parto e de todas as cabeças, e muitas outras Obirinxás fabulosas.

Como podemos ver, sem água, sem fertilidade, sem as bênçãos de nossas mães é impossível a Vida e impraticável o Plano Divino de Olórum no Aiyé.

Dessa forma, cabe o poder à mulher, e seu poder gerador de milagres, pois, se a Vida é um Milagre, e a mulher é capaz de gerá-lo, também todo e qualquer Milagre Iyá Mi é capaz de gerar.

Com a Graça da Mãe Maior – Odudua, esposa de Orunmilá e filha dileta de Olórum.


Apogeu, declínio e retomada!


O Poder Feminino teve seu Apogeu e declínio nos relatos do Itáns (Lendas Sagradas do Livro de Ifá [o Oráculo]), e também historicamente, o apogeu do Poder Feminino foi na passagem do Homem Caçador/Coletador ao Homem Agricultor, quando começou a fundar as primeiras sociedades hieráticas que resultaram nas primeiras nações.

Ou seja, as primeiras nações nasceram do Poder Feminino.

Mas, o abuso do poder também resultou na retomada pela Sociedade Patriarcal, que ficou se digladiando com o Poder Feminino, trazendo imenso prejuízo a toda a Humanidade, homens e mulheres.


Hoje, estamos diante de uma Evolução Epistemológica, as mulheres conquistam cada vez mais direitos, à base de muito sacrifício e luta.

Não podemos esquecer porque o dia 08 de Março foi escolhido para ser O Dia Internacional da Mulher: no dia 08 de Março de 1857, funcionárias de uma fábrica Têxtil de Nova York, nos EUA, resolveram reivindicar melhores condições de trabalho e salários equiparados a dos homens.

A resposta foi violenta, prenderam estas mulheres no interior da fábrica e incendiaram-na, centenas de mulheres morreram carbonizadas.

Em homenagem à bravura destas mulheres, foi consagrado o dia 08 de Março para lembrar o compromisso de todas as mulheres e do Mundo com a Igualdade de Direitos.




Lembrar e respeitar este dia, é uma forma de homenagear estas mulheres e conseqüentemente cultuar estas que já fazem parte da Sociedade Geledé das Iyá Mi.

Defender este direito de Igualdade entre toda a Humanidade é requisito mínimo para um estatuto de Humanidade.

Somente na União do Poder Feminino e do Masculino a Criação foi possível, somente na União e na Igualdade poderemos concluir o Caminho prescrito por nosso Sagrado Pai Universal – Olórum ( Deus).

A União entre a Deusa e o Deus, entre homens e mulheres.

Somente Odudua pode abraçar a semente de Obarixá para que a Luz se faça!


segunda-feira, 29 de março de 2010

OS 7 PECADOS CAPITAIS

No cristianismo temos os setes pecados capitais, no candomblé temos os Ajés que são necessários para por a prova  nossa capacidade em identificar,  resistir,  controlar e anular esses Egos que engarrafam o nosso EU SUPERIOR (  NOSSO ORIXÁ )





OS NOSSOS EGO
 OU
NOSSOS AJÉS NOS DEVORANDO !

7 PECADOS...


A Esfinge de Gizé:  
Decifra-me ou te devorarei !

Essa frase faz referências aos Egos que estão soltos e indomáveis dentro de todos nós, o corpo de animal significa os Egos que a todo momento põe em prova os humanos pelo pecados capitais, que no Candomblé são os Ajés.

A cabeça humana é uma referência ao auto-controle dos nossos desejos, significa o EU SUPERIOR.  

Uma porção mínima dentro de nós, lutando a toda hora com os nossos Egos, o controle dos nossos Egos é o caminho da elevação  e vibração Dimencional Superior.



PREGUIÇA

PREGUIÇA
Preguiça (pecado)


A Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos Sete Pecados Capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada.

Aversão ao trabalho, freqüentemente associada ao ócio, vadiagem.


Na Bíblia Sagrada não há registro destes 7 Pecados, no entanto traz várias orientações para evitar a preguiça, principalmente no livro de Provérbios.

SOBERBA ( ORGULHO)

SOBERBA

Para a Igreja Católica, a soberba é um dos sete pecados capitais, sendo o mesmo pecado associado à orgulho excessivo, arrogância e vaidade.


Em paralelo, segundo o filósofo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial.

Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo ser então estudados e tratados conjuntamente.